31.5.06

O(s) Segredo(s) de Notting Hill


Uma mini-série, baseada num romance premiado, sobre o meio conservador inglês do tempo da "Dama de Ferro" e da Guerra das Falklands. Para maiores de 18 anos. Sexo (sobretudo, homossexual), drogas (sobretudo, cocaína) e pouco rock-and-roll. São os princípios dos anos 80 em Londres, e a banda sonora faz-se, essencialmente, de excertos pop neo-românticos: New Order, Duran Duran, Classic Nouveau, Human League, entre outros, davam cartas e marcavam o ritmo do momento. Referências cultas a Henry James ou ao mobiliário setecentista servem para dar um toque sofisticadamente british ao ambiente. Mas há uma espécie de capa de verniz que pode quebrar-se a qualquer instante, para deixar emergir a loucura ou a decadência (a rapariga suicida, o político racista e execrável, a doença misteriosa de Pete...). O primeiro episódio, esta noite, foi muito interessante. Fico à espera dos dois que se seguem. Na 2:.

Cartas Ao Director: Esta é a Questão!

Conhecem a velha estratégia de fazer muito barulho num certo sítio para desviar atenções e atacar a fundo, forte e feio, onde de facto interessa? Não é nenhuma teoria da conspiração; é apenas ver um pouco para além das cortinas de palavras e de fumos. Lança-se o isco, o peixe morde-o. De seguida, entretido que está a morder onde se deseja, pode-se filá-lo em pleno coração. Vem em todos os manuais de guerra, não é, PB? A questão da avaliação dos professores pelos pais é o isco que todos mordemos, mas a questão central é outra: restringir ao máximo a progressão profissional dos professores. Vem tudo explicado pela leitora Elvira Tristão, numa "Carta ao Director" do Público (edição de hoje, p. 5): "A proposta de avaliação dos professores pelos pais só (...) serve para afastar as atenções das verdadeiras alterações no estatuto" da carreira dos professores. Um tiro no porta-aviões!

"Sem olhos e sem boca"

Migro – quer dizer, vou migrando, porque a sala é ao lado e a tv continua ligada, com gargalhadas, a espaços, de M. – do Zambujal, Mário, 70 anos, muitas memórias dos malandros e da rtp malandra e – não esquecer, não esquecer (a ASD não se esquece!) do Pão com Manteiga da rádio -, em galanteios, na 2:, com Ana Sousa Dias de cara lavada depois da gripe Marcelo, para Belo, Ruy, Todos os Poemas II.

(Complexo, hein, este parágrafo?! raio de sinalética d’escrita! agora o que importa:)


LUGAR ONDE

Neste país sem olhos e sem boca
hábito dos rios castanheiros costumados
país palavra húmida e translúcida
palavra tensa e densa com certa espessura
(pátria, de palavra apenas tem a superfície)
os comboios são mansos têm dorsos alvos
engolem povoados limpamente
tiram gente de aqui põem-na ali
retalham os campos congregam-se
dividem-se nas várias direcções
e os homens dão-lhes boas digestões:
cordeiros de metal ou talvez grilos
que a mãe aperta ao peito os filhos ao ouvi-los?
Neste país do espaço raso do silêncio e solidão
solidão da vidraça solidão da chuva
país natal dos barcos e do mar
do preto como cor profissional
dos templos onde a devoção se multiplica em luzes
do natal que há no mar da póvoa de varzim
país do sino objecto inútil
única coisa a mais sobre estes dias
Aqui é que eu coisa feita de dias única razão
vou polindo o poema sensação de segurança
com a saúde de um grilo ao sol
combalido tirito imito a dor
de se poder estar só e haver casas
cuidados mastigados coisas sérias
o bafo sobre o aço como vento na água
País poema homem
matéria para mais esquecimento
do fundo deste dia solitário e triste
após as sucessivas quebras de calor
antes da morte pequenina celular e muito pessoal
natural como descer da camioneta ao fim da rua
neste país sem olhos e sem boca

Ruy Belo

30.5.06

Do Estado de Choque ao Estado do Sítio (algumas notas a quente sobre uma reportagem e um debate televisivos)

1) Em primeiro lugar: solidariedade total com os professores e as direcções das escolas que aceitaram as filmagens. Mostraram coragem, mas, claro, também desespero perante uma situação que não conseguiram resolver. Ir à ou deixar entrar a televisão é a prova de que já recorreram a todas as portas (especialmente, as do Ministério), mas não obtiveram a resposta adequada, nem o apoio necessário. Resolveram gritar por socorro? Alguém pode atirar a primeira pedra? Notei que o senhor secretário de estado não teve uma palavra para apoiar os professores agredidos e violentados na sua dignidade pessoal e profissional que, todos os dias, recebem aqueles alunos. Nem uma só palavra. Mas falou muito da escola como organização.
2) Não vou discutir a ética jornalística da reportagem. Os apoiantes declarados do governo & outros colunistas tratarão do assunto. Mas reconheço que haverá muito para discutir. Desde logo, o facto de as turmas serem filmadas sem o saberem. Ao contrário dos professores que, obviamente, na posse desse saber, agem de forma, parece-me evidente, menos natural do que agiriam se não se soubessem filmados. Para além do medo declarado e assumido, talvez isto explique, em parte, algo que é notório (e aflitivo) nas imagens: os professores procuram interagir o menos possível com os alunos que praticam actos absolutamente inaceitáveis de indisciplina e violência. O facto é que as imagens existem: e contra elas não há discurso político de relativização que se aguente. O incómodo do senhor secretário de estado foi tão eloquente como as próprias imagens. Mostrou surpresa mas soube, desde logo, identificar a escola em causa. E não desfez uma contradição: se aquela é uma situação extrema e localizada, porque motivo se têm multiplicado pelo país os casos de violência dos jovens contra outros jovens, contra funcionários e professores? A reportagem começou por aí: notícias e reportagens de agressões, verbais e físicas contra quem está na escola para aprender e conviver em paz e respeito por si e pelos outros. Mas, claro, o problema é das escolas, que ainda não se organizaram.
3) A professora Isabel Cluny distanciou-se da acção sindical (fez bem, os sindicatos que façam o seu trabalho) mas apresentou, calma e serenamente, alguns problemas: o incrível regime de faltas (para apresentar estatísticas menos dramáticas a nível europeu); o abandono da escola pelos alunos (este será outro critério para avaliação dos professores, que terão, portanto, de ir pedir encarecidamente aos alunos que não faltem!); os baixíssimos níveis de participação dos pais na vida escolar (o que não pode, de maneira nenhuma, ser criticado: a maior parte trabalha duramente, e muitas horas, longe de casa e só pretende chegar a tempo de fazer alguma coisa para jantar e poder descansar um pouco em frente à telenovela e ao futebol!); a indisciplina "de baixa intensidade" constante e desgastante, etc.; a nenhum destes problemas concretos o senhor secretário de estado respondeu. A resposta foi, vou repetir-me, insistentemente a mesma: há escolas que se organizam e resolvem; outras não. A avestruz também esconde a cabeça na areia. A verdade é que as políticas do ministério têm sido sempre no sentido de enfraquecer os professores. Porquê? Porque com a classe dividida e estilhaçada não há poder reivindicativo e criam-se as condições para instaurar o medo nas escolas. Sim, porque os professores não receiam apenas os alunos; receiam, igualmente, esta tutela que conseguiu o feito inédito de colocar em causa o direito à greve, no final do ano lectivo passado, com a extraordinária invenção, em cima do momento, de serviços mínimos em educação. Só tive pena que a professora Isabel Cluny não tivesse clarificado a sua lateral observação de que alguns dizem defender a escola pública, mas colocam os filhos a estudar em escolas privadas... Talvez tal informação pudesse esclarecer a pessoal motivação reformadora dos nossos governantes.
4) Foi significativo, em contrapartida, observar que o professor Eduardo Sá considera os jovens de 16 e 17 anos crianças. Isso diz muito sobre a noção de responsabilização que grassa em muitos sectores da sociedade. Quanto ao resto, é preciso talvez recordar que atender, individualmente, num gabinete, um jovem problemático é bem diferente de trabalhar com turmas de 24 ou 25 alunos, parte deles problemáticos. Viram como o José Alberto Carvalho conseguiu "conversar" civilizadamente (pelo menos, esforçou-se!) com as "crianças"? Pois é, são as mesmas que, em grupo, reconhecem fazer ou ter feito coisas parecidas com o que vimos nas imagens.
5) Sobre as intervenções da professora Fátima Bonifácio, não tenho comentários. A não ser este: quem souber ouvir que oiça (mas desconfio que quem deveria ouvir está mais interessado em desviar as atenções). De qualquer modo, parece-me que há uma ideia incontornável: destruir a dignidade dos professores é enfraquecer as escolas. E isso só pode ser mau para todos (excepto para quem deseja ganhar muito dinheiro com o ensino privado!), a começar por alunos e pais. E a acabar no país.
6) Acredito no meu país. Continuarei a fazer o meu melhor para o desenvolver. Acredito na escola pública. Continuarei a lutar por ela. Dia após dia. Porque é uma questão de democracia. De cidadania. De responsabilidade. E de liberdade. Agora é tarde, vou deitar-me. Amanhã às 8.15 tenho uma aula para "dar".

"Algumas crianças já são más de natureza"

A frase da professora Maria foi tão inquietante como as imagens de desacatos e pancadaria na sala de uma escola anónima da periferia. A RTP fez uma reportagem mediana+ sobre a violência nas escolas. Colocou câmaras escondidas em duas salas e no pátio dessa escola-limite. Valeu como exemplo extremado. Não que isso, à partida, me levante problemas éticos ou deontológicos: a coisa foi feita com alguma limpeza e, no final, a equipa teve o cuidado de sublinhar que "não pretende extrapolar as situações gravadas na instituição em causa para todas as escolas do país."

O debate que se seguiu teve de tudo (houve momentos em que prestei menos atenção) mas, num balanço largo, foi - e isso é muito importante - serviço público! (aplausos). No entanto, as entrevistas, em directo, a umas "jovens sombras" (o zeloso sec de estado adjunto chamou-lhes crianças!), foram show-off. Podiam ter gravado e editado o material previamente, com ganho de ritmo e de conteúdos. O serão reforçou a minha ideia de que, no panorama nacional, a ideia de contar com os pais para a a avaliação dos professores só pode ser uma piada de mau gosto. Noutros cenários, noutros países, será um contributo excelente. Aqui - ainda - não!

Mas voltemos à frase de Maria. Diz muito, não é? "Más de natureza"? - é uma citação da Lusa, não me recordo se foi este o português utilizado. Quer-me cá parecer que os professores têm que se unir para descodificar melhor a realidade e, solidariamente, lutar contra ideias desfocadas. Será possível?

Outros belogues

Gosto dos detalhes. Gosto desta proposta. Eu sou da primeira tribo. Não sou 3G, quer-me cá parecer...

Perguntam vocês: de quem é o telefone? Não faço ideia. Não testei. Mas fica a vontade (e a ideia de que pode ser uma armadilha?). Não testei: falta de coragem? Excesso de socialização?

Estádio de Choque & Uma Pergunta Final


Talvez alguém pudesse lembrar à senhora ministra da Educação que, para vencer os muitos desafios da qualidade, da competitividade, da cultura, da inovação e do sucesso educativo, a regra número um deverá ser unir e motivar a equipa, e não desconsiderá-la e descredibilizá-la. Por que não ler, por exemplo, alguns livros sobre um líder ganhador como Mourinho? Veja-se, por ser o mais recente, Mourinho, Anatomia de Um Vencedor, do insuspeito jornalista britânico Patrick Barclay, editado pelo Público este mês. Aí, a páginas 153, John Terry, capitão e símbolo do Chelsea duplo campeão de Inglaterra diz sobre o seu "comandante": "quando temos um treinador que todos os dias repete que nós somos os melhores, que não vai aparecer ninguém que seja melhor, isso entranha-se nos jogadores e nós vamos para o campo convencidos disso". Pergunta final: do que nos quererá convencer a senhora ministra da Educação?

Bom dia, setôr!

Ainda o estádio de choque...

(Bandeira, DN, 30 de Maio 2006)

29.5.06

Anjos Tropicais


A Arlany veio há 3 ou 4 anos de Santa Ifigénia, Minas Gerais, Brasil. É minha aluna no 11º ano, no curso tecnológico de Adminstração. Hoje, dia de teste, já me encontrava eu na sala de aula, ela entreabriu a porta e, sem entrar, pediu-me que me aproximasse para me dizer qualquer coisa. Pensei que fosse algum impedimento de última hora. Mas, assim que a alcancei, compreendi a razão do seu chamamento: ao seu lado, muito engraçada, estava uma moreninha com 2 anos e 4 trancinhas de cabelo escuro e encaracolado. Era a Mariana. Uma sobrinha emprestada da Arlany (filha da companheira do seu irmão), que teve de acompanhar a "tia", pois não havia mais ninguém para cuidar da menina. E ali estava a Arlany a contar-me isto, pedindo autorização para a pequenita se juntar à turma em dia de teste. Autorização deferida, sentaram-se as duas numa secretária à frente, próxima da minha. E, enquanto a Arlany se debatia com as minuciosas questões sobre o excerto de Os Maias que eu decidira colocar no teste, a Mariana, muito compostinha, espreitou à janela, olhou-me timidamente várias vezes, rabiscou papeis, comeu metade de uma bolacha, bebericou dois ou três golitos de água e, vencida pelo calor magrebino, pelo teste e respectivas questões minuciosas, pelos Maias e por tudo o mais, pousou a cabecita na secretária, aconchegou-se e acabou por adormecer, como um anjo, até ao fim da aula. Por estranho que soe, a turma parecia (ou pareceu-me) mais profundamente silenciosa, como se duplamente silenciosa, não só pela necessária concentração para realizar o teste, mas também, ou sobretudo, pelo facto de um anjo se encontrar ali, naquele momento, a descansar das suas lides de anjo. Um anjo moreninho, com 4 trancinhas de cabelo escuro e encaracolado. Um anjo à (beira da) minha secretária.

CALORias

Escuto na rádio, enquanto trinco uma maçã: "sabia que um bolo de arroz tem mais calorias do que um donut?". Não, não é mais uma acção do imperialismo yankee! Informam-nos que é uma das conclusões de um estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que ajudou a rever a Tabela de Composição de Alimentos. Procuro mais informação e percebo que a anterior tabela foi elaborada em 1961. À atenção de pais, professores e restantes cidadãos-todos-nós.

Ainda Em Estado de Choque,


preparando aulas, corrigindo testes, analisando manuais para adopção, actualizando leituras, etc., etc. E interrompendo, por momentos, o trabalho para espreitar alguma "imprensa digital". Com a impressão, cada vez mais nítida e cada vez mais forte, de que o estado de choque vai dando lugar ao estado de indignação.

28.5.06

Ainda Em Estado de Choque!


De pai avaliador para professor avaliado: "Ou passas o puto com 20 valores, ou dou-te insuficiente na avaliação pedagógica. E depois vai queixar-te ao Papa!"
(Agora, sim, vamos ficar à frente da Finlândia em todos os estudos internacionais sobre os níveis de literacia...).

27.5.06

"Todos Estes Amigos de Papel"

A visita da sogra para almoço e convívio familiar permite-nos, ao fim-de-semana, aceder, com certa regularidade, às maravilhas da informação cor-de-rosa. Passando os olhos pela última Nova Gente, é possível, por exemplo, ficar a saber que a Catarina Furtado deu à luz uma bebé no Hospital da Cruz Vermelha, um "dos melhores de Lisboa e também um dos mais caros"; ou que o jovem escritor José Luís Peixoto foi, em bela companhia, ao Casino Lisboa assitir ao "show de música" das "octogenárias cantoras de Wild Women Blues" (deve ter-se deliciado "com o tom tristonho e sofrido das melodias do grupo norte-americano"). Ou ainda, para nos mantermos no campo da literatura, confirmar que o professor Marcelo Rebelo de Sousa é "um leitor compulsivo", tendo comprado "7500 livros num dia". Sabendo nós que, como noticia a revista Os Meus Livros (Junho, 2006, p. 7), "desde o tempo dos sumérios, os homens terão publicado cerca de 32 milhões de livros", não podemos deixar de ficar preocupados. A este ritmo de leitura, o professor corre o risco de ler integralmente todas as obras da literatura universal em meia dúzia de anos. Ora, um dos interesses de uma biblioteca é ter livros por ler e livros que sabemos que nunca teremos tempo para ler; uma boa biblioteca é, por definição, inesgotável, infinita (não é preciso ler muito para o saber, basta, por exemplo, Borges). Felizmente, a notícia da revista desmente o título da notícia da revista: afinal, aqueles milhares de livros, comprados em saldos na livraria Galileu, de Cascais, não são para o professor ler. Verdade, verdadinha são "para oferecer à biblioteca de Celorico de Basto - de cuja Assembleia Municipal é presidente". Eis, portanto, o "destino final de todos estes amigos de papel". É caso para perguntarmos: afinal, qual é a relação entre "comprou 7500 livros num dia" para oferecer e a condição de "leitor compulsivo"? Depois queixem-se do, igualmente professor, Manuel Maria Carrilho e das suas críticas aos males do jornalismo português!

Os Clássicos & Os Fuzilamentos

Deve ter sido estimulante, J. Mas provavelmente foi uma ideia previdente não termos aparecido na casa pessoana: ainda acabávamos atingidos pelo crossfire!

26.5.06

Rebelde Chique


Um Director de Turma e uma Encarregada de Educação.
- As coisas não estão nada bem...
- Não me diga!?
- Os resultados são fracos. E ele tem-se portado muito mal! E dá muitas faltas!
- Sabe, senhor professor, são as companhias. Ele é um rapaz tão educado, nunca teve problemas na escola... O problema são as más companhias!
(O rapaz em causa exibe um grande sorriso. E uns ténis Nike. Uma t'shirt Rip Curl. Umas Lewis originais, pré-lavadas. Um telemóvel Nokia topo de gama. Uns óculos de sol Paco Rabane...)
- Ah, claro, sem dúvida. O problema são mesmo as companhias, as famosas Companhias!

O Problema da Habitação

(Foto de C., Maio de 2006)
Quem se põe a olhar as casas do meu país repara que metade delas está à venda e a outra metade tem bandeiras do meu país. E há ainda todas as outras casas do meu país que acumulam! "Oh as casas as casas as casas / mudas testemunhas da vida", como disse Ruy Belo. Oh as casas do meu país! Oh o meu país! Oh!

25.5.06

Todos ao Parque!


A Feira do Livro abriu portas hoje. Não quero saber. Não me convidem. Não sejam meus cúmplices na minha própria desgraça... Bem, quando é que vos dá jeito? Só uma voltinha?

Peixes no Aquário 2



"- Porque estão divididos os aquários?
- São peixes lutadores. Se pudessem, matavam-se."

"- É preciso tirar-te das ruas.
- É preciso pôr os peixes no rio."

"- Rusty James, ainda estás vivo?
- Sim... Não... Não sei."

"- Como é o oceano?
- Não cheguei ao oceano. A Califórnia meteu-se no meio"

De irmão para irmão:
"Se vais conduzir pessoas, tens de ter um sítio para onde ir."

Tom Waits para nós:
"Ainda me restam 35 Verões. Pensem nisso. 35 Verões."

Inscrição no muro:
"The Motorcycle Boy Reigns"

(Rumble Fish, de Francis Ford Coppola, 1983. Com Matt Dillon, Mickey Rourke, Diane Lane, Dennis Hopper, Vincent Spano, Nicholas Cage, Larry Fishburne, entre outros. Música de Stewart Copeland. A preto e branco, com "peixes lutadores" a cores).
Obra-prima.

A Selecção Segue Dentro de Momentos... (2)

Pois é, rapazes...

Peixes no Aquário

"Fornicar a merda de boi!"
(Rumble Fish, hoje, Lusomundo Gallery, 21h).

A Selecção Segue Dentro de Momentos...


Oiço na SIC Notícias (Jornal de Desporto, 12.35) que Rui Costa assinou, ontem à noite, contrato com o Benfica. E que deixou em branco o espaço relativo aos valores que auferirá na próxima época, a penúltima (ou a última) da sua carreira como jogador. Para que LF Vieira coloque aí os números que considerar adequados. Admirável e inesquecível. Afinal, ainda existe "amor à camisola" (deixem-me, ao menos, sonhar com isso). Está visto que, esta época, iremos mais vezes ao estádio, PB!

Carpe Diem!


Caríssimos urbano-depressivos, é só para lembrar que hoje é Dia da Espiga!

24.5.06

Jobs For The Boys


Leio no Público (p. 8) de hoje: "PSD quer um gestor à frente de cada estabelecimento de ensino", com foto do jovem deputado Pedro Duarte a acompanhar. Dois anos depois de verem a ideia vetada pela Presidência da República e contestada por PS, PCP e BE, Marques Mendes e o seu partido voltam à carga. Em 2004, segundo o Presidente Sampaio, esta proposta provocava "fundadas dúvidas de constitucionalidade". De lá para cá, a Constituição não mudou, a proposta também não. Mas saiu Sampaio e entrou Cavaco. E chegou Sócrates, tão ou mais neo-liberal que o PSD. Pelo que, não tenham dúvidas, a escola democrática (com defeitos, é claro, mas com a grande vantagem de se reger por critérios pedagógicos e educativos, e não por razões economicistas e partidárias) está a chegar ao fim. Aos seus lugares, rapazes! Partida!

Os Clássicos (algumas notas)


1) Para ler os clássicos é preciso tempo. E silêncio. Esses escassos bens.
2) Para ler os clássicos é preciso estar disposto a deixar em suspenso o imediato, veloz, alucinado. E entrar num outro tempo, mais lento, feito de palavras e não de imagens. Ou melhor, aceitar criar imagens com as palavras e as frases. O tempo dos clássicos não se coaduna com um qualquer regime de consumo rápido. O tempo dos clássicos é lento, paciente, exasperante, por vezes. Quem não sente a tentação de saltar a descrição do "Ramalhete" no princípio de Os Maias?
3) Os clássicos não são para todos, tal como nem todos gostam de cinema clássico americano ("filmes a preto e branco? Que horror!"). Pode-se aprender a gostar, mas nem todos chegam a aprender. Nem todos querem aprender. Não estão dispostos a arriscar nesse sentido. Muitos nem lêem uma linha do romance. Mas lêem dois ou três volumes de resumos e de análise do romance. E pensam que ficam a conhecê-lo.
4) Os clássicos podem ser perigosos e chocantes. Álvaro de Campos elogia "a graça feminil e falsa dos pederastas" e manda tudo e todos à "MERDA" no seu "Manifesto Futurista". Os clássicos não são bem comportados, não têm uma moral necessariamente boazinha. Lembram-se do "Sermão de Santo António aos Peixes", do Padre António Vieira e da denúncia que ele faz dos falsos e dos medíocres, dos aduladores e dos presunçosos? Dos grandes que exploram e massacram os pequenos? Para alguns, isto deve soar a discurso pré-marxista.
5) Os clássicos são difíceis, mesmo quando parecem fáceis. Exigem estudo, esforço, trabalho. Leitura atenta, disponibilidade para pensar. E repensar. Valores de baixa cotação na sociedade do espectáculo e dos Morangos Com Açúcar.
6) Veja-se a ironia. A ironia é uma das figuras mais difíceis da retórica - tanto na pespectiva daquele que a produz (o criador, seja ele qual for), como do lado de quem a lê, ouve, interpreta. É uma prova de inteligência fina, de espírito capaz de ir para além do óbvio. De ler nas entrelinhas, captar segundos sentidos. É igualmente uma questão de cultura, de saber, de conhecimento. É como no humor: se não houver um contexto e uma cumplicidade comuns, a piada não se percebe. Não há piada. Emissor e receptor têm de estar na mesma onda, de outro modo a corrente dos sentidos não passa. Por exemplo, em Eça a ironia é um procedimento retórico fundamental - e difícil de explicar. Porque ele diz uma coisa e quer dizer o contrário do que diz. Por outro lado, como achar piada a uma piada que se tem de explicar: explicar uma piada é o pior que se pode fazer a uma piada. Esta é uma das grandes dificuldades de ler os clássicos. Para apreciar é preciso explicar; mas explicar retira metade do prazer.
7) E, depois, há a linguagem. Os clássicos são o puro gozo da língua, da sua invenção permanente. Mas também da obscuridade da língua. Das palavras caras (notem o duplo (?) sentido da palavra, meus caros), difíceis, que pedem dicionário. Tudo isto com malta que está em plena revolução hormonal! Que cocktail! Mas que desafio... De que não podemos abdicar. Porque os clássicos são tão modernos como os modernos (ou os pós-modernos). Ou, até, mais modernos: "vejo sem olhos, e sem língua falo" (Camões). Coisa, em séculos, só para alguns. Aproveitemos.

O Debate


A RTPN está a retransmitir O Debate. Não sei se viram. Foi completo, como muito bem se lembra aqui. Este relato também está bastante bom (reparem no mimo para a Fátima). Pergunto: será que o homem vai meter a viola no saco ou vai "andar por aí" como o outro palerma choramingas do jet set? Seja como for, espero que editem a coisa em DVD.

23.5.06

Nas Lonas

Não vi o jogo todo. Quando voltei a prestar atenção, havia um senhor na televisão a dizer "Portugal está a dar as últimas!". Acho que não é nada bom para a auto-estima nacional.

Mix (circa 1986)

(pb)
Já faz tempo. Olhávamos menos para o relógio? Talvez. Diziamos: quando eu tiver quarenta anos...

Por aí a misturar ...

Sacar Draws

Sacar Words

Sacar sounds

The ThJrd Man


O Terceiro Homem (1949) é um filme de Carol Reed, baseado no romance homónimo de Graham Green. Com Orson Welles, Joseph Cotten e Alida Valli. É uma história sobre um misterioso desaparecimento de um amigo, na Viena do pós-guerra. Com uma fotografia fabulosa de Robert Krasker (Óscar para a Melhor Fotografia, em 1951) e uma sequência inesquecível de fuga e perseguição nos túneis da cidade. A (re)ler e a (re)ver.
"- Andávamos à sua procura- disse Paine, num tom respeitoso. - O coronel Calloway quer falar com o senhor.
- Perdi-me - proferiu Martins.
- Sim. Foi precisamente o que pensámos que teria acontecido."
(G. Greene, O Terceiro Homem, Círculo de Leitores, Lisboa, 200o, p.77; tradução de Sofia Gomes)

The Big Apple!

(Dürer, Museu do Prado, Madrid)

Sala de Professores, meio da tarde. O professor come uma maçã vermelha. A professora aproxima-se e diz:
- Que grande maçã!
- Foi a Eva que ma ofereceu.
- Quem é a Eva? Que disciplina é que ela dá?
- O Paraíso Não É Aqui.
- Isso faz lembrar o Kundera: A Vida Não É Aqui.
- Quem dera que fosse!
- O Kundera?
- Não, a vida. O paraíso.

Duas Lições de Geografia Balcânica


Primeira lição:

Nunca fui apreciador de Festivais da Canção. E, note-se, não passei a ser. Mas não deixei de verificar, por acaso familiar, duas ocorrências na última edição do Festival Eurovisão da Canção (primeira fase, no último fim-de-semana): que as garbosas Non Stop não foram apuradas para a final (facto irónico, atendendo ao nome inglês da girlsband portuguesa...) e que havia um país representado que se chamava Former Yugoslav Republic of Macedonia, algo que pode ser traduzido (?) por Antiga ou (Ex-) República Jugoslava da Macedónia. Não sei se a designação foi ideia dos representantes desse muito novo Estado ou da organização do Festival. Mas é, sem margem para dúvidas, uma designação espantosa: a história como resistência à geografia? Ou a geografia como afirmação da história?
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Segunda lição:
Agora que os atlas geográficos europeus ficaram, uma vez mais, desactualizados, temos a rara oportunidade de observar uma selecção nacional de futebol de um país que já não existe: a (ex-)Sérvia-Montenegro, depois do referendo de ontem, inicia hoje a sua participação no Europeu de Sub-21, jogando às 17h15m., contra a Alemanha, no estádio Municipal de Barcelos. Sou patriota; gostaria que Portugal chegasse à final do torneio e o ganhasse merecidamente. Mas confesso que tenho dificuldades em resistir ao encanto extemporâneo de ver como campeão europeu de esperanças um país que já não o é. E para onde iria a taça: Belgrado ou Podgorica? Quem faria de Rei Salomão?

22.5.06

Fins-de-Semana Com Todos

Houve uma altura da minha vida em que os fins-de-semana eram o ponto mais calmo e tranquilo da semana. Isso foi antes do aparecimento da prole. Eu ansiava pela chegada dos sábados (e domingos), passando as agruras das 6ª feiras com um ar de homem feliz e completo. Claro, estavam a chegar os dois dias das saídas "à noite", dos passeios com a amada, das idas ao cinema, da leitura dos jornais atrasados, da maravilha de não ter de me deitar cedo, nem de me levantar, com as galinhas, ao toque infernal do despertador. Foi um belo tempo, este, mas passou. Agora os fins-de-semana têm outras prioridades. E outros protagonistas, num filme em que eu e C. passámos, é a verdade, a actores secundários. Basicamente, trata-se de um filme excessivamente animado, o que está longe de, depois de uma semana de trabalho cansativo e exigente, ser um dado agradável.
Vejamos. Tudo começa com as tarefas de sábado de manhã, repartidas por pai e mãe: passar o pano do pó, aspirar, fazer almoço e sopas para a semana, limpar casas-de-banho, vidros e espelhos, estender roupa, fazer camas de lavado, passar a ferro, etc., tudo isto em simultâneo com a necessidade de acompanhar e orientar os trabalhos de casa do Filho Mais Velho e dar um mínimo de atenção ao Filho Mais Novo, que, como calculam, dá mostras de que existe praticando todo o catálogo das piores asneiras & disparates possíveis, próprios de uma criança de 3 a caminho dos 4 anos. Para arrasar os nervos, é uma receita infalível, que continua sábado dentro, quero dizer, sábado fora, porque ficar em casa é uma opção péssima, só aconselhável no caso de filhos calmos ou mesmo muito calmos (existem?) ou pais com tendências evidentemente masoquistas. Portanto, sair não é uma escolha: é uma forma de sobreviver ao caos. E quem diz sábado, diz domingo. Dia diferente, mais do mesmo. Até ao ponto de desejarmos que chegue depressa a 2ª feira. Não por sermos viciados em trabalho, mas por os rapazes serem distribuídos, por umas horas, pelos respectivos estabelecimento de ensino. E descansarmos, portanto, um pouco deles, frase politicamente incorrecta, mas sentida e com sentido.
Aos fins-de-semana, à excepção de um ou outro desvio à norma (é quando os avós entram em acção), os filhos são os reis e nós os seus servos-da-gleba, embora pareça o contrário. Nós tomamos as decisões, mas são eles que nos forçam a elas. Essa é a principal novidade dos nossos actuais fins-de-semana: tudo depende da dinâmica intrínseca (gostaram desta?) que eles criam inesgotavelmente entre si e que nos afecta a todos. Se, antes deles, os fins-de-semana significavam repouso, agora significam barulho e confusão. Se significavam deitar tarde e dormir até os músculos doerem, agora significam na mesma deitar tarde (embora não tão tarde!) e levantar cedo, porque, adivinharam, eles se levantam bem cedo. Em suma, se os fins-de-semana significavam dispor do nosso tempo como nos aprouvesse, agora significam viver em função do tempo e do ritmo deles. E, pelo que me vou apercebendo, ouvindo colegas e conhecidos, nós não somos a excepção. Somos parte da regra.
Assim se passam os nossos actuais fins-de-semana: para evitarmos que a rapaziada fique horas especada em casa em frente ao televisor (mas, às vezes, é inevitável... e um descanso momentâneo!) ou a lutarem um com o outro das formas mais histéricas e irritantes, aí estamos nós na rua, no jardim, no parque, nas imediações do novo Centro de Estágio do Benfica, no Centro Comercial, no passeio poeirento da Costa, etc. Pode parecer que são soluções bem agradáveis, sempre são melhores do que ficar em casa a ler, ou a ver um filme do Woody Allen na televisão, ou conversar calmamente, preguiçosamente deitados no sofá. Pode parecer, mas não são. Porque saímos quando nos apetece ficar. Porque a palavra silêncio, ou a palavra sossego já são só, para nós, palavras nocturnas. Quando eles dormem como anjos, que é o que são. Porque, claro, tudo isto não passa de um conjunto de desabafos de pais cansados, mas babosos. Eles mudaram os nossos fins-de-semana, as nossas semanas, os nossos meses e anos. Mudaram as nossas vidas. Mas, para nós, isso é tudo. Eles são tudo. É por isso que escrevo este texto. Porque passou mais um fim-de-semana (cansativo e maravilhoso). E eu já estou ansioso pela chegada do próximo, para poder sair com eles. Levá-los pela mão, jogarmos à bola, andarmos de bicicleta. E dizermos, mais uma vez, um ao outro, depois de novo dia extenuante, que somos uns pais loucamente felizes e afortunados. Pois isto é, de facto, um milagre. Sim, a palavra é mesmo essa. Milagre. E é da natureza dos milagres mudarem as vidas das pessoas, não é?

21.5.06

Sim e não ...

SIM à obra da Frida Kahlo.
NÃO à Exposição no CCB sobre a Frida Kahlo. ... achei muito fraquinha a exposição, SÓ 26 pinturas e alguns desenhos. MUITO POUCO. Ela merecia mais ... mas como somos um país pelintra é o que dá ...
NÃO ao Museu do Design ... uma mera exposição de móveis ... alguns bestiais ... mas o design é mais do q o q está por lá ... enfim ...
SIM ao filme do Sr Clint Eastwood q só agora vi. Million Dollar Baby, excelente filme e excelente realização. Nota 8!

Falas Com Elas

8 mulheres, 1 casa na província (francesa), milhares de flocos de neve. Meias verdades & tantas mentiras. E 1 homem morto que está vivo e por isso morre. Divertidíssimo!

Breve Crónica dos Príncipes Destes Lugares

O Príncipe Mais Novo e o Príncipe Mais Velho assistem, impávidos e serenos, à troca de mimos entre dois dos seus súbditos mais valorosos. Com fidalgos deste jaez, o Reino não corre perigo de invasão. Venha quem vier, vai corrido à espadeirada!

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Armados com suas pesadas mas justas espadas, o Príncipe Mais Velho e o Príncipe Mais Novo observam agora, da Torre de Menagem, os seus mui extensos domínios feudais: terras férteis e gentes trabalhadoras que prestam a devida vassalagem aos seus jovens Senhores.
Assim aconteceu, assim se fez crónica.
(Feira Medieval - Festa da História: organização da CMS; até domingo, na Quinta da Fidalga).

20.5.06

Aprender Com Quem Sabe


Na edição de hoje da revista Xis podemos ler, nas páginas 8 a 11, uma entrevista muito interessante da jornalista Laurinda Alves com a "esteticista e formadora na área de Cosmetologia e Estética", Cesarina Bettencourt, de 61 anos, a propósito de um prémio atribuído pela revista Máxima. É um texto que todos os homens modernos, interessados no bem estar das suas mulheres, deveriam ler. Nele podemos recolher informações valiosas sobre técnicas de massagens que podem fazer, acredito, autênticos milagres. Deixo provisoriamente de lado os conselhos sobre como devem mexer e remexer nos belos pescoços, olhos e bocas das vossas amadas e passo, de imediato, a zonas menos públicas. Já têm o creme nas pontas dos dedos? Vamos a isso!
Pernas:
Devem "aplicar o produto no sentido ascendente porque é importante que a circulação de retorno se faça." Comecem, portanto, "por massajar o pé, a perna e, depois, a coxa." Se fizerem assim, estão a "melhorar o sistema circulatório e linfático" das meninas dos vossos olhos.
Barriga:
Apliquem o creme "sempre em movimentos circulatórios e sem excessos de pressão". Cabeça fria, rapazes. Nada de descontrolos!
Seios:
"Em relação ao seio os cuidados são muito importantes, porque não deve ser massajado nunca." Aplicar, por conseguinte, o produto "em movimentos rotativos, suavemente e sem nenhuma insistência. O seio é um órgão especial que não deve ser, de maneira nenhuma, massajado."
Chegados aqui, espera-se que o bem estar do massagista e o da massajada tenham atingido já um nível de excelência que dispensa mais conselhos. É, creio, o momento de colocar as técnicas das massagens ao serviço da imaginação. Improvisem, pois; lancem-se no desconhecido. E tonifiquem esses músculos!

Grandes Felinos


Um dia de festa que se transforma numa noite de tempestade. Chuva, trovões e relâmpagos que soltam gritos, desespero e verdades. Sobre o amor, a dor, o álcoolismo, o desejo, a falsidade, a morte, a ambição, a ganância. O Grande Pai diz ao Filho Mais Novo: "A dor continua a atacar-me. É a morte, não é? Responde-me! A verdade!" Mas da verdade da morte pode emergir a coragem de olhar de frente a vida. E da mentira pode renascer a pulsão do amor. Grande filme!

19.5.06

News From The Madhouse

Donald Rumsfeld briefed the President this morning.

He told Bush that 3 Brazilian soldiers were killed in Iraq.

To everyone's amusement, all of the colour ran from Bush's face, then he collapsed on to his desk, head in hands, visibly shaken, almost whimpering.

Finally, he composed himself and asked Rumsfeld, "Just exactly how many is a brazillion?

Fantasia


CatWoman - Não acredito... Ele adormeceu no sofá?!
Sharon Cat - Deixa lá, gatinha. Assim ninguém nos espreita...
CatWoman - Não percebo o que estás para aí a bichanar, louraça.
Sharon Cat - Essa carapuça fica-te a matar, cacauzinho...

Histórias Com Animais

Gatos & gatas 2


Depois de vacas, pardais, caracóis, cangurus e outros que tais, voltamos às histórias com gatos. E esta história reza assim: enquanto a mãe-gata, perfumada e dengosa, sai para jantar com outras mães-gatas, o pai-gato faz de ama-seca e fica, em casa, a tomar conta dos dois pequenos filhos-gatos. Estes, como costume, durante e depois do jantar, passam o tempo a afiar as garras e os dentes um para o outro; eriçam o pêlo; sopram; bufam; guincham; rebolam; mordem e arranham os sofás, antes de, finalmente, se dobrarem para ouvirem, mais uma vez, as aventuras do Gato das Botas. Depois, enovelam-se para dormirem descansadamente e sonharem os sonhos próprios dos jovens felinos. Quanto ao gato-pai, estende o corpanzil cansado no sofá, à espera; passa as unhas gastas na cauda puída; lambe demoradamente o pêlo e os arranhões na pele do crânio (agora, pequenas crostas na forma de finas linhas). E não pode deixar de pensar que, hoje, era para ser uma noite de cinema no Fórum Cultural onde vai passar, em majestoso PanaVision, O Leopardo, de Visconti. Tendo de cuidar das crias e, por conseguinte, impossibilitado de rever esse clássico absoluto do cinema felídio, contenta-se, então, em ouvir o Cd do musical Cats! ("What's new, pussycat?") e em colocar, no leitor de VHS, a velha gravação televisiva de Gata em Telhado de Zinco Quente, com o Paul e a Elizabeth, gataria da melhor espécie. Miauuuuu!

Blood bitch

A Pança de uma Arquitecta

Voltando à vaca morna, não gostava que passassem ao lado do desfecho de uma grande história de mistério (chegou hoje, pelo correio):


“A organização da CowParade Lisboa 2006 comunica que a Vaca Cowpyright foi encontrada esta manhã, 19 de Maio, pela Polícia de Segurança Pública, PSP, próximo da faculdade de arquitectura, no Alto da Ajuda.

A obra de arte, da autoria de Paulo Marcelo e patrocinada pela Marketeer, que sofreu danos numa pata e pequenos arranhões no resto do corpo, vai ser restaurada para, em breve, poder regressar para junto da manada.

Tratando-se do primeiro e mais importante evento de arte pública acessível a todas as pessoas, a organização da CowParade Lisboa 2006 agradece a todos os cidadãos o empenho e a atenção que mostraram em ajudar a encontrar a “Vaca Cowpyright” e a devolve-la à maior exposição de arte pública contemporânea realizada em Portugal.

Tendo em conta o elevado número de pessoas que ainda não visitou a exposição, a organização apela a todos os portugueses que tomem conta da manada de modo a que todas as pessoas possam apreciar as 101 obras de arte espalhadas pelas várias ruas e praças de Lisboa, tais como Rua Augusta, Rossio, Restauradores, Chiado, Marquês de Pombal, Saldanha, entre outros.”

Da "tanga" & dos "tanguistas"


No meu passo de caracol vou lendo, com atraso de dias, alguns textos da imprensa escrita. Foi o caso de "O Cerco ao Parlamento" de Paulo C. Rangel (Público, 17 do corrente, p. 6), jurista e deputado do PSD. Gostaria de deixar bem claro que não me converti repentinamente à social-democracia, mas este é um artigo que reflecte sobre uma questão, de facto, mais importante do que as importantes questões de diferença ideológica e partidária, nomeadamente a crise profunda da nossa democracia e do seu sistema representativo. Questão, parece-me, que interessa a todos os democratas, de esquerda, centro ou direita. Sendo um texto de "reflexão" ou mesmo "teoria" política, não deixa de pensar o momento conjuntural presente; assim, com a devida vénia, transcrevo o parágrafo que o fecha (recomendando, como é óbvio, a sua leitura integral):
"Poucos se têm dado conta de que vivemos, há cerca de um ano, em clima de persistente guerrilha institucional. Primeiro, foi a guerra contra as magistraturas, suspeitas de privilégio e de preguiça. Depois, o ataque generalizado aos funcionários públicos, fonte de todo o mal. Agora, pelo silêncio conivente, a hostilidade face aos deputados, displicentes e virtualmente inúteis. Entretanto e noutra frente, envergando as vestes da virtude, o governo repete, com orgulho e estrondo, que não adoptou o "discurso da tanga". Mas a verdade é que tem fomentado e sido cúmplice de um discurso bem mais pernicioso e desmoralizador: o discurso dos "tanguistas". Onde antes se deitava a culpa aos antecessores, agora distribui-se pelos contemporâneos. Quanto mais se localiza a culpa nos restantes actores institucionais, mais distante se encontra o Executivo do seu propósito de catalisação e mobilização."
Metamorfoseando-me de caracol em canguru, salto agora para a página 2 do mesmo jornal, mas da edição de hoje, e leio o título do texto que aí aparece: "Um Problema Chamado País". Talvez fosse bom não perder de vista a importância de compreender verdadeiramente os significados deste título. E que dividir para reinar nem sempre é o melhor caminho.

Fotografia Assassina

Muita gente, mesmo instruída, não sabe distinguir a palavra "descrição" da palavra "discrição", nem a palavra "emigrar" da palavra "imigrar". Mas há quem, com certa dose "de habilidade", consiga passar o sentido de "debilidade" através de "dibilidade".

(Público, edição de hoje, p. 2)
Sabemos que os políticos não se têm portado bem muitas vezes. Mas este tipo de opções foto-jornalísticas não contribui nada para a sua "credibilidade".

Acreditar



Optimismo fotografado por Chezamy

18.5.06

Nós sabemos que tu sabes que nós sabemos o que tu pensas que sabes que nós pensamos?

Felinas?


Nada na manga, amigo! Olha só as unhas roídas...

Histórias Com Animais

Pardais & outros cantores


Na aula de literatura, a meio da tarde quente, enquanto lemos e pensamos, em conjunto, a poesia de Pessoa & heterónimos ouvimos, mesmo por cima de nós, um pouco ao lado, a algaraviada pipilante dos pardais (ou chamarizes? tico-ticos? alvéolas?) que, vocês deviam ver, passando entre o caixilho e a parede exterior, vieram fazer ninho na caixa dos estores da sala de aula. Que cantores mais entusiasmados e estridentes! Não consigo imaginar melhor banda sonora para versos como estes: "Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, / Sei a verdade e sou feliz." São versos de Caeiro, claro. Mas, quem sabe, poderiam ser igualmente destes cantores alados e esganiçados que, durante toda a aula, com ele estiveram ao despique.

Histórias Com Animais

Gatos & gatas



Ao rapar o cabelo com a velha máquina de barbear, deixo alguns arranhões na pele do crânio. Saio e toda a gente (toda a gente não é exagero!) faz comentários, por entre risos e risinhos, sobre a noite supostamente agitada que passei ou sobre as minhas relações com "as gatas" e outras felinas. Depois venham dizer-me que sou eu que só penso nisso... Sim, nisso em que vocês também estão a pensar agora.

Contos da Loucura Normal

Destroços & ilusões


Para Ele, tudo na vida era política. Quando Ela lhe disse que tinha perdido as ilusões a seu respeito, Ele respondeu que, no seu caso, já não tinha ilusões há muito. E precisou: "desde Novembro de 1989. Ficou tudo soterrado debaixo dos destroços do Muro." Ela, que conhecia o significado de "destroços", sentiu de repente que estava a cair, esmagada pelo peso dessa palavra.

"RauParade"

Inaugura hoje, no Museu Nacional de Arte Antiga, uma exposição que é um acontecimento: Grandes Mestres da Pintura. De Fra Angelico a Bonnard. Até 17 de Setembro. 5 euros para ver alguma pintura de Monet, Sorolla, El Greco, Luini, Renoir, Canaletto, e outros. 95 quadros a não perder de maneira nenhuma, da colecção Gustav Rau, um médico alemão que, para além de construir um hospital em África, ofereceu a sua colecção de arte à UNICEF. Parte da colecção será vendida "em benefício dos deserdados do Terceiro Mundo". Vem no Público de ontem, logo na 1ª página (com desenvolvimento nas páginas 2 e 3). Os jornais, afinal, também trazem boas notícias. E vocês, já foram buscar a agenda?

Cowpyright's missing

Não sei se é verdade ou uma manobra de marketing. Os responsáveis pela chegada a Lisboa das vacas mais famosas do mundo acabam de emitir um comunicado. Numa leitura literal desta quase metáfora, parece que desapareceram os direitos de múúúautor, abanando a cauda para afastar as moscas.
“A organização da CowParade Lisboa 2006 comunica que a Vaca Cowpyright desapareceu, na madrugada de 17 de Maio. A obra de arte, da autoria de Paulo Marcelo e patrocinada pela Marketeer, encontrava-se no Campo Pequeno, desde 14 de Maio.

O desaparecimento deste bovino foi detectado por várias pessoas, que em colaboração com a organização, foi participado às autoridades competentes, estando as mesmas, a fazer todos os esforços para encontrar a “Vaca Desaparecida”.

Tratando-se de uma iniciativa bastante acarinhada pelos portugueses, a organização da CowParade apela, a todos os cidadãos, em particular aos taxistas que se mostraram empenhados em encontrar a vaca cowpyright, que reúnam esforços para devolver à cidade de Lisboa uma das obras que integra o maior evento de arte pública contemporânea realizado em Portugal.”

17.5.06

Alguém Falou em Crise?

Já sabíamos que é cinco vezes mais interessante ser Governador do Banco de Portugal do que Presidente da Reserva Federal Americana. Ficámos a saber que é 400 e tal mil vezes mais estimulante ser ministro da Economia em Portugal do que Presidente de Cuba. A serem exactas as respectivas declarações de rendimentos. Podem confirmar no Público de hoje, páginas 8 e 12, respectivamente. "É só fazer as contas", como diria alguém!

Erro.


Monte Cassino.
Este foi um dos Grandes ERROS estratégicos dos Aliados na II Grande Guerra Mundial ...
O bombardeamento e destruição deste convento foi uma vergonha ... Os alemães estavam em todo o sítio ... excepto num ... Se tiverem algum interesse podem consultar mais aqui.