Cruza o passeio, veloz, com uns óculos que lhe cobrem uma terça parte do rosto, contas de fugida. "Chamam-se máscaras, doutora!" garante Eulália, puxando os óculos dourados, sobre o nariz suado da limpeza do patamar e das escadas de entrada. "A minha filha já me disse que quer uns e eu disse-lhe ó filha tu és maluca, agora vais andar para aí com a alma mascarada, nem pensar, nem eu nem o teu pai, escusas de começar com ideias!". A doutora pousa os sacos do Pingo Doce enquanto abre um sorriso e a portinhola do correio. "A alma mascarada?!" Eulália apoia-se no cabo da esfregona, cruza as pernas, deixando cair um dos chinelos e atira, definitiva: "Então não dizem que os olhos são o espelho da alma?".
Estica os lábios, num esgar que lhe marca os tendões do pescoço, deixando à mostra os incisivos, os caninos e os pré-molares. Identifica um pedaço de espinafre entre o canino e o primeiro pré-molar, do lado direito em cima. Com a ponta da unha do dedo mindinho da mão do mesmo lado, puxa o fiapo vegetal, que se cola de imediato ao verniz escarlate, cedendo sem resistir. Meticulosa, passa a língua sobre os dentes brancos, primeiro nos de cima, da esquerda para a direita, e depois nos de baixo, em sentido contrário. Destapa o frasco do rímel e aproxima mais o rosto do retrovisor, no exacto momento em que, por alívio do pé no travão, o seu automóvel desliza contra o da frente, com um baque ligeiro, surdo, como se costuma dizer.
Salta do cavalo Silver e marca na porta da caravana dos cachorros quentes um inequívoco Z. Guarda a lata de spray, num slow motion muitas vezes ensaiado nos espelhos do Colombo e na porta do guarda-fatos da Guilhermina, ajeita a pala do boné e, num gesto que é como uma segunda pele, acaricia a argola de ouro, no lóbulo da orelha esquerda. Terá chegado tarde de mais? Nunca o saberemos. Pula para a garupa do garanhão, liga os subwoofers nos alforges e afasta-se, a galope, largando ao vento a voz sincopada de 50 Cent.
Estica os lábios, num esgar que lhe marca os tendões do pescoço, deixando à mostra os incisivos, os caninos e os pré-molares. Identifica um pedaço de espinafre entre o canino e o primeiro pré-molar, do lado direito em cima. Com a ponta da unha do dedo mindinho da mão do mesmo lado, puxa o fiapo vegetal, que se cola de imediato ao verniz escarlate, cedendo sem resistir. Meticulosa, passa a língua sobre os dentes brancos, primeiro nos de cima, da esquerda para a direita, e depois nos de baixo, em sentido contrário. Destapa o frasco do rímel e aproxima mais o rosto do retrovisor, no exacto momento em que, por alívio do pé no travão, o seu automóvel desliza contra o da frente, com um baque ligeiro, surdo, como se costuma dizer.
Salta do cavalo Silver e marca na porta da caravana dos cachorros quentes um inequívoco Z. Guarda a lata de spray, num slow motion muitas vezes ensaiado nos espelhos do Colombo e na porta do guarda-fatos da Guilhermina, ajeita a pala do boné e, num gesto que é como uma segunda pele, acaricia a argola de ouro, no lóbulo da orelha esquerda. Terá chegado tarde de mais? Nunca o saberemos. Pula para a garupa do garanhão, liga os subwoofers nos alforges e afasta-se, a galope, largando ao vento a voz sincopada de 50 Cent.
2 comentários:
pois ... era o q o velho do restelo falava ... as melgas atacam ...
A Sara Spam? Oh, uma velha amiga, god damn it! Puta fina, puta fina..
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