29.3.06

Caderneta de Cromos (da bola)

Treinador de futebol dos juvenis. Bigode acerado, na aparência sério. Aos domingos de manhã, dia de jogo, oscila entre o fato de treino e o blusão de ganga que já viu melhores dias. A táctica, com variantes episódicas, acaba por ser a mesma para todos os adversários, menos para o Barreirense que, esta época, não tem dado hipóteses. Hoje, a jogar fora, contra um Corroios normalmente bem organizado no meio-campo e perigoso no ataque, resolve meter mais um no meio, mais recuado, e dizer aos da defesa: "Jogam em linha, 'tá bem? Mas, muita atenção, ninguém se atrasa a sair. Ó Belo, és o jogador de comando cá atrás. Eh pá, e metam rápido a bola a correr p'las pontas, para depois se cruzar". Nestes momentos de tensão, antes da entrada dos putos no pelado, não deixa de reviver, mais uma vez, esse fogo que arde em si, a paixão, essa, de sempre. A de jogar e ver jogar à bola. Não propriamente o futebol, que é coisa que, bem espremido o fruto, não entende por aí além - mas não diz mal do Mourinho, embora não compreenda alguns dos termos das conferências de imprensa. No fim do jogo, e porque as coisas não correram mal de todo - um empate fora é, quase sempre, um bom resultado! - diz ao grupo: "Bom trabalho, rapazes!" Mas termina, virando-se para um ponta-de-lança esgotado e esparramado ao seu lado, no banco de cimento gelado de um balneário minúsculo onde todos se apertam: "Ai aquela bola no fim, Nélson! Foda-se, como é que foste acertar na cabeça de caralho do guarda-redes dos gajos?!". Que pergunta, Mister!
Não esqueçam: na terça-feira há treino.

1 comentário:

j disse...

É bom, é muito bom !