4.6.07

Segue a viagem

A ponte é um lugar de passagem, como quase todos. Alguns apagam-se do mapa, inundados pelas águas de uma albufeira, arrasados por uma explosão, terraplanados. Outros esvaziam-se de vida mas ficam cheios de sombras e memórias. Aqui fica um ano e picos. Foi o que foi. Do bom e do menos bom. Alguns encontros, reencontros, pistas, desabafos, versos, reversos, bandas sonoras e janelas. Segue a viagem. Um abraço largo para quem se foi sentando à volta da mesa.

(Jota, Lp, PB)

3.6.07

1.6.07

Blur : Coffe and TV

Sigur Rós : Glosoli, Reykjavík concert

Godspeed You Black Emporer : The Dead Flag Blues

Slowdive : Ballad Of Sister Sue

M83 - America

M83 - Safe

Franz Ferdinand : Walk Away

Franz Ferdinand : Take me out

Interpol : Evil

Interpol : The New

Interpol : Obstacle 1

Interpol : Cmere

Interpol : Slow hands

Últimos poemas*

1. Prazo de validade

(cf. Sá de Miranda)

Consumar o poema
pois o sol é grande,
de preferência antes
que co' a alma caiam
as aves, tudo arda.


***


2. Política de saúde pública

Conservar o coração
ao abrigo da luz & das trevas,
em local fresco, bem arejado,
totalmente fora do poema,
só ao alcance da visão
nocturna das crianças.



*Do livro inacabado Transportes Púbicos.


(Foi um prazer).

31.5.07

Diz Construção

(últimos episódios)

1 poema de W.H. Auden


O Cidadão Desconhecido

(A JS/07/M/378 o Estado ergueu este Monumento de Mármore)

Segundo apurou o Instituto de Estatística
Contra ele nunca existiu qualquer queixa oficial,
E todos os relatórios sobre a sua conduta confirmam:
No moderno sentido de uma palavra velha, ele era um santo,
Pois em tudo o que fez serviu a Grande Comunidade.
Com excepção da Guerra e até ao dia da reforma,
Trabalhou numa fábrica e nunca foi despedido;
Sempre satisfez os seus patrões, Máquinas Fraude, Lt.dª.
Mas não era fura-greves nem tinha opiniões estranhas,
Pois o Sindicato informa que sempre pagou as quotas
(E o seu Sindicato tem a nossa confiança),
E o nosso pessoal de Psicologia Social descobriu
Que ele era popular entre os colegas e gostava de um copo.
A Imprensa não duvida de que comprava um jornal por dia
E que as reacções à publicidade eram cem por cento normais.
Apólices tiradas em seu nome provam que tinha todos os seguros,
E o Boletim de Saúde mostra que esteve uma vez no hospital e saiu curado.
Tanto o Gabinete de Estudo dos Produtores como o da Qualidade de Vida declaram
Que estava plenamente sensibilizado para as vantagens da Compra a Prestações
E tinha tudo o que é preciso ao Homem Moderno:
Um gira-discos, um rádio, um carro e um frigorífico.
Os nossos inquiridores da Opinião Pública alegram-se
Por ter as opiniões certas para a época do ano;
Quando havia paz, ele era pela paz, quando havia guerra, ele ia,
Era casado e aumentou com cinco filhos a população,
O que, diz o nosso Eugenista, era o número certo para um pai da sua geração,
E os nossos professores informam que nunca interferiu com a sua educação.
Era livre? Era feliz? A pergunta é absurda:
Se algo estivesse errado, com certeza teríamos sabido.

(1939)

Sobre W.H. Auden.

(Tradução de João Ferreira Duarte, in Leituras: poemas do inglês, Relógio D'Água, Lisboa, 1993, pp. 19-20).

30.5.07

Outro poema*

Obras no metro

Pedimos desculpa,
senhores passageiros.
Prometemos ser breves.
Todos. Sob a terra.


*Transportes Púbicos, livro, blá...

1 poema*

Terminal


Fora de serviço.
Mantenha a calma.
Dirija-se ao poema
automático mais próximo.


*Do livro Transportes Púbicos (etc.)

A treta do costume ...

80%
12,8%
... afinal em que é que ficamos?????
Já era altura de se acabar com esta guerrinha
de números completamente imbecil ...