29.3.06

Da grandeza das coisas (em registo escatológico-familiar)

Nada do que é humano me é estranho. Tudo se relaciona com tudo. O bater de asas de uma borboleta aqui pode provocar um tufão na China. K. tem a impressão de que isto pode ser verdadeiro, objectivo, cientificamente comprovável e filosoficamente argumentável. Mas quando o jovem Y. vomita, no chão do seu quarto, às 4 da manhã, o jantar da véspera e o pequeno W. insiste, no dia seguinte, em guardar teimosamente dentro de si o trânsito intestinal (com as consequentes reacções de agonia, repulsa, desespero, pânico, choro e ternura final da Senhora K.), para além de constatar o comportamento diametralmente contrastivo dos seus filhos (Y. expulsa, W. retém), facto que mereceria alguma atenção, K. conclui que está muito mais obcecado com as matérias quentes, pegajosas, pastosas, castanho claras e castanho escuras, amareladas, verdes, pestilentas e terrivelmente mal-cheirosas que jorram ou ficam presas no interior dos corpos por si mais amados do que com todas as equações e palavras produzidas sobre as fascinantes relações entre Luz, Energia, Massa, Tempo e Espaço que fundamentam e formam a Teoria da Relatividade, aquela que (não) diz que tudo, afinal, é relativo.

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