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Os livros e a areia. O plural e o aparente singular (a areia faz-se de milhões de grãos, todos eles únicos na sua morfologia). Masculino e feminino (e o reverso: palavras, grãos). Os livros na vertical, como arranha-céus. Como paisagem urbana:
skyline. Querem tocar o azul mais distante, inatingível. A areia como praia, ou mar esparramado em busca do horizontal. Areia branca contra o escuro das lombadas. A areia a suster os livros - sem ela, cairiam desamparados. Duna a segurar o mar das palavras: infinito, infinitos. Mineral, folhas, pó de onde vimos, a que regressaremos. Livros feitos de areia, livros feitos em areia.
O Livro de Areia, como Borges mostrou: "disse-me que o seu livro se chamava o Livro de Areia, porque nem o livro nem a areia têm princípio nem fim." (Estampa, Lisboa, 1981, p. 127). Fim. E, de novo, o princípio. De novo.
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