23.4.07

A franja

Cruzo-me com ela no corredor. Jovem, bem disposta, sorridente. Noto-lhe o cabelo diferente (cortou-o) e vou dizer que lhe fica bem mas a frase é, digamos, tesourada pelo detalhe. Ela solta o riso e desfaz o equívoco: “Não, não foi um deslize da cabeleireira!”. E ri-se mais, riso fresco, a franja ligeiramente mais curta sobre o olho esquerdo do que sobre o direito. “Chama-se franja assimétrica. Está na moda!”. E eu rio e digo-lhe que está muito bem. E penso como faz sentido uma franja assim, a rimar com a vida quase sempre assimétrica, desigual, na moda ou fora dela.

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