25.3.06

K. said... (ou melhor, recusa traduzir, indignado)

j. coloca K. perante um grave problema de tradução no seu comentário ao post anterior a este, levantando, intencionalmente, ou não (não é essa a questão!), a difícil ou problemática relação entre a letra e o espírito do que se diz, ou escreve. Num golpe, digamos a verdade, traiçoeiro, embora maquilhado de desprendido comentário sobre peãs, malinhas e quejandas, j. confronta K. com essa tremenda e absolutamente impronunciável palavra que é, nem mais, nem menos, notem: kosmestikadressen (reparem no arrastamento das sibilantes, pura serpente feita de quatro ssss; e na utilização dos dois kk, espécie de duplo murro no estômago, primeiro com a esquerda, logo a seguir com a direita). Ora, embora K. traduza muito (e alguns dizem que bem!), a verdade é que o seu alemão não chega para tanto. E j. sabe-o! Mas finge que não sabe! Por isso, K. não aceita traduzir, ou melhor, recusa traduzir, e opta por fornecer ao Leitor, Merecedor de Todo o Respeito, não uma, não duas, mas três opções de tradução da malfadada, tremenda, absolutamente impronunciável palavra. Assim, segundo K., kosmestikadressen poderá significar apenas: opção a) endereço cosmético; opção b) endereço cósmico; opção c) endereço cómico. O Leitor, Merecedor de Todo o Respeito, que escolha a que melhor lhe convier de acordo com a sua disposição, a situação e a companhia (feminina, desejavelmente). "Tradução traição é que não!", diz K. E parece, de facto, realmente, sem dúvida, indignado.

1 comentário:

j disse...

Um delírio, um delírio, este post. Mas, acrescente-se, com uma pontinha de enviesamento sexista: por que carga de água é que a companhia será "(feminina, desejavelmente)"? Quer K. arredar do blog alguma eventual Leitora, que aprecie carnes um pouco mais rijas? Meu caro K., não lhe parece perigoso começar a matar, à nascença, a possibilidade de sermos lidos, consultados, quiçá digitalizados por senhoras, senhoritas e meninas?