1.4.07

Ainda o Olhar

Olhar e ver. Nem sempre juntos, sabemos. Do totalitarismo das imagens que nos submergem, o que retemos para a construção do nosso olhar? Para que nos serve olhar, para lá do sentido utilitário de ver?

O jornal Público reproduziu, na edição de ontem, algumas das imagens que fazem a perturbadora exposição “O Olhar dos Cegos”, organizada pelo fotógrafo Georges Pacheco. Os auto-retratos estão no Silo, Espaço Cultural do Norte Shopping, até 22 de Maio (juntamente com a exposição “A Memória das Lágrimas” – um outro projecto de auto-retratos, do mesmo autor).

Numa entrevista a Sérgio B. Gomes, publicada no blog Arte Photographica, Georges Pacheco diz que partiu para o projecto com a seguinte pergunta: “de que forma o olhar dos cegos toca quem vê as imagens?”. Todo o trabalho pode até ser algo polémico mas, talvez por isso, provoca reflexão. A mim, deixa-me a pensar no modo como nos relacionamos com esse sentido vital e ao mesmo tempo tão banalizado.

Afinal, de que forma o olhar do outro, o cego ou aquele que vê, toca quem o encontra? E, talvez mais importante, de que forma somos capazes de ver o mundo, pelos olhos do outro? Ou, por outras palavras, mais simples e mais bonitas: "Imagina que levas os meus olhos a passear. Serias capaz de me contar o mundo a partir deles?".

2 comentários:

PB disse...

Incrível de facto ...

CCF disse...

Bonito é o que fizeste com as minhas palavras!:) Cresceram mais e mais através das tuas.
~CC~