13.5.06

Ética Estética


Capote é sobre o horror e o mal; a loucura, o vazio, o abandono, a solidão. Mas também sobre a complexidade ética e psicológica do criador. A criação, a obra de arte, não conhecem outra moral senão aquela que lhes é própria? O filme é sobre esta pergunta. Sobre um escritor-vampiro que explora, em sentido literal e figurado, até à morte, a alma e a vida daqueles que são a matéria-prima da sua criação. Ponto incontornável: o filme prolonga a lógica do trabalho do escritor e vampiriza, num processo idêntico ao dele, a sua alma e (parte da sua) vida. O filme duplica, por consequência, o próprio método do escritor: explora-o ou ama-o? Ou será: explora-o e ama-o? Talvez a resposta mais simples a tais perguntas possa dizer isto: o livro existe, podem lê-lo; ou ainda, o filme existe, podem vê-lo. E encontrar outras perguntas, outras respostas.

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