5.4.07

O Estranho Mundo de Lynch

“Já passa da meia-noite?”.
("Lembras-te do que aconteceu amanhã?")
Deitas a mão à porta e passas o corpo para o outro lado. Esquece o cinema paraíso. Aplaude os coelhos. Afinal, estamos na Páscoa. (Risos). Alice? Não, Laura. Desculpa lá as nódoas negras. Estás magnífica, pareces um anjo, depois do purgatório do plateau. “Toma!”. Doeu-te, este pontapé nos tomates? No passeio das estrelas: um coro de raparigas não é o mesmo que raparigas do coro. “Ela tem um buraco”. Sangue. “Tens que nos contar essas merdas?”.


“Acende um cigarro e queima a seda.” Espreita. O que vês?
Está aí alguém? Experimenta afastar a cortina de veludo vermelho. E agora? Ela sobe as escadas e desabafa com o funcionário dos óculos tortos.
("Lembras-te do que aconteceu amanhã?")
“Tens um relógio?”. Abre esta porta. E a outra. E a outra. E a outra. E a próxima. “Sim, ela ainda está aqui.”Acreditas que tens um fantasma nos bastidores da tua pele?

(Escrito depois de uma “viagem” de quase três horas. INLAND EMPIRE, realização de David Lynch, com Laura Dern. EUA/FR/POL, 2006. Estreia hoje.)

1 comentário:

Lp disse...

Estamos lynchados? Muita vontade de ver...