Uma das obrigações de uma gasolinoteca séria é a de preservar a memória da arte gasolinográfica. Eis alguns títulos que deveriam constar de uma lista de aquisições a efectuar desde já, antes que o preço do barril chegue aos, sei lá, 75,3 ou 82,6 dólares:
"Por um Punhado de Barris": Clint aos tiros em pleno deserto saudita. De antologia, a cena da beata cuspida para o meio dos ditos barris, na sequência que fecha o filme e cita directamente as imagens das explosões em Apocalypse Now.
"Esplendor na Nafta": Warren e Nathalie em cenas escaldantes, sempre com velas acesas à volta, em detalhe romântico, negros de paixão e de se rebolarem na areia poluída da praia. De antologia, a cena da citação de O último tango em Paris, mas sem vaselina, substituída pelo crude.
"Crime no Petroleiro do Oriente": Ustinov resolve mais um caso sem usar a força, apenas o poder da sua mente e das suas capacidades de especulação (petrolífera). Todas as cenas são de antologia.
"Há Lodo na Plataforma": Brando mais suado e oleoso que nunca, cheio de problemas de consciência por ter traído os seus colegas da plataforma. Filme sobre a culpa e a redenção. Os bons vencem, mas não convencem. Brando, no fim, escorrega no lodo e cai ao mar. E não há cena de antologia que o salve.
No caso de a Administração entender como válida uma política de aquisições mais vasta e diversificada, que abranja a literatura e a música, sugerem-se, de seguida, dois exemplos prioritários em cada uma das citadas áreas:
Literatura: A Ilha do Tesouro Negro, o clássico da literatura juvenil de Stevenson; e O Poço de Petróleo e O Pêndulo, um dos grandes contos de terror de Edgar Allan Poe.
Música: "Golden Brown", a conhecida canção dos Stranglers; e a obra completa do saudoso Trio e/ou Duo Ouro Negro.
(Nota final: não comprar, sob pretexto algum, o derivado português Há Petróleo no Beato.)
2 comentários:
Um post de antologia.
Apenas um detalhe: em Paris, não seria manteiga? Não é que faça diferença ao colesterol.
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