Terceiro poema: "Nós somos mais divinos se fodemos", de Amadeu Baptista, in "Signo de Vénus" / Antecedentes Criminais - Antologia Pessoal (1982-2007), Quasi, Vila Nova de Famalicão, 2007, p. 93:
Nós somos mais divinos se fodemos.
Provavelmente mais castos,
mais autênticos.
É pela carne que o amor é verdadeiro
e falso qualquer temor por o fazermos.
Fodo-te e fodes-me.
Uma espécie de música nesta troca
põe-nos a salvo de qualquer liturgia
e beneficia mais a nossa alma.
Não queremos ser salvos.
Apenas respiramos
e sabemos o sal que vem do sexo
e da nossa inocência.
Monto-te e fodo-te. Eis a felicidade -
(Amadeu Baptista. 1953 - ...)
*O amor como foda na poesia portuguesa contemporânea. O Ciclópico Acto é um livro que começou por ser um "poema" de Luiza Neto Jorge para um "livro-objecto de Jorge Martins, Livraria-Galeria 111", publicado em 1972.
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