14.4.07

Ausência

Ele ia escrever.

“Às vezes, acho que já enlouqueci.”

Depois, armou-se de certezas. Estava pendurado na varanda, a olhar a rua, e pensava como seria fácil, o eclipse. Consta que sentiu uma vertigem e recolheu-se, o cobarde! Acendeu mais um cigarro (sim, tinha recomeçado a fumar) e fumou-o à janela, para evitar encher a sala de tabaco frio. Repara só no detalhe patético! Ffffffffff…

Escreveu.

“Basta-me um sopro na vela do meu peito e sigo o vento”.

Tinha encontrado uma bifurcação nestas palavras que lhe permitiu adormecer nessa noite (evitava os químicos, drogava-se com letras ou coisa do género). Afinal, havia a possibilidade de um pano no lugar do pavio.

Escreveu.

“Pano e Pavio”

mas depois, algum tempo depois, trocou “pano” por “fio”. Malabarista! Que interesse têm estas merdas? Fffffffff…!

Uns dias depois, voltou a escrever.

“Às vezes, acho que já enlouqueci.”

Inquietou-se.

“E se eu for um psicopata?”

Responderam-lhe, das gavetas do congelador.

“Que disparate!”

Rasgou um sorriso misterioso, um pouco ausente

e desapareceu.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sã loucura!

Lp disse...

Todo o interesse. E afasta-te das varandas, desce as escadas e aparece por aí...

Lp disse...

Errata: por aqui.

j disse...

:-) Até breve.