Gosto da casa onde moro. Diz-se apartamento, não é? T3, espaçoso, sossegado, com história e muita luz. Claro que tem os seus quês (M. diz que passo a vida a queixar-me deles) mas, caramba, é um belo apartamento e, com uns toques, ficará ainda melhor! Não estou a pensar em ser-lhe infiel mas, às vezes – não consigo evitar! – fico a pensar em que é que a minha vida seria diferente se morasse numa outra casa. Por exemplo, nesta.
Quer dizer, bem sei que somos nós que fazemos as casas onde moramos mas não será possível que elas nos sintonizem os humores?
("Y" House, Catskill Mountains, New York, USA - projecto de Steven Holl) Lembro-me de, em pequeno, ler livros de astrologia que diziam ser o Caranguejo um tipo caseiro, prezando muito a família e o seu ninho. Olho por cima do ombro e conto as casas por onde passei, desde que abandonei o ninho paterno: vou na sétima. Penso que está na altura de criar algumas raízes e regresso a uns versos de Fernando Guimarães, que anotei num pequeno caderno, há poucos anos.
“As árvores crescem agora mais depressa.
Procuram os seus frutos.”
E essa memória traz de volta outra, feita com palavras de José Tolentino Mendonça
“As casas percebem
antes de nós
que nos tornamos felizes”
Nota: encontrei as imagens da casa aqui, onde também anotei o pertinente comentário sobre alguma falta de ousadia dos arquitectos portugueses. Claro que isto não é a Amérika mas...
1 comentário:
Casa bestial ... digo eu ...
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