24.4.06

Notas Para Um diálogo Interrompido

(Mulher de pé e homem deitado, com corvos. Bombaim ao fundo. Foto de Sebastião Salgado).


(Cidade do México: casas, neblina, poluição atmosférica, luzes e montanhas ao longe. Foto de Pedro Coelho).

Faltam imagens de Moscovo e de Nova Yorque. Mas há-de faltar sempre alguma coisa. Isso não impede a vontade que se tem de escrever sobre as imagens. A vontade de pensar (sobre) as imagens. Pensar e escrever como processos interdependentes de quem procura compreender melhor as imagens. É, sem dúvida, uma procura, uma interrogação, uma tentativa: trazer alguma luz, se possível, às imagens, porque elas apresentam grandes sombras (são, em grande parte, imagens escuras, nocturnas, rápidas, fechadas). Tentar ver o que se vê nas imagens. E o que não se vê. Olhar a sua superfície, mas ir mais fundo. Atravessar a linha. Precisar de tempo para isso. E dizer, neste momento, apenas: notas breves para um diálogo interrompido. Antes de correr para a escola. Trabalhar. (Sobre)Viver. E sentir, bem viva, essa vontade de escrever e pensar (sobre) as imagens do filme de ontem à noite: Megacities, de Michael Glawogger. Filme de muitas imagens, e algumas palavras. A pedir mais palavras.

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