O inspector Ponto e Vírgula segurou Epífora pelo colarinho e entrou de rompante no gabinete. “Ei-la, sra. ministra!” rosnou na direcção da secretária. “Tem a certeza que é a agitadora?” questionou a responsável, recostando-se na cadeira. “Positivo, positivo!”, retorquiu o inspector, abrindo as pernas, num jeito marcial e logo acrescentando: “Quer ver?”. A ministra acenou com a cabeça e Ponto e Vírgula pontapeou Epífora na dobra do joelho direito, fazendo-a tombar na alcatifa grená. “Não te faças de santinha!” avisou, com voz de autoridade. “A puta que te pariu!” respondeu-lhe, numa figura de estilo pouco imaginativa mas quase sempre eficaz. A mão pesada de Ponto e Vírgula cortou o ar e acertou uma sonora galheta sobre a orelha direita da detida, que desabou aos pés da secretária, desatando num berreiro: “Ministra para a rua! Ministra para a rua! Ministra para a rua!”. Do outro lado da secretária, a ministra fez um gesto de enfado e, girando na cadeira em direcção à janela, disse secamente: “Pode levá-la!”. Ponto e Vírgula ergueu Epífora por um braço, torcendo-o de seguida, atrás das costas, e empurrou-a para a porta, por onde espreitava o agente Parágrafo. “Não fiques aí especado, com cara de pleonasmo, pá! Traz o carro para a porta lateral, que temos que pôr esta a conjugar aos quadradinhos!”
20.6.06
Português B
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1 comentário:
Experimentei Rosalinda mas o efeito não era o mesmo. Gosto de arriscar, pá!
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