8.5.06

Cá & Lá


C. conta-me a seguinte história real, passada na sua escola. Uma aluna angolana engravidou e, há cerca de dois anos, teve um bebé. Numa tarde destas, a jovem levou o rebento à escola, para o mostrar aos colegas da turma e aos seus professores. Trata-se de uma criança muito bonita, um rapazito que C. julgou ser uma menina por causa do cabelo, comprido, nunca cortado, cheio de caracóis. E todo apanhado com um elástico, num carrapito, no cimo da cabeça. Razão para os pais não terem ainda cortado as melenas ao petiz? Segundo a tradição cultural e religiosa da família, só a avó paterna pode cortar (ou autorizar que corte?) o cabelo do neto. Mas o neto nasceu em Portugal, e nunca foi a Angola. E a avó nasceu em Angola, e ainda não veio a Portugal. Pelo que o cabelo, e respectivos caracóis, continuam a crescer, indiferentes a tradições familiares, culturais e religiosas.

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