7.2.07

Bicicletas na Poesia Portuguesa Contemporânea 6

Tomai lá do Pacheco! Mais palavras? Para quê? Só se forem estas, do poema "Últimos desejos" (in A Musa Irregular, do livro Variações Em Sousa de 1987; utilizo a edição da saudosa Hiena, Lisboa, 1991, p.152):

"(..) quero-te de bicicleta
quero-te outra vez de bicicleta sobre as folhas
quero-te ouvir chegar de bicicleta
quero o som macio que fazia na mata a tua bicicleta"

Poesia do riso e do choro contido, da flor e do escroto, dos amores que salvam e das guerras que mutilam os homens, a do grande Fernando Assis Pacheco. Faria por estes dias (apenas) 70 anos, facto que a Casa Pessoa, aí para os teus lados, ó J., vai assinalar com duas sessões de homenagem e de leitura de poemas (com gente à altura, como Gustavo Rubim, Abel Barros Baptista, Pedro Mexia e outros). Bons pretextos para reler os poemas de FAP, como este, "Monsenhor, Passando de Bicicleta", do livro póstumo Respiração Assistida, organizado por Abel Barros Baptista para a Assírio & Alvim, em 2003:

"(...) ó lameiro do coração
como endureces!

mas vós monsenhor dando ao pedal
como abrandais a minha têmpera
até a transformardes
num veludo de rosas
que vos saúdo tiro o boné aldeão
faço o sinal da cruz mal imitado

a ver se atravessais a praça
sem bater no lancil" (p.26)

Também eu vos saúdo daqui, Meus Senhores, para que passais bem, sem tropeçar nos lancis!


3 comentários:

j disse...

Óptimo pretexto para vires aqui para os meus lados, ó LP!

PB disse...

e a janta a 3? hum? e o tal fds a 3? hum?

Lp disse...

O poeta e os convivas são bons mas a hora é má...