22.6.06

Manhã Submersa 4 (fábula)

Lembram-se deste trapezista?
E deste?

Pois bem, temos novidades sobre eles: 3ª-feira à tarde, aula (suplementar) de Literatura Portuguesa (últimos retoques para o exame). Enquanto comentamos Manhã Submersa de Vergílio Ferreira e a dialéctica da liberdade / opressão desenvolvida no romance, damos conta de que um destes artistas anda a esvoaçar no interior do 2º piso do Pavilhão onde nos encontramos. Não sabemos como entrou, nem podemos abrir as janelas-postigos, que são inacessíveis sem uma escada "desdobrável". Em pânico, o bicho voa de postigo para postigo, embatendo nos vidros, em movimentos cegos. Aflitivo! E, pormenor incrível, do lado de fora, há um outro pardal (irmão? macho? fêmea?) que segue os movimentos do primeiro e vem bater nos mesmos pontos em que este embate no interior. Acreditam!? Parece uma daquelas cenas de filme de prisão: o prisioneiro e a visita comunicam, tendo um vidro inquebrável, anti-som, no meio, mas em-versão-pardal! Como terminou a aventura? Um funcionário e uma escada foram suficientes. Janelas-postigos abertas e o caramelo lá encontrou maneira de dar às asas, em espaços mais vastos e próprios. Como em Rumble Fish, lembram-se? Uma dança louca de liberdade. É então que respiramos fundo e voltamos ao romance vergiliano, agora todos muito melhor preparados para entender como a luta pela liberdade e pela dignidade, esse "apelo invencível de vida e de harmonia" (p. 217, 13ª edição), é dura e difícil. Mas necessária. Sempre, cada vez mais.

1 comentário:

j disse...

Mais um belo instantâneo.