31.3.06
Isto é tudo o que ele diz antes de
Algumas palavras agarram-se
Enquanto lá fora o dia
Quando é que um texto
Se os dicionários são
Escrevo sobre isto
Os lugares são muito mais
Estou quase sempre a pensar em vocês ...
Estou quase sempre a pensar em vocês ... Estou quase sempre a pensar em vocês ... Estou quase sempre ...
Alguém escreveu uma carta
30.3.06
Jornal de parede (última página / versão condensada)
"Vi um polvo num buraco"
"Gostei dos mergulhadores a limpar"
"O mar tem buracos"
(frases expostas nas paredes da sala do colégio de W.;
autores: os meninos e as meninas da sala - de 3 a 5 anos;
fonte de inspiração: uma visita ao Oceanário de Lisboa).
Jornal de parede (primeira página)
"Quero uns sapatos todos iguais, mas não novos"
"Os amigos chamaram o Dr. Caracol"
"Eram as amigas formigas, os grilos, as borboletas e os gafanhotos"
"Havia um carrossel, comboios, música e comida. Era uma festa com bolos"
"Havia chinelos e sapatões"
"Era uma vez uma centopeia..."
(Algumas das frases expostas nas paredes da sala do colégio de W.;
autores: os meninos e as meninas da sala;
fonte de inspiração: a história da centopeia Doroteia)
K. vai ao Shopping (1º episódio)
29.3.06
3 X 100 kms
Daqui a nada, diz que chove, conto como foi. Arrumo uns MP3s na bagagem, de B&W na mira, eu que só penso num sol generoso a puxar pelas cores que há no mundo. Arre, cinza! Até já, até já. (E, já agora, o tipo tinha razão: tudo é relativo, claro. As melhoras.)
Caderneta de Cromos (da bola)
Não esqueçam: na terça-feira há treino.
Da grandeza das coisas (em registo escatológico-familiar)
Pásion
Amor, mi vida es sufrimiento
Yo te quiero en mi camino
Por vos cambiaba mi destino
Ay, abrazame esta noche
Y aunque no tengas ganas
Prefeiero que me mientas
Tristes breves nuestras vidas
Acercate a mí, abrazame a ti por Dios
Entregate a mis brazos
Tengo un corazón ganando
Yo sé que vos me estas escuchando
Con mis lagrimas te quiero
Pasión, sos mi amor sincero
Ay, abrazame esta noche
Y aunque no tengas ganas
Prefeiero que me mientas
Tristes breves nuestras vidas
Acercate a mí, abrazame a ti por Dios
Entregate a mis brazos
Rodrigo Leao/ Lula Pena
Caderneta de Cromos
Contabilista vegetariana. Coloca uma folha com gráficos de barras na mesa, entre o garfo e a faca, e marca um número no telemóvel. “Está, meu querido? Preciso de uma ajuda tua”. A empregada aproxima-se com o sumo de laranja e ela lança-lhe um sorriso amarelo. “É uma expressão de contabilidade”. Beberica o sumo. “Escuta: the largest the company, the largest the turnover share”. A empregada chega com a lasanha de espinafres, num prato ligeiramente micro-ondas-fumegante e ela pega na folha dos gráficos. “Não, eu percebi tudo menos turnover share, como é que se diz em português?” questiona, pousando o diagrama junto do guardanapo de papel. “Diz-se turnover share?!” A empregada afasta-se, deixando esvoaçar um “bom apetite!” que acaba por pousar na folha com barras coloridas, na terceira coluna, a contar da esquerda.
Caderneta de Cromos
Taxista de Lisboa. Através do espelho retrovisor, daqueles panorâmicos, espreita-me com uns óculos escuros, também panorâmicos, aros dourados em curva, segurando lentes verdes que acompanham as maçãs do rosto ossudo, rematado por uma cabeleira branca, muito escovada para trás. “Eles andam mesmo na caça à multa, já reparou?” Noto a fila de carros encostados à berma, alguns metros depois do óbvio carro azul escuro, solitário, com uma espécie de homem-estátua lá dentro. Quando mete uma mudança, faísca o cachuco no dedo mindinho. “Outro dia um advogado que eu transportei (transporto muitos, sabe?) disse-me que, se as pessoas estivessem informadas, não pagavam e até podiam apresentar queixa”. Ai sim? “Sim senhor! Eu até tenho para aí o cartão, se quiser posso tentar encontrá-lo, quer dizer, tenho imensos cartões de advogados mas é uma questão de ir telefonando, até acertar no que me deu esta dica, está a ver?” Entre cada mudança, com o faiscante cachuco e uma volta no gordo volante, agita o corpo franzino no banco e volta a espreitar-me por detrás dos óculos escuros panorâmicos, espelhados no panorâmico retrovisor. Tem vestido um fato de treino branco, acetinado. “A questão é que devia estar uma placa, no início da avenida, a dizer velocidade controlada por radar!” Na bolsa das costas do banco do lugar do morto estão algumas revistas, uma de automóveis, outra do Correio da Manhã e uma feminina, o serviço completo. Mais uma guinada no volante, um estremecimento do cetim de treino, cachuco, óculos, espelho. “Não é a nossa lei, percebe? É a lei da Europa, foi o que me disse o advogado, aí onde o senhor vai”. Viro-me para trás, ainda a tempo de ver uma sucessão de luzes de stop, indicando que alguns condutores deram pelo suspeito carro azul na berma. “Mas também só cai quem quer, os tipos são tão estúpidos que páram ali o carro, naquele sítio, e ainda por cima azul!”
28.3.06
Da importância das cores (equipamento alternativo)
Da importância das cores
Da relatividade do tempo
Da grandeza das coisas
Ogham, Iaki, Chamicaro
O que significa isto? Que língua é esta?
Cinefilia 14 (ou dos malefícios do Jazz)
(Colateral, de Michael Mann (2004). Com Tom Cruise, Jamie Foxx, Jada Pinkett Smith, Mark Ruffalo, Peter Berg. 27.03.06, no Premium).
Herberto Helder, como se falasse de j.
Finge as suas caras nas poças interiores.
O actor põe e tira a cabeça
de búfalo.
De veado.
De rinoceronte.
Põe flores nos cornos.
Ninguém ama tão desalmadamente
como o actor."
(in Poesia Toda).
27.3.06
A rota (evitar ler em voz alta)
Isabel Pires de Lima, ministra da Cultura (?), entrevistada por uma aguerrida Fátima Campos Ferreira, esta noite na RTP1, depois de prometer também "um choque tecnológico para a Cultura" e "aproximar a Cultura das pessoas".
Sentido Possível
Manoel de Oliveira, 97 anos, esta noite na RTP1, a uma gongórica Fátima Campos Ferreira que o bombardeou com perguntas sobre a morte, eventualmente na expectativa de que esta seja a (famosa) última entrevista.
Sófocles, em Tebas
A Sombra de William Shakespeare
Prémios Jornal da Noite do Dia (de hoje)
"Desemprego, doença, reforma. Subsídios podem ser pedidos pela Internet."
(Teleponto de Bronze).
"Em Santarém. Burlões enganam professores reformados."
(Teleponto de Prata).
Sisters! brothers! small Boats of Fire Are Falling from the Sky!
26.3.06
Cinefilia 13
Ghouly: "Sabes qual é o teu problema? Lês demasiados livros! Porcaria de livros a mais! Dão-te a volta ao miolo.
Johnny: É essa a tragédia americana. Precisamos de algo que nos distraia. Tudo o que temos são livros. E talvez a rádio e o cinema. Mantêm-nos vivos. Eu acho que a vida é insípida sem o cinema, não achas?
Ghouly: Eu acho que vais para o Inferno por falares assim!"
Um filme sobre a solidão, a nossa grande solidão.
"- Chez, Chez, dá-me o revólver.
- E vivia sem os meus irmãos!?
Buuum."
(Man)Obras na Costa
Fomos ver (e ouvir) o Mar da Costa. E vimos gruas, vedações metálicas, buracos e muita poeira. O homem tenta remediar os males que fez / faz (olhem aquelas torres de apartamentos e apart-hoteis a esconder a arriba!) à casa natural na qual vive e respira: constrói, com pedra pesada - arrancada onde? - e betão, uma muralha que procura calar a linguagem do mar. Fomos ver e ouvir o mar. E vimos e ouvimos. E o mar estava, ao mesmo tempo, cansado e zangado. Ou, pelo menos, parecia.
O Processo, segundo K.
Prémio Eu Também Não Seria Uma Pessoa Mentalmente Sã Se Fosse Neto de Um Ditador Do Dia (de ontem)
Cinefilia 12
Da primeira Morte de Laura (apenas alguns exemplos):
"É fácil ter sentimentos a 50 cêntimos a palavra."
"Não sou amável, sou odioso. É essa a razão do meu encanto."
"É melhor ter cuidado ou ainda acaba no manicómio. E eles nunca devem ter tido um paciente apaixonado por um cadáver."
"- O que quer saber? / - O que todos queremos saber. Quem matou Laura Hunt?"
"- Vou chamar a Polícia. / - Eu sou a Polícia."
Da Segunda Morte de Laura (alguns exemplos mais):
"O que eu quero é resolver o mistério. Quem foi assassinado e quem foi o assassino."
"Não se pode confiar em tipa nenhuma."
"Alguma vez viste um fantasma pedir ovos?"
"Preciso de autorização da Polícia para beijar a minha noiva?"
"Não queres desmaiar outra vez? Foi a única vez que te vi calado."
"Não, nunca matei. Mas sou capaz."
"Estava 99% seguro de si. Mas precisava de eliminar o 1% restante."
"Sou tão culpada como ele. Não pelo que fiz, mas pelo que não fiz."
"O amor é mais forte do que a vida..."
"Waldo, já roubaste uma vida. Não é suficiente?"
"Adeus, Laura. Adeus, meu amor..."
in Laura, produzido e realizado por Otto Preminger. Com Gene Tierney, Dana Andrews, Clifton Webb, Vincent Price, Judith Anderson. Em 1944. Nos Estados Unidos da América.
25.3.06
Cinefilia 11
Does God's light guide us or blind us?
México.
Muito, mas muito forte ...
Até agora o melhor de todos ...
e tb já vi o do Sean Penn ...
K. said... (ou melhor, cita, e pede esclarecimento)
"Um delírio, um delírio, este post. Mas, acrescente-se com uma pontinha de enviesamento sexista: por que carga de água é que a companhia será "(feminina desejavelmente)"? Quer K. arredar do blog alguma eventual Leitora, que aprecie carnes um pouco mais rijas? Meu caro K., não lhe parece perigoso começar a matar, à nascença, a possibilidade de sermos lidos, consultados, quiçá digitalizados por senhoras, senhoritas e meninas?"
Obviamente, K. não deseja reduzir a sua intervenção neste blogue a produzir comentários sobre os comentários de j. No entanto, em nome da sua honra e dignidade de "contributor" desta ponte e suas entradas, K. sente o dever de se referir ao citado comentário, não para o comentar (e muito há a comentar!), mas para pedir ao seu ilustre autor um necessário, nos tempos que correm, esclarecimento. A saber: quando o meu querido amigo, acerca de matéria tão séria como aquela que aqui tratamos, decide terminar o seu comentário com uma tripla enumeração, cujo elemento final é, passo a re-citar, "meninas", fá-lo em sentido metafórico ou literal? Se metafórico for o caso, K. está preparado para desenvolver todos os pontos da sua contra-argumentação, agora mesmo suspendida por falta do seu, afável amigo, esclarecimento; porém, se a palavra "meninas" tiver sido incluída no seu comentário, concluindo-o, em sentido literal, deve então o meu amigo definir, previamente, os limites etários a que se está a referir. É que K. está aberto a discutir, comentar e abordar tudo o que diga respeito à maravilhosa criação de Deus que é a Mulher (e, muito especialmente, a Mulher Leitora!). Mas K. não pretende correr o risco de ser processado por utilizar linguagem considerada chocante para menores! Por isso K. pede que o esclareça; ou melhor, que nos esclareça, caro amigo! Dito isto, dando tempo ao tempo, K. vai ver o Benfica. E, como é hábito, sofrerá até ao último segundo do jogo. Sozinho na sala. Sem a desejável companhia de senhoras, senhoritas ou meninas.
DADOS PARA UMA AVALIAÇÃO OBJECTIVA DA PRODUTIVIDADE NACIONAL (fornecidos por K. sobre o dia agora a meio)
Limpeza do pó & outras sujidades: 60 minutos.
Aspiração de poeiras & outras sujidades: 35 minutos.
Jornais comprados na Papelaria do Senhor R.: 2.
Jornais folheados à pressa durante o almoço: 2.
Jornais lidos: 0.
Conversas breves e consequentes com a Senhora K.: mais ou menos 7.
Portefólios de alunos lidos e avaliados (devolver na próxima semana): 11.
Testes de alunos por corrigir: 11.
Turmas com a avaliação deste período praticamente concluída: 3.
Turmas com a avaliação deste período não concluída: 2.
Posts próprios: 2 (incluindo este).
Poemas: 0.
Prémio Jim Thorpe do Dia
Meus amigos ...
Ora, hora!
Cordão Humano
20 anos
Perto dos quarenta, o que se escolhe?
K. said... (ou melhor, recusa traduzir, indignado)
24.3.06
K. said... (ou melhor, resmungou, mas baixinho)
K. said...
Prémio Rio Sul Shopping do Dia
Comments ...
Infância (de relance)
A flauta do amolador serpenteia pela rua. Um gato suspende o salto. Uma fisga. O gato conclui o salto, com elegância. A rua segue a flauta. Fica pousada a fisga.
Alguém tinha de pôr a questão da liberdade de expressão
Será Frank Zappa o K.(appa) da música?
Será Robert Cappa o K.(appa) da fotografia?
Será Kappa a K.(appa) das marcas de produtos de desporto?
Haverá neste blogue espaço para as perguntas idiotas de K.?
4 de 11 perspectivas ...
23.3.06
DADOS PARA UMA AVALIAÇÃO OBJECTIVA DA PRODUTIVIDADE NACIONAL (fornecidos por K. sobre o dia agora no fim)
Aulas dadas: 6.
Aulas não dadas: 1 (motivo: falta inexplicada dos alunos).
Testes entregues aos alunos e corrigidos em aula: 21.
Conversas breves e inconsequentes com colegas na Sala de Professores: mais ou menos 7.
Posts próprios: 8 (incluindo este).
Comentários a posts de pb: 1.
Comentários a posts de j: 3.
Comentários a posts de Lp: 2.
Poemas: 0.
Dos malefícios da literatura (segundo K., numa versão de 2005)
Dos benefícios do tabaco 2
O inferno são os outros (Sartre)
De Quimigal ao canto da boca
acetona (removedor de esmalte)
terebentina (dilui tinta de óleo)
formol (conservante de cadáver)
amónio (desinfectante para pisos, azulejos e wc's)
naftalina (eficiente mata-baratas)
fósforo P4/P6 (usado em veneno para ratos)"
(De um trabalho em curso.)
Nota: claro que são quantidades ínfimas. Só fazem efeito ao fim de alguns anos.
Ainda as árvores (e os pássaros)
Eu, que já me decidi pela cremação, sinto-me tentado a mudar a última vontade: sempre gostei de receber bem os meus amigos.
Ocidente / Oriente
22.3.06
Pensando bem, afinal ainda há espaço para a Filosofia
Se
The Ice Storm (Ang Lee, 1997)
como uma muralha
Com a tua casa de pedra e betão
ficas protegido da tempestade de gelo
e dos ventos ciclónicos dos outros
da chuva de agulhas do trabalho da cólera
Mas quem vai proteger-te
da pedra? e do betão?
Quando é com palavras
que carregas o revólver
a bala sai pela culatra
sempre direita ao coração.
Trabalho com a letra K.
Ainda outros nomes & assinaturas
Para acabar de vez com a inocência (nove variações em K.)
Para acabar de vez com a inocência (fim)
- "A racionalidade não nos salvará"
- "Existe algo para além de si próprio"
- "Maximizar a eficiência"
- "A proporcionalidade deve servir de directriz na guerra"
- "Obter dados"
- "A crença e a visão costumam estar erradas"
- "Esteja preparado para rever o seu raciocínio"
- "Para fazer o Bem talvez seja preciso fazer o Mal"
Campo de aplicação: Cuba / Vietname.
Contexto: Guerra Fria / Guerra Quente (anos 60 / 70)
Docente: Robert S. McNamara, Secretário da Defesa de J. Kennedy e L. Johnson, in Testemunhos de Guerra / The Fog of War, de Errol Morris (segunda à noite, no Lusomundo Gallery)
Nota de rodapé: este também não é um post cinéfilo.
Mais nomes & assinaturas (acompanhados com fruta)
21.3.06
Outros nomes & assinaturas
Brincadeiras de crianças
Para acabar de vez com a inocência
- "Criar empatia com o inimigo"
(...)
Décima e Décima Primeira de onze lições:
- "Nunca dizer nunca"
- "Não se pode mudar a natureza humana"
Lição Suplementar:
- "Nunca responder à questão"
Docente: Robert Strange McNamara, Secretário da Defesa de John Kennedy e Lyndon Johnson, in Testemunhos de Guerra / The Fog of War, de Errol Morris (ontem à noite, no Lusomundo Gallery).
Nota de rodapé: este não é um post cinéfilo!
"Blogger Problem"
"Blogger Problem
This server is currently experiencing a problem. An engineer has been notified and will investigate."
sem título 4
Prova de estafetas
Nomes & assinaturas
Doenças provocadas pela água matam uma criança a cada 15 segundos
in TSF online, 06/03/21
Febre
agarram-me ao écran.
Agenda: café e duche. Sair
com as palavras a dançarem nos olhos.
Dizes, talvez, Primavera.
In and out
Que o mundo exterior, como tu, filósofo, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo
[da realidade?
Alberto Caeiro
Carlos de Oliveira
com versos de Desnos, Maiakovski e Rilke
Palavras,
sereis apenas mitos
semelhantes ao mirto
dos mortos?
Sim,
conheço
a força das palavras,
menos que nada,
menos que pétalas pisadas
num salão de baile,
e no entanto
se eu chamasse
quem dentre os homens me ouviria
sem palavras?
sem título 3
An apple a day keeps the doctor away.
Dia Mundial disto e daquilo
Oliveira
Carvalho
Gingko Biloba
Dragoeiro
Laranjeira banda sonora: “Sentimental Journey” Ella Fitzgerald, 1947
& um poema de Mário Cesariny na rádio:
“no país no país no país onde os homens
são só até ao joelho
e o joelho que bom é só até à ilharga
conto os meus dias tangerinas brancas
e vejo a noite Cadillac obsceno
a rondar os meus dias tangerinas brancas
para um passeio na estrada Cadillac obsceno(...)
(técnica mista)
O paraíso é exctamente como
Que silêncio! De palavras?
20.3.06
19.3.06
O avô (ainda a tempo deste dia)
Escrevi:
"O meu tinha uma mercearia, com uma faca no balcão para cortar bacalhau - um adereço quase cinematográfico, juntamente com o alçapão para a cave. Lembro-me que, nesse tempo, quando o visitava na loja, daquelas com medidas de madeira para feijão, grão e Cª, o avô cheirava a mistérios embrulhados em cartuchos de papel. E havia rebuçados e "folhas de alface", como chamava às notas de 20 paus. E as mãos fortes do avô. Lembro-me, pois."
Mil imagens
Diz que “a vida indocumentada não merece ser vivida”. É que “se tiver que escolher entre olhar uma coisa e fotografá-la, prefere fotografá-la” escreve Alexandra Prado Coelho na Pública de hoje, permitindo-nos redescobrir um dos nossos emigrantes de luxo e, ao mesmo tempo, lançando uma pista para uma boa conversa. Agora, Jorge Colombo “está fascinado com filmes de um minuto”. Vale a pena espreitar.
O meu Dia do Pai
Dia do Pai (fim) ou
"ele (Brod) publica tudo, sem discernimento; até mesmo essa longa e dolorosa carta achada numa gaveta, carta que Kafka nunca se decidira a mandar ao pai e que, graças a Brod, à excepção do seu destinatário, quem quer (que) fosse doravante poderia ler." (in Os Testamentos Traídos, p. 239, tradução de Miguel Serras Pereira).
Nesta sequência, à mente de K. assoma outra lembrança, a de que o polaco nascido Josef Konrad Korzeniowski será mais tarde o inglês que assinará Joseph Conrad, autor de O Coração das Trevas, a narrativa que inspirará Coppola em Apocalypse Now: "- O horror! O horror!". As penúltimas palavras de Kurtz.
Foi assim que K. ficou obcecado com a letra K.
Justificação
Desenhos & fotografias
Cinefilia 10
Cinefilia 9
Volto a Jarhead/Cabeça de jarro para dar o devido valor ao processo sistemático de desvendamento/ocultamento de situações vividas pelos dois fuzileiros protagonistas: as portas que se fecham, depois de terem sido entreabertas, sobre a concepção e as relações familiares da personagem Anthony S. - lamento, mas não consigo lembrar com exactidão o seu "strange name" - ou o segredo de Troy sobre a sua vida criminal anterior. Consequência deste processo: a dúvida do espectador sobre o que Anthony terá visto/feito, na sequência da auto-estrada da morte, depois de se ter afastado do pelotão sob pretexto fisiológico - a resposta dada ao sargento de que "ali não há nada" é correlata das portas que ele nos fecha sobre o seu passado no início do filme. Veja-se a esta luz a imagem final da janela que se tranforma em ecrã e que mostra que o deserto já não está lá fora, mas bem dentro da personagem. De nós? Há coisas que nunca saberemos sobre nós próprios
Imperfeito do Indicativo
Perguntava-me para que servia aquilo. Respondia que ajudava a encontrar alguma serenidade. Ou exactamente o oposto.
“A Srª Saeki fitou as suas mãos pousadas na secretária, depois levantou os olhos para Nakata.
- As recordações são aquilo que nos aquece a alma. Mas também despedaçam o nosso coração.
Nakata abanou a cabeça.
- Essa é das difíceis. Nakata não compreende o que são recordações. A única coisa que compreende é o tempo presente.
- Comigo passa-se exactamente o contrário – disse a Srª Saeki”
Kafka à beira-mar, Haruki Murakami
Cinefilia 8
18.3.06
Violência
A sombra dentro do homem. Um passado que explode no coração de uma família. Uma bela líder de claque. Uma arma. Uma bofetada. A multiplicação da suspeita. O contágio da violência. O difícil equilíbrio da repulsa feita desejo. Um nome ou talvez dois. O Bem ou talvez o Mal ou talvez o Bem ou talvez
O sexo em silêncio
Cinefilia 7
"Pior / ainda que esta canção de enlouquecer / é o vosso silêncio."
("Worse / Even than your maddening / Song, your silence.")
E versos como estes fazem alguma diferença.
Cinefilia 6
"He whose faces gives no light, shall never become a star."
("Aquele cujo rosto não irradia luz nunca se transformará em estrela").
Talvez isto possa servir, também, de homenagem à pintura e aos desenhos de Mário Botas.
Cinefilia 5
3 Doces e não se fala mais nisso
Estou a sentir-me um pouco Abrupto, diria mesmo Pacheco Pereira, em noite eleitoral, de portátil no colinho, a inserir pequenas notas de rodapé.
17.3.06
Churrasco
Doce da Avó
Cinefilia 4
Cinefilia 3
Cinefilia 2
Apeteceu-me
Kind of Blue
à justa para chegar a casa, atravessando a cidade, quase rio de luzes rastejantes.
Miles atacou o primeiro cruzamento aos 21 segundos,
sobre textura de
sopros e vassouras e um leve tamborilar de piano e por aí fora.
Já sei que não gostas lá-sol-fá-si muito de jazz mas juro-te que
hoje foi a banda sonora ideal.