27.2.07

Resistir


Hoje enchemos A Barraca para assitirmos a uma bela representação de Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro. Alguns sairam, desconfiados, da escola. Torcem o nariz quando se fala de teatro ("Que seca!") Mas, no fim, todos concluímos que tinha sido um privilégio assistir ao trabalho sério e profissional dos actores, principalmente da grande Maria do Céu Guerra, capaz de comover o público (juvenil e adulto) com um texto, à partida, nada fácil, que remete, em 1961, para acontecimentos históricos ocorridos nos primeiros anos do século XIX. Sttau Monteiro estabelece um paralelo entre a figura de Gomes Freire de Andrade e Humberto Delgado, homens que se opõem, cada um no seu tempo, ao poder da tirania. E pagam com a vida tal ousadia. O objectivo do autor é claro - enaltecer a capacidade de resistência e de desejo de liberdade do espírito humano: "Há homens que obrigam todos os outros homens a reverem-se por dentro..." (fala de Sousa Falcão, Acto II). Pode parecer que não, mas é um texto de uma actualidade latente, tanto nacional, como internacionalmente. Diz Manuel, o porta-voz do povo: "(...) Quando precisamos deles, dão-nos cinco réis! Quando precisam de nós, pedem-nos a vida! Se há guerra, se temos o inimigo à porta - "Aqui d'el rei" que a terra é de todos e todos temos que defender, mas, batido o inimigo, chegada a época das colheitas, quando se trata de comer os frutos da tal terra que é de todos, então não! Então a terra já é só deles!" Palavras de 1961 para retomar e aprofundar nas aulas de amanhã. E depois de amanhã.

1 comentário:

j disse...

É sempre bom quando a escola vai à "rua"! Lembro-me bem de alguns momentos desses.