Pois.
30.4.07
25 de Abril (sempre?)
Pois.
O Derby
- Vriiuuuuuuiiiuuuuu!
- Ão, ão, ão, auuuh...
- Oinc, oinc, oinc!
- Yyyiiiiiiiiiiiii!
- Hinc hinc hinc!
- Zzzzrrrrruuuuummm!
- Catapum catapum catapum!
- Miauuu! Miauuummm!
- Piu piu piu piu piu piu piu....
Etc.
(E, no fim, ficou tudo na mesma).
29.4.07
O derby
- O derby.
- Isso não é aquela corrida de cavalos de Epsom?
- Sim. E nos Estados Unidos é um chapéu de coco.
- Estou a ver...
- Olha lá, tens a baliza toda aberta!
- Eu acho que é melhor acautelarmos aqui a esquerda, pá!
- E a extrema direita?
- Já te disse, é a esquerda!
- Estás a ser mula...!
- Mula era a tua mãe.
- Bem, vamos lá a ver os insultos...
- Isto é um derby, é normal...
- Um chapéu de coco?
- Eh! Eh!
- Parece que o Puro Sangue das Antas tropeçou...
- Isso é bom... Como foi?
- Que te interessa? A cavalo dado não se olha o dente!
- Ah! Ah! Tu tens graça, pá! Onde é que aprendeste isso?
- Foi em Epsom.
- No derby?
- Não. No Derby.
- Estou a ver...
- Isto está cheio de moscas.
- Pois está.
28.4.07
Um Poema*
que nos entenderemos
A preocupação prioritária dos nossos serviços
é o seu bem-estar
É claro que aconselhamos a aceitação incondicional
das condições propostas
De resto, as melhores do mercado,
sem nenhuma reserva ou dúvida
O condomínio será rigorosamente fechado,
como o negócio
A garantia é para toda
a vida
Vigiamos electronicamente, temos a tecnologia,
entradas & saídas
Pode dar-se ao luxo de ser cego surdo e mudo
à vontade
Tratamos de tudo, vale-nos (creia) a sua palavra
de honra
Serão incontáveis os benefícios para todo o agregado
familiar
Dá-nos o grande prazer de nos acompanhar
agora ao gabinete?
Leia por favor até ao fim
o contrato (não enganamos ninguém)
Sim, mesmo as letras mais pequenas, temos as lentes
adequadas, não paga mais nada, ao seu caso
Não receie, não vamos deixar embaraçado o futuro,
não é verdade?
Resolvemos tudo sem demora, estamos cá
para isso
E chaves na mão
É só assinar aqui
*do livro Transportes Púbicos (que nunca será escrito, pelo menos por mim).
26.4.07
José Afonso Ao Vivo Agora Aqui
(Numa nota muito pessoal, deixem-me dizer ainda que, no filme do espectáculo, pude, de repente, dar de caras com o Hipólito, na plateia, a aplaudir, com emoção e entusiasmo, perto do Sérgio Godinho, do Vitorino e de outros... Que surpresa! Era bastante mais velho do que eu... Só vim a conhecê-lo em 86 ou 87, na faculdade, onde fomos colegas do mesmo curso, ainda que ele me levasse um ano de avanço. Depois ele terminou e nunca mais nos vimos. Soube, mais tarde, da sua morte, já não sei por quem. E ontem lá estava, de pé, de cachecol preto e barba a condizer, a aplaudir entusiasticamente...)
Uma PIDE toda modernaça ...
um manual para aprender a denunciar colegas corruptos."
in Newsletter, SIC, Jornal da Noite
Madredeus : Ao longe o mar ... (*)
(*) a única versão que encontrei :-( ... não acho piada nenhuma a estes mixes ...
Lisboa ...
Canta: Carlos do Carmo
Poema de: Ary dos Santos
Música de: Paulo de Carvalho
No Castelo ponho um cotovelo
Em Alfama descanso o olhar
E assim desfaço o novelo
De azul e mar.
À Ribeira encosto a cabeça
Almofada na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo.
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem, tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura.
Cidade a ponto luz, bordada
Toalha à beira-mar, estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida.
No Terreiro eu passo por ti
Mas da Graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha sorri
És mulher da rua.
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar.
Liberdade (ou o 26 de Abril contado pelos rapazes)
Pura utopia.
25.4.07
Palavras, imagens e sons de Abril (sempre)
RTP-Memória: José Afonso ao Vivo no Coliseu (22.30).
Ella Fitzgerald : Cherry Red
Date of Birth: 25 April 1917, Newport News, Virginia, USA more
Date of Death: 15 June 1996 Beverly Hills, Los Angeles, California, USA
24.4.07
Girls & boys
Boys & girls
"Ah sim? E porquê?"
Um poema (ao acaso?)
a chocolate, a vinho tinto de Portalegre,
a mar (é sempre a mesma coisa, tem
de aparecer sempre o mar), pensando
bem gosto da tua boca sempre.
Às vezes a tua boca ri e nada sabe,
ri porque prevê a hora certa da minha alegria.
Também eu mergulho no mar, porém
logo secos ficam meus cabelos quando
me lembro que hoje é outra vez dia de S. Nunca."
Helder Moura Pereira, in "Uma Questão Nervosa", A Tua Cara Não Me É Estranha, Assírio e Alvim, 2003
23.4.07
Notas de roda pé ao Dia Mundial que passou
desequilíbrio e sussurros
Os dois polícias surgem na esquina, três quarteirões adiante. Param de conversar e olham na minha direcção. Percebo que os olhos vasculham os sacos. Nem precisam daqueles óculos de visão nocturna, a rua está bem iluminada. Os sacos são transparentes, tenho o talão da compra, não vou em excesso de velocidade e também não atrapalho o trânsito a arrastar os pés, que diabo! Digo boa noite, como faço às vezes. Respondem-me na mesma moeda. A mercearia do Sr. Santos ainda tem luz. Podia levar um queijo e um pão regional. E braços?
Coisas sérias & de folgar
A franja
Cruzo-me com ela no corredor. Jovem, bem disposta, sorridente. Noto-lhe o cabelo diferente (cortou-o) e vou dizer que lhe fica bem mas a frase é, digamos, tesourada pelo detalhe. Ela solta o riso e desfaz o equívoco: “Não, não foi um deslize da cabeleireira!”. E ri-se mais, riso fresco, a franja ligeiramente mais curta sobre o olho esquerdo do que sobre o direito. “Chama-se franja assimétrica. Está na moda!”. E eu rio e digo-lhe que está muito bem. E penso como faz sentido uma franja assim, a rimar com a vida quase sempre assimétrica, desigual, na moda ou fora dela.
Novidades editoriais
22.4.07
O Ciclópico Acto* (uma brevíssima antologia temática da poesia portuguesa contemporânea)
Eu quero foder foder
achadamente
se esta revolução
não me deixa
foder até morrer
é porque
não é revolução
nenhuma
a revolução
não se faz
nas praças
nem nos palácios
(essa é a revolução
dos fariseus)
a revolução
faz-se na casa de banho
da casa
da escola
do trabalho
a relação entre
as pessoas
deve ser uma troca
hoje é uma relação
de poder
(mesmo no foder)
a ceifeira ceifa
contente
ceifa nos tempos livres
(semana de 24 x 7 já!)
a gestora avalia
a empresa
pela casa de banho
e canta
contente
porque há alegria
no trabalho
o choro da bebé
não impede a mãe
de se vir
a galinha brinca
com a raposa
eu tenho o direito
de estar triste
(Adília Lopes / Maria José Fidalgo. 1960-...)
*O amor como foda na poesia portuguesa contemporânea. O Ciclópico Acto é um livro que começou por ser um "poema" de Luiza Neto Jorge para um "livro-objecto de Jorge Martins, Livraria-Galeria 111", publicado em 1972.
O Ciclópico Acto* (uma brevíssima antologia temática da poesia portuguesa contemporânea)
Nós somos mais divinos se fodemos.
Provavelmente mais castos,
mais autênticos.
É pela carne que o amor é verdadeiro
e falso qualquer temor por o fazermos.
Fodo-te e fodes-me.
Uma espécie de música nesta troca
põe-nos a salvo de qualquer liturgia
e beneficia mais a nossa alma.
Não queremos ser salvos.
Apenas respiramos
e sabemos o sal que vem do sexo
e da nossa inocência.
Monto-te e fodo-te. Eis a felicidade -
(Amadeu Baptista. 1953 - ...)
O Ciclópico Acto* (uma brevíssima antologia temática da poesia portuguesa contemporânea)
Andas grávida de cão
Fodeste depressa não te mordas
Que a tua mãe não te mordeu não sabe
Não mijas para as vizinhas na garrafa das portas
Mas o pior é das crianças
(Bebes do leite que escorre sem alfinete de bebé)
(José Emílio-Nélson. 1948-...)
*O amor como foda na poesia portuguesa cntemporânea. O Ciclópico Acto é um livro de que começou por ser um "poema" de Luiza Neto Jorge para um "livro-objecto de Jorge Martins, Livraria-Galeria 111", publicado em 1972.
O Ciclópico Acto* (uma brevíssima antologia temática da poesia portuguesa contemporânea)
Não me quero com o tempo nem com a moda
Olho como um deus para tudo de alto
Mas zás! do motor corpo o mau ressalto
Me faz a todo o passo errar a coda.
Porque envelheço, adoeço, esqueço
Quanto a vida é gesto e amor é foda;
Diferente me concebo e só do avesso
O formato mulher se me acomoda.
E se a nave vier do fundo espaço
Cedo raptar-me, assassinar-me, cedo:
Logo me leve, subirei sem medo
À cena do mais árduo e do mais escasso.
Um poema deixo, ao retardador:
Meia palavra a bom entendedor.
(Luiza Neto Jorge. 1939-1989.)
*O amor como foda na poesia portuguesa contemporânea. O Ciclópico Acto é um livro que começou por ser um "poema" de Luiza Neto Jorge para um "livro-objecto de Jorge Martins, Lisboa, Livraria-Galeria 111", publicado em 1972.
A máquina
O colar
21.4.07
Memórias futuras e repassadas
Fomos ver uma exposição de fotografia de Rosa Reis: Trabalho - Retratos e Memórias Futuras. São fotografias, a cores e a preto e branco, sobre o trabalho, numa linha temática e estética que faz lembrar, naturalmente, um fotógrafo como Sebastião Salgado. Imagens de trabalhadores da indústria pesada (estaleiros, siderurgia, um mundo agora praticamente desparecido), da construção civil ou naval, mas também do campo da arte e da medicina, modo de sublinhar o valor social e político de todas as actividades produtivas humanas. É pena, só, o reduzido número de trabalhos, pouco mais de duas dezenas.
2.
A visita à exposição vale, também, pelo espaço que a alberga: os refeitórios da Mundet, fábrica na qual a minha mãe foi operária corticeira durante alguns anos e onde foi instalada uma extensão do Ecomuseu Municipal. Circulando por ele, não pude deixar de pensar que é um óptimo espaço para (outras) exposições (de desenho, por exemplo). Ou para o lançamento de livros de poesia ou prosa speedada. Ou, ainda, para a apresentação de leituras mais ou menos extravagantes. Tudo isto organizado, claro, por um colectivo que se poderia chamar, sei lá, deixa cá ver... Poros! Sim, eu sei, a tarde está quente; mas não, não estou a delirar!
20.4.07
19.4.07
As mulheres
Começar
Tópico
“Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e violência da vida para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstracções que servem para tudo.”
18.4.07
17.4.07
A vida e os poemas
"(...)
Um homem tem que viver.
E tu vê lá não te fiques
- um homem tem que viver
com um pé na Primavera.
Tem que viver
cheio de luz. Saber
um dia com uma saudade burra
dizer adeus a tudo isto.
Um homem (um barco) até ao fim da noite
cantará coisas, irá nadando
por dentro da sua alegria.
(...)"
Fernando Assis Pacheco, in "Poeta no Supermercado", A Musa Irregular, Asa, 1996
Jerusalém, 2 canetas e um alentejano
Confesso que não sei qual a opinião do (a familiaridade entende-se, depois de um dia inteiro juntos) Amos Oz sobre este assunto. Eu achei bastante razoável, sobretudo tendo em conta o preço. O João Paulo Martins vai sempre um pouco mais longe e escreve que é “um tinto de bom gabarito”, carimbando nota 5, em 8. Enfim, já lá vai o que sobrava da garrafa de há dois dias: Vinha do Almo, 2003, Alentejo, sobre discreta mas composta omoleta de segredos.
As Cores Unidas de Portugal
(Portugal, um retrato social, de António Barreto. Realização de Joana Pontes. RTP1).
Calmaria
Não, não é um poema*
Há a ponte das 3 entradas e
verso a) nenhuma saída;
verso b) uma saída;
verso c) três saídas;
verso d) inúmeras saídas.
Reflecte bem e escolhe
a resposta errada.
Nunca te justifiques.
*do livro Transportes Púbicos (que nem merece que se diga que...).
"Quem são os bons?"
Contra o Fanatismo
As grandes ideias cabem no bolso de trás das calças de ganga. Confirmo isso mesmo quando compro o Público de hoje, que oferece um pequeno livro com três ensaios do escritor israelita Amos Oz. Leio o primeiro, acompanhando um lento café. Da natureza do fanatismo começa com uma pergunta: “Como curar um fanático?”. Numa escrita simples, notável, Amos Oz leva-nos numa pequena viagem pela intolerância que varre o mundo, o Médio Oriente mas que é também semente dentro de cada ser humano, à espera da chuva ácida adequada, para se tornar planta carnívora. Conclui que “sentido de humor, a capacidade de imaginar o outro, a capacidade de reconhecer a capacidade peninsular que existe em cada um de nós, pode pelo menos constituir uma defesa parcial contra o gene fanático que todos temos dentro de nós.”
História
A mana voltou hoje do Porto. Foi à Casa da Música, a Serralves, ao Parque da Cidade. Diz que gostou muito e viu coisas bonitas. Também aprendeu algo – aprende-se sempre. Ficou a conhecer o significado do monumento que está na Praça da Boavista, aquele que tem um leão a dominar uma águia, no topo de uma longa coluna. Pois: pretende lembrar a vitória do patriotismo português sobre as tropas invasoras de Napoleão, durante a Guerra Peninsular. Mas nem sei porque é que estou aqui a empatá-los com esta história.
16.4.07
Actualidade
Una altra scena del quotidiano... con grande macchina!
Çenas du Có Tidiano ...
in Sic, Primeiro Jornal, 2007.04.16 (sicnewsletter)
Um grande golo de Sócrates (não é esse!)
15.4.07
A aula de Balística Terminal em "The Departed - Entre Inimigos" de Martin Scorsese
(Onde é que já ouvi algo parecido com isto?)
Amigos, amigos... cinema à parte (sobre "The Departed - Entre Inimigos", de Martin Scorsese)
2) Na verdade, desde Casino, o seu último grande filme, a trepidação e o nervosismo geniais de Scorsese diluiram-se em filmes que, mesmo quando marcados a sangue, sofrem de um défice de paixão e risco que trai os propósitos do que, em tempos, foi o mais apaixonado (e apaixonante) realizador do cinema americano contemporâneo. O exemplo mais flagrante desta situação será O Aviador, mas Entre Inimigos ou Gangues de Nova Iorque também se deixam enfraquecer por um excesso de produção que não tem resultados equivalentes em termos de conseguimento cinematográfico. Dois sinais evidentes disto: por um lado, o olhar do realizador parece agora claramente distanciado em relação às narrativas que conta em geral, e em relação aos seus protagonistas em particular (um olhar demasiado frio, quase anti-scorsesiano...); e, por outro, uma impressão de paródia do seu próprio estilo que se tem imposto (facto sublinhado por diversos críticos), um Scorsese a fazer de Scorsese, o que contribui para a intelectualização de uma maneira de fazer filmes em que cérebro e emoções se equilibravam sempre na perfeição.
3) Tudo isto é verificável em Entre Inimigos. Por exemplo, a sequência final do filme retoma e rima com a sequência final de Taxi Driver. Mas o que era demência genial e vertiginosa no filme de 76, revela-se agora dejá-vu, terreno conhecido (e isto nada tem que ver, julgo, com a natureza de filme-remake de Infiltrados, filme que não vi), demasiado conhecido para interessar verdadeiramente o espectador, roçando o gratuito (pormenor revelador: enquanto a câmara filma o massacre final de Taxi Driver em cima dos acontecimentos, fazendo parte deles, agora a câmara olha como que protegida por uma zona de segurança, não se aproximando em demasia, protegendo-se das explosões e dos salpicos de sangue). E este, parece-me, é o tom geral do filme. O que não significa que, em alguns momentos, sintamos como o realizador está vivo, ainda que adormecido. Como um grande predador artístico, uma espécie de urso gigante, em letargia, na sua gruta durante o Inverno. À espera de reaparecer, a qualquer momento.
4) Dois exemplos apenas. Primeiro exemplo: bastante mais conseguida, e perturbadora, que a sequência dos tiros e assassinatos do final do filme, é a cena da queda do capitão da polícia (Martin Sheen) na rua, no momento em que o agente infiltrado no seio dos criminosos (Di Caprio) está em fuga. A suspensão que se segue (o que fazer? continuar a fuga? sair do carro para perceber o que aconteceu? cumprir as ordens? etc.), que dura alguns segundos, é absolutamente Scorsese vintage... mas, precisamente, dura apenas alguns segundos. Segundo exemplo: a sequência, logo no início, da formação cruzada dos dois jovens futuros polícias (gato e rato um do outro ao longo de todo o filme). Veja-se a aula de Balística Terminal, o contraste entre a pose aprumada, concentrada e limpa dos cadetes e aquilo que aprendem através do discurso claro, mas como que automatizado e enfastiado, do formador: o terrível poder de violência, sofrimento e morte que potencialmente poderão provocar, ou sofrer, por meio das armas que passarão a usar. Tudo servido através de uma montagem que articula imagens, palavras e banda sonora que só pode ser considerada como perfeita. É possível, portanto, manter viva a ideia de que o autor de Os Cavaleiros do Asfalto ainda tem muito bom cinema para nos apresentar.
5) É, pelo menos, essa a minha esperança de scorsesiano interessado. Que o homem, conseguido finalmente o Óscar, deixe de fazer "filmes para Hollywood ver" e regresse ao cinema. Cá nos reencontraremos...
Correio
O primeiro leitor, devidamente identificado (Manuel Arroba Sapinho do Charco), opina que “Ausência parece o nome de uma daquelas novelas choramingas da TVI”, mostrando-se satisfeito pelo facto de ter sido colocado “um ponto final nessa treta”. Registamos a crítica construtiva, com agrado, mas não nos podemos comprometer com uma resposta pública (ou privada) a todas as mensagens. É que temos mais que fazer, embora às vezes não pareça. De qualquer forma, fica aí em cima o endereço. Para o caso de quererem vender um carro em segunda mão por bom preço, fazer ameaças físicas, propor a edição do livro de poemas Transportes Púbicos do LP ou comprar uns bonecos do PB.
Ausência (último episódio)
Ela tinha-lhe telefonado, há uns tempos.
Escreveu aos amigos a dizer-lhes que, doravante, deixaria de colocar os intestinos crus e outras miudezas na mesa do café que partilhavam. Puro bom gosto.
Parágrafo
Toca-me o despertador Lembro-me que nevava no meu sonho É raro lembrar-me dos meus sonhos inconscientes Os outros assombram-me os dias e raramente têm neve Há uma pilha de sinais de pontuação no balcão da cozinha com restos de palavras e uma mosca mole Afasto-os com a mão Faço um café Sei que está (quase) tudo dito
14.4.07
The Pogues : The band played waltzing Mathilda
Additional Note: Alec Campbell, the last known survivor of the ANZAC forces at Gallipoli (and the last known survivor of Gallipoli) died on Thursday, May 16, 2002 at the age of 103. Mr. Campbell enlisted at 16, and served at Gallipoli in 1915. He led Hobart's ANZAC Day parade three weeks prior to his death.
O livro é uma festa
Lapsus linguae
Ausência
Ele ia escrever.
13.4.07
6ª, 13
Os jornais mudam, tal como tudo o resto na vida. É normal. O DN voltou a mudar, desta vez sem grande espalhafato. Acertos gráficos, o fim do suplemento diário de economia, uma nova organização das secções. No dia em que chega às bancas, de cara lavada, apresenta como grande novidade uma revistinha de televisão com 100 páginas. Surge na mesma sexta em que desaparece o suplemento 6ª, de que era cliente regular. A 6ª era bem feita, inteligente, abria horizontes, lançava pistas. Bem sei que os assuntos que por ali passavam podem ter (algum) lugar no caderno principal mas não sei se continuarei a comprar, pelo menos com o mesmo gosto, este DN das sextas-feiras.
Actualiz. (23:30): Ainda não vi com atenção o conteúdo - confesso que tinha mesmo comprado por causa da 6ª e só dei pela falta depois - mas parece que a remodelação não foi apenas um arranjo e já há algum espalhafato... Mas desta vez não é marketing. Ou será?
Care For a Drink?
“The rats are running in the subway
the fat cats are choking on the cream
the roaches are creeping in the plumbing
and the dinosaurs are drinking gasoline.” *
JERRY – Oh, yes! I love to post!
TOM – Let’s go to NYC! We could post from there.
JERRY – Yeah! Why not? From the subway!! Hiii!!
ROACH – Não há pachorra.
TOM – What? Who the hell…?!
JERRY – Let it be, Tom… probably’s a freak scubadiver …
TOM – Oh… ok! Where were we?
JERRY – NYC… posting and .. you know.
TOM – Oh, yeah! Sure. Let’s GO!
12.4.07
Post(a) Restante
Realização do videoclip: Tiago Pereira
Música: Coquelhada Marralheira
Tradicional / Freixiosa (Trás-os-Montes)
César Prata: bandolim eléctrico, programações, samples
Julieta Silva: sanfona
Clementina Rosa Afonso: voz
11.4.07
Um Poema*
(com versos de Dante, Machado, Drummond e um cartaz de rua do PSD)
A meio do caminho
da nossa vida fez-se
todo o caminho
a caminhar. E
tinha uma pedra
(era eu, eras tu?)
a meio caminho
de lado nenhum.
*do livro Transportes Púbicos (bláblá...).