Um CAIS Com Muitas Entradas

A CAIS é uma associação de Solidariedade Social, sem fins lucrativos. Procura contribuir para a melhoria da vida de pessoas "sem-abrigo". Ou em precárias condições de habitação. Ou com dificuldades sociais e laborais. Pessoas que estão quase na margem de lá. Ou que já lá estão e a quem se estende uma espécie de tábua para que possam regressar. A sua acção mais visível é a CAIS - uma revista mensal, cujas vendas revertem em 70% para o vendedor. Uma boa ideia, com óptimos resultados práticos. Procuro modestamente fazer parte do processo: compro regularmente a publicação a um homem uns anos mais velho do que eu e que é (um)a face visível do sucesso de todo o projecto. Nos primeiros tempos, quando o conheci, a vender a revista na minha escola, este homem tinha todos os sinais exteriores das descidas às ruas da amargura portuguesa, apesar do equipamento a disfarçar: mala, boné, t'shirt... O tempo foi passando, e eu pude acompanhar a melhoria gradual, não só do seu aspecto físico, mas também da sua atitude, mais descontraída e natural. Foi ele que me vendeu, uma vez mais, o número de Março (imagem acima). Um número que, para além de um conjunto muito bom de imagens (ilustrações e cartoons de alunos e professores do curso de Ilustração e BD do Ar.Co), apresenta vários textos, bastante estimulantes, sobre as questões da ética (e) do jornalismo, bem como notícias que nos falam da violência entre os jovens / namorados (releia-se isto), do fosso crescente entre ricos e pobres em Portugal, do racismo, das crianças em risco, do tratamento dado a alguns emigrantes pelas autoridades portuguesas, do desemprego, etc. Uma agenda muito actual e actuante. "Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar", lembram-se?

(O número de Abril também já saiu, mas só folheei; é sobre "Casas Portuguesas", arquitectura popular, primitiva, etc. Título: Mãe Lusa. A comprar, numa rua perto de vós!)