Décima primeira impressão: da leitura dos posts e da continuação da lista. Sim, li todos os teus posts. E li a tua segunda lista. Mas esse é, de facto, o centro da questão: trata-se de uma segunda lista, que aparece quase no fim da primeira (faltava um nome; muito bem escolhido pelo j., faça-se-lhe justiça). Mas é uma segunda lista, cronológica e cinematograficamente falando. Não tem a dimensão da primeira. Para qualquer um de nós, parece-me (se me for permitido aqui o uso deste "nós"). Nem Spielberg, nem Boorman, nem Lee estão na primeira lista, e tal não é um acaso. Mas o problema também não é esse, porque, na verdade, o gozo não está em ir acrescentando nomes à lista. O gozo é escolher, afirmar, tomar partido, pensar os motivos de uma escolha. Qual é o gozo de uma listagem que só termina quando já não nos lembramos de mais nenhum nome? O gozo não é, precisamente, propor Kubrick ou Ford em vez de Spielberg ou Lee? De contrário, toda a gente entra, vale tudo o mesmo, anything goes. Mas vale tudo o mesmo? Não, de facto, não vale, como ambos sabemos. Sem dogmatismos. Sem sectarismos. Mas dizendo claramente que Kubrick é um fazedor de filmes muito mais interessante, para mim (e presumo que para ti) que, desculpa, John Boorman ou o Ang Lee (cujo melhor filme, no meu modesto entendimento, é A Tempestade de Gelo e não O Segredo de...). Pelo menos, até ver!
Décima segunda impressão: das listas de realizadores e das listas de filmes. Sim, Spielberg não está. Nem poderia estar, pois eu não o colocaria na minha lista dos dez melhores realizadores. Mas estamos a falar de realizadores, ou seja, de nomes que apontam para uma obra, que são o nome dessa obra. E a obra de Spielberg é demasiado juvenil para o meu gosto, para o melhor e para o pior. Por exemplo, ET é um filme maravilhoso, mas A Guerra dos Mundos é um filme completamente tonto. Não, Spielberg não. No entanto, se a listagem tivesse sido de filmes e não de nomes (obras), posso dizer-te que, pelo menos, AI - Inteligência Artificial seria um dos meus dez filmes (e talvez Munique; mas preciso de o rever para confirmar a impressão). É que há diferenças fundamentais entre um filme e uma obra - um mau realizador pode criar um filme magnífico, mas nunca criará uma obra magnífica. Tal como um Mestre também falha (faz filmes assim-assim ou, até, por vezes, maus filmes), mas essas falhas são aproveitadas no desenvolvimento da própria obra, servem para a engrandecer (exemplo: Coppola fez Os Marginais e, logo depois, Rumblle Fish, um passo mais alto, mais à frente). Em suma, uma lista de filmes é uma lista de filmes é uma lista de filmes. A minha incluiria, por exemplo, filmes como Shoah, de um francês de que nem me lembro bem o nome (8 ou 9 horas sobre Auschwitz). Ou Vem e Vê!, de E. Klimov, um filme que vi há muito anos no Segundo Canal e que nunca mais esqueci. Ou Down by Law do Jarmush... Uma lista é apenas uma lista?
4.4.06
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