Compro jornais por causa dos livros que os acompanham. Ou por causa dos Cd's. Ou por causa dos Dvd's. Inversão de valores, pois os jornais deviam ser a razão óbvia da sua compra? Talvez a questão seja outra: entre o tempo veloz do que passa e o tempo lento do que fica, entre a actualidade e o que vai para além dela, o meu ritmo é o do caracol (até a leitura dos jornais é tardia). Mas se o jornal de hoje é desmentido pelo de amanhã, um bom livro é verdadeiro hoje e amanhã. Um Cd de (grande) música, ou poesia, é de todos os dias, de quase todas as horas. Um filme, de qualidade, é um convite permanente à revisitação. Podemos ver nisto uma espécie de fuga à realidade. Mas o que é a realidade? Ou podemos ver nisto um desejo de interromper o fluxo dos segundos, dos minutos e das horas: uma paragem para ganhar perspectiva, para respirar de novo. Sentir, mesmo que ilusoriamente, o instante que toca o intemporal (a suspensão da passagem do tempo). A utopia que só a arte e a literatura são capazes de produzir. E o amor.
4.5.06
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