31.7.06
Cantilena da Vida Toda
às duas baptizei
às três pedi namoro
e às quatro me casei
às cinco uma dor ai ai
às seis uma aflição
às sete no doutor
e às nove no caixão
às dez a caminho
às onze enterrado
e às doze lá no céu éu éu"
(versos que F. me ensinou hoje ao meio-dia)
Vagamente, a selva e outras respirações
Saltam e fazem pular: quatro músicos, que se conheceram a tocar nas ruas de Nantes, em França, num espectáculo de energia, numa outra noite do Festival de Músicas do Mundo, em Porto Covo. Levavam uns míseros 25 CD's que se esgotaram enquanto o diabo tirava mais uma imperial.
30.7.06
a ir buscar o azul de
Uma Imagem, Mil Palavras
Gaiolas & Aquários
O seu passatempo 2: construir gaiolas cada vez maiores para canários, periquitos e roseicollis, com recantos e cavidades que as aves aproveitam, ou rejeitam, de acordo com a sua predisposição natural. Ele conta-me, por exemplo, que o casal de roseicollis criou o seu próprio lar, onde nidifica na perfeição. Fiquei a saber ainda sobre esta espécie que a maioria das crias recebe geneticamente do pai a coloração das penas e que um casal acasala para a vida toda. São, por isso, designados por "pássaros do amor". Também Ele ficará com Ela. Para o bem e para o mal. Para sempre.
28.7.06
AXLE MUNSHINE 2
in Público ...
O Vagabundo dos Limbos
Por CARLOS PESSOA
Segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2001
Uma tradição, tão antiga como o mundo, diz que o sono é irmão da morte. Ora, essa é apenas uma forma de dizer que há um momento em que o corpo abandona o estado de vigília e se entrega ao merecido descanso nos braços de Morfeu, franqueando as portas que dão acesso à dimensão onírica da existência. Com efeito, se o corpo se rende a um merecido descanso, o mesmo não tem que acontecer forçosamente com a consciência individual e é aqui que o comportamento de Axle Munshine assume o seu mais pleno e total significado.
No começo de tudo havia o desejo do editor francês Hachette regressar ao mundo da BD, em meados da década de 70. Graças à intervenção do crítico Henri Filippini, o desenhador e argumentista francês Godard encontra-se com o desenhador espanhol Ribera para discutir projectos e ideias. Um encontro num café da praça da Ópera, em Paris, encerra o negócio: ambos farão uma série de ficção científica para ser editada directamente em álbum, como recorda Ribera: "Afastámos as histórias que apenas apresentassem os aspectos exteriores do género, ou seja, histórias em que bastava substituir o foguetão ou o corte de cabelo para poder ser também um 'western', os escafandros por chapéus de coco para termos um policial. Creio que isso impressionou Godard, tanto mais que eu acrescentei - 'não hesites em contar coisas que, em princípio, eu não seja capaz de ilustrar'". Assim será e Axle Munshine tornar-se-há em pouco tempo uma das mais imaginativas, originais e surpreendentes séries da banda desenhada europeia.
Antes de se tornar conhecido no universo como Vagabundo dos Limbos - na feliz expressão encontrada pelos seus criadores para significar essa terra de ninguém onde o herói prossegue a sua demanda errante e solitária -, Munshine conheceu glória e poder como Grande Conciliador da Guilda, uma instância estelar de domínio e regulação implacável dos destinos plurais de todas as civilizações e sistemas solares do universo. Porém, cometeu um único mas decisivo erro: atreveu-se a sonhar, o que lhe estava rigorosamente interdito enquanto cidadão de Xylos. Esse gesto transgressor do décimo terceiro mandamento da Guilda é a sua perdição e nem o estatuto soberano de que beneficia até então o salva.
Com o desapego que parece ser apanágio dos que sabem não haver uma radical diferença entre a vida e a morte, porque é essa transição que simbolicamente todo o ser humano vivencia no ciclo das 24 horas mesmo quando não se dá conta disso, Axle Munshine ilude a vigilância dos perseguidores e evade-se a bordo da hiper-sofisticada nave construída pelo próprio pai. É o começo uma saga que o leva a todos os recantos visíveis e invisíveis do universo, procurando em todas as culturas e civilizações os sinais de uma única e absoluta presença - Chimeer, a bela e inefável mulher dos seus sonhos, uma utopia sempre perseguida e nunca alcançada até agora.
Nesta insensata aventura leva consigo Musky, herdeiro do Príncipe dos Eternautas. Esta criatura que tem a capacidade, como todos os da sua raça, de escolher o seu sexo no momento aprazado, é testemunha silenciosa dessa absurda deambulação que parece condenada ao fracasso - mas nem sempre, sendo proverbiais os acessos de cólera com que brinda Axle Munshine, que não gosta de ser pressionado e reage com uma sublime indiferença em todas as circunstâncias, mesmo as mais perigosas e dramáticas. Por esse sonho, de uma realidade tão absoluta e significativa como não encontra, paradoxalmente, nos momentos em que está acordado, Munshine desafia e resolve enigmas essenciais. Aventura-se em labirintos de onde ninguém regressou, afronta a face de Deus, atreve-se por planetas inabitáveis, arrisca-se pelos meandros do tempo que esculpem a memória até ao esquecimento.
Não é certo, porém, que o herói retire dessas experiências todas as ilações e proveitos. De facto, ele não parece ter consciência, no final de cada aventura, de que nunca está mais perto do seu sonho do que no início. De facto, dir-se-ia que acontece a Munshine algo que é da natureza paradoxal do sonho - como quando se foge desesperadamente de um perigo iminente sem conseguir sair do mesmo sítio -, isto é, as coisas e as pessoas estão ao alcance da sua mão mas não basta um acto de vontade para que elas se modifiquem ou alcancem.
Obviamente, é nesse eterno recomeço que reside o segredo da série, um permanente e estimulante relançamento do herói no caminho da aventura, apostado em empurrar um pouco para mais longe os seus próprios limites. E quando assim é, perdoar-se-ão com facilidade algumas fraquezas evidentes, e em especial um desenho pouco coerente e seguro.
Nome: Vagabundo dos LimbosCriador: Julio Ribera (desenho) e Christian Godard (texto)
Data de nascimento: 1975
Local: Edições Hachette
Época: intemporal
Série: ficção científica
Sinais particulares: Axle Munshine, o ex-Grande Conciliador da Guilda, é um proscrito do espaço, tendo caído em desgraça por violar um dos mais fundamentais interditos cósmicos - sonhar. Desde então, percorre os mundos conhecidos e desconhecidos a bordo do todo-poderoso "Delfim de Prata", uma fortaleza voadora auto-suficiente onde vive na companhia do andrógeno Musky, o palhacinho que apenas aguarda por um sinal para se decidir a ser homem ou mulher.
27.7.06
De Férias Numa Cidade (Des)Conhecida
(Manhã: uma exposição)
AXLE MUNSHINE ...
Não tenho muito voto na matéria pq sabes não sou muito fan desta BD.
Sabes q por vezes estes argumentos teem de ser ajustados ... por vezes são estórias feitas ao longo de décadas e há q fazer alguns ajustes ...
Tens de ler as aventuras do AXLE MUNSHINE ... herói de um passado/futuro, humano ou não ... é muito bom. Posso emprestar-te a dúzia de albuns q tenho (começam nos anos 70 e veem até à e penso q ainda continua a sair...) Quanto aos livros posso perguntar-lhe (tem de certeza pois já mos teve para vender) mas tb te posso passar os contactos dele e dizes que és meu amigo (acho eu LOL ...)
26.7.06
Poeira Mágica Para os Olhos!
1) Para quem, como eu, sofre de paixão assolapada por westerns e (alguma) banda desenhada, o recente lançamento, pela Asa, de Dust, o 28º volume das aventuras do Tenente (agora Mister) Blueberry, é uma mais do que excelente notícia. Com este álbum, que consagra a passagem da personagem de Charlier e de Giraud da extinta Meribérica/Liber para a editora do Porto, fecha-se o “ciclo de Tombstone”, iniciado, na edição portuguesa, com a publicação de Mister Blueberry, em 1996, volume já da total responsabilidade de Giraud (texto e desenho), pois Charlier falecera, entretanto, em 1989. No que diz respeito ao mercado português, seguiram-se depois Sombras Sobre Tombstone (1999), Geronimo, o Apache (2000) e OK Corral (2003), 4 álbuns antes do referido Dust, lançado no passado mês de Maio. Cinco álbuns que honram o passado de Blueberry e não ficam nada atrás da qualidade dos que, a partir dos anos 60, foram sendo criados pela dupla original de autores. Antes pelo contrário. Esta “série de Tombstone” proporciona ao leitor evidente prazer, tanto ao nível do desenvolvimento da intriga, como sobretudo ao nível plástico (traço e cores).
2) Estamos, portanto, de volta ao conhecido e velho Oeste. De certo modo, este é um dos primeiros argumentos a favor da obra: ela conduz-nos ao reconhecimento de uma paisagem e de um tempo que já nos é familiar, convocando conscientemente o imaginário de um tempo adolescente, povoado de cowboys aventureiros, “peles-vermelhas”, planícies poeirentas, saloons a abarrotar de jogadores de póquer e de cantoras dispostas a tudo. Neste sentido, a criação de Charlier e de Giraud há muito que perdeu o seu aspecto inovador (que teve, quando surgiu, nos idos de 60), assumindo claramente um pendor clássico ou classicizante, ainda que sem deixar de lado a dimensão humanista, romântica, rebelde e politicamente incorrecta do seu (anti-)herói. Por isso, muito para além deste, o herói verdadeiro deste ciclo (e, na verdade, do conjunto da obra) é a própria noção de Oeste ou de fronteira, isto é, de espaço sempre tendencialmente de liberdade, (em) aberto, sem limites definidos à partida, onde as personagens acabam por se revelar na sua condição de seres humanos imperfeitos, capazes da amizade, do amor, da confiança, etc., e igualmente, da crueldade, da traição e da mais absurda violência.
3) Voltemos ao herói suposto da história: o ex-oficial do exército, muitos anos depois da sua experiência da Guerra Civil Americana, o agora Mister Blueberry. Marcado pelo passado, é um homem envelhecido, com o cabelo a branquear, sem ilusões, mas com princípios, que passa o primeiro volume desta aventura sentado a jogar póquer e os segundo, terceiro e parte do quarto acamado, ferido, melancólico, sem intervenção de maior na história. Sim, os heróis já não são o que eram... Este estratagema serve, no fundo, para Giraud colocar em primeiro plano outros verdadeiros heróis da mitologia do Oeste americano, principalmente “Doc” Holliday, os irmãos Clanton, Wyatt Earp e o chefe índio Geronimo, personalidades históricas que se cruzam com as personagens de ficção criadas pelo desenhador e argumentista francês, num procedimento narrativo que, não sendo novo, não deixa de ser eficaz e estimulante. Cria-se, assim, um efeito de realismo que chega a configurar-se através de pormenores cultos e deliciosos, como o de colocar o acamado Blueberry a ler Moby Dick, o fabuloso romance de Herman Melville, publicado em 1851 e que foi, talvez o saibam, um monumental fracasso editorial...
5) Mas, para além da paisagem humana, temos a paisagem natural, sobretudo o espaço aberto: esse imenso espaço (real e imaginário) americano. E é talvez neste ponto que a herança e a influência do cinema fordiano se tornam, aqui, mais evidentes e presentes. O traço de Giraud fixa, pois, em cores quentes e duras, com grande e rigoroso pormenor, a majestosa paisagem do Far West (e todos pensamos em Monument Valley...), uma paisagem que molda o carácter das personagens com o seu próprio carácter indomável. Céu azul e cinzento. Terra castanha, vermelha e amarela. A perder de vista. Poeira. Calor. Ravinas & cactos. Espaço que garante a liberdade (perdida) a homens e aos seus belos animais de estimação, os cavalos, sempre desenhados com elegância. São estes espaços amplos, feitos de dureza, rudeza e beleza, que penetram as almas das personagens, tal como acontece em A Desaparecida ou em O Homem Que Matou Liberty Valance. Evidentemente, um dos pontos (mais) fortes, em termos plásticos, de toda a obra de Giraud e deste “ciclo” em particular.
6) Muitos outros tópicos poderiam ser apresentados e desenvolvidos com mais tempo. Por exemplo:
a) o encaixe narrativo, com a sobreposição das três histórias que se cruzam e desembocam em Dust: 1) a história real/lendária do duelo no OK Corral; 2) a história de Blueberry e Geronimo no passado e 3) a história de Blueberry e Geronimo no presente);
b) o conflito entre o olhar realista e cru, representado pelo jovem aprendiz de jornalista de Boston, Billy, e a visão idealista, politicamente correcta e literária (quer dizer, cor-de-rosa, censurada) da violência e da barbárie humanas, por parte do seu “patrono”, o gorducho Campbell. Diz, por exemplo, este último: “Não é possível omitir todas essas alusões ao consumo de bebidas alcoólicas?!...” Responde o primeiro: “Mas... bloody hell!... Trata-se da estrita verdade histórica!...”;
c) o humor sempre presente, que atenua a dimensão mais sombria e negativa dos factos narrados (o referido Billy faz lembrar, por exemplo, a personagem de William Blake, no Dead Man de Jim Jarmusch: alguém que parece estar sempre a mais, mas acaba por se apropriar das cenas...);
d) o permanente processo de “morte” e “ressurreição” do nosso herói crepuscular, que passa toda a série a jogar uma espécie de jogo não declarado do gato e do rato com o cangalheiro da cidade (alguém diz, a propósito, em certo momento, que “Tombstone, como o nome indica, é uma cidade que morre”...);
e) a mulher e o modo como ela é caracterizada, simultaneamente símbolo do desejo e da sensualidade mas também da pureza, da coragem e da capacidade de entrega e sacrifício (o anjo da guarda do Blueberry ferido, Dorée Malone) ou, em sentido inverso, a mulher manipuladora e má representada pela matriarca dos Clanton.
Tópicos que talvez possam vir a ser retomados numa futura ocasião. Quem sabe?
(Uma nota final que é um pedido, PB: será possível, através do teu contacto a norte, encontrar os volumes que faltam na minha colecção blueberryana? São eles: Nariz Partido; A Longa Marcha; A Última Cartada; O Fim da Pista e Os Demónios do Missouri... Vê lá o que podes fazer por este teu amigo cronista!)...
25.7.06
Em Teoria 7
Em Teoria 6
Contas à Vida
24.7.06
Atenção à Tua Esquerda!
Onda de Calor (versão sagrada)
23.7.06
Pontuar
Consumir Preferencialmente Antes De...
22.7.06
A Idade do Gel (40º à Sombra!)
A Sul de Nenhum Norte
Em Teoria 2
Sul
Na Rede
21.7.06
Combustão
Lavagem
Digestivo
Tenho uma pergunta para não te fazer e digo-te isto apenas para que saibas que eu sei o que dirias se te fizesse a pergunta que não te farei.
L.A. 1982 ...
O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.
Hi. I'm not home right now. But if you want to leave a
message, just start talking at the sound of the tone.
Hello? This is your Mother. Are you there? Are you
coming home?
Hello? Is anybody home? Well, you don't know me,
but I know you.
And I've got a message to give to you.
Here come the planes.
So you better get ready. Ready to go. You can come
as you are, but pay as you go. Pay as you go.
And I said: OK. Who is this really? And the voice said:
This is the hand, the hand that takes. This is the
hand, the hand that takes.
This is the hand, the hand that takes.
Here come the planes.
They're American planes. Made in America.
Smoking or non-smoking?
And the voice said: Neither snow nor rain nor gloom
of night shall stay these couriers from the swift
completion of their appointed rounds.
'Cause when love is gone, there's always justice.
And when justive is gone, there's always force.
And when force is gone, there's always Mom. Hi Mom!
So hold me, Mom, in your long arms. So hold me,
Mom, in your long arms.
In your automatic arms. Your electronic arms.
In your arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
Your petrochemical arms. Your military arms.
In your electronic arms...
Nada A Declarar
20.7.06
Exame no Parlamento (dois momentos pedagogicamente inesquecíveis)
Exame de Psicologia
A questão dizia (cito de cor): "Conhecer a personalidade de uma pessoa implica saber o que ela pensa, como sente e o que faz. Defina personalidade." É por estas e por outras que eu não consigo deixar de desconfiar dos "psi": a personalidade de uma pessoa? Quantas personalidades habitam em cada um de nós? Esta gente não aprendeu nada com o Pessoa? "Não sei quantas almas tenho. / Cada momento mudei. / Continuamente me estranho. / Nunca me vi nem achei." Somos quantos? E alguém sabe com exactidão o que pensa? Nunca leram, sequer, Camões: "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades"? Como alguém sente? O que faz? Como é que sabemos isso? Como é que dizemos isso? O ser humano não se caracteriza pelo improviso, a surpresa, a criatividade, o descontrolo? Não é preciso ler Piaget, basta ver com atenção (e muito gozo!) os filmes do Woddy Allen. É por estas e por outras que eu prefiro a literatura e o cinema... Os alunos bem abanaram as cabeças, suspirando. E não era só do calor! Mas reconheço que as folhas do exame acabam por ter alguma utilidade: sempre fazem de leque refrescante na tarde abrasadora. Uff!
Less is More?
Less is More. Com um dos lemas (alegadamente cunhado por Mies van der Rhoe) dos modernistas ao peito, procuramos filtrar a avalancha, perguntando "do que gostaste mais?", "qual é o teu favorito?", no final de cada sala, de cada piso. Na Tate mas também no V&A onde descobrimos como são tremendamente actuais algumas das referências desbravadas há perto de um século!
A temperatura nas ruas (e sobretudo no infernal metropolitano sem ar condicionado apresentável, numa cidade onde quase tudo o resto é bastante apresentável, incluindo, não há como evitar o t[r]ópico, as esguias pernas de loiras e morenas e asiáticas, que se escapam de mínimas saias e calções) parece acompanhar a escalada do delírio bélico no Médio Oriente. Cada dia mais quente que o anterior, com as fotografias de chinelos arrancando fiapos de alcatrão numa cidade inglesa rivalizando com as imagens dos destroços de pessoas e edifícios no Líbano, nas primeiras páginas dos jornais. Que interessa a onda de calor, perante o tsunami de fogo, apetece perguntar, enquanto uma voz nos subterrâneos volta a lembrar, pela segunda vez em poucos minutos, que é bom ter sempre à mão uma garrafa de água e que, se alguém se sentir mal, deve procurar ajuda, evitando seguir viagem.
Pode ser aqui, enquanto pulamos da District Line para a Piccadilly, que mergulhamos no diário de Zena el-Khalid, 30 anos, artista libanesa. Nas páginas do Guardian, ela lamenta: "Everything we've worked towards for the last 10 years - it's gone". E, ao espreitarmos a intimidade desta pessoa de carne e osso, no olho do furacão das notícias, ficamos a saber que ela não deixa Beirute por causa de uma amiga doente a quem, no entanto, tinham anunciado, no primeiro dia de bombardeamentos, que os tumores pareciam estar a regredir. "I can't leave Maya" explica Zena, que tem dado guarida a alguns estrangeiros de passagem, entre o medo e a fronteira. E ela própria, interrogando-se se também tentaria partir, não fosse a amiga doente: "I would have to leave behind all my artwork in my studio. What about all my brushes and paints and glitter and books? (All my books!) What about our photo albums? Our family pictures?".
De que é feita a vida da gente? Less is more?
19.7.06
A Nossa Vida No Campo Um Pouco Antes dos Quarenta
17.7.06
Efeito de Estufa (um poema para Woody Allen)
16.7.06
Relações Luso-Alemãs 2
Relações Luso-Alemãs
14.7.06
Quente & Frio
Falta Aqui Uma Palavra...
"Apenas amendoíns", dizem vocês? Pormenor irrelevante? Também a vida o é, em certo sentido. Como afirma Charlie Brown, citado por João Miguel Tavares logo na abertura do seu texto: "A vida é como um grande chupa-chupa. Hoje existe, mas amanhã já não." O sabor do chupa-chupa é, pois, o pormenor irrelevante que faz toda a diferença.
13.7.06
Maldita Cafeína & Estuporada Nicotina
12.7.06
Informações. E Segurança?
A pedofilia é o Horror. Nenhuma dúvida quanto a isso. Mas como é que se pode dar este passo? Uma nova "caça às bruxas"? O SIS é a nova Inquisição? Vão queimar os livros de Thomas Mann, de Nabokov e do surpreendido e chocado (com toda a razão!) Possidónio Cachapa na praça pública? Os filmes do Visconti e do Kubrick (e do Jarmush: Broken Flowers cita directamente Lolita, lembras-te PB?)? E com o argumento de que "esses autores e títulos terão sido encontrados em sítios da Internet relacionados com a pequisa que estava a ser levada a cabo"! Agora que citei esses livros e autores, passo ser suspeito (tal como o Diário de Notícias e a jornalista Fernanda Câncio que nos informam sobre esse relatório do SIS)? Onde é que iremos parar? A arte faz-se com bons sentimentos? Com moralismo? Com boas intenções? Não é disso que o Inferno está cheio? Kundera aparecerá nessa lista? Foi ele que escreveu: "Desde sempre, profundamente, violentamente, detesto os que querem descobrir numa obra de arte uma atitude (política, filosófica, religiosa, etc.), em vez de procurarem nela uma intenção de conhecer, de compreender, de apreender este ou aquele aspecto da realidade." (Os Testamentos Traídos, p. 85). Palavras sobre A Sagração da Primavera, a obra-prima de Stravinski... Será que lhes levantarão um Processo? Ou Kafka também é para queimar?
Problemas com o Simplex
11.7.06
Morte. Fim?
A melhor série que alguma vez vi sobre a morte. A mais séria pelo menos. 63 episódios. Excelente.
Para mim nota 10.
Chegou ao fim ...
10.7.06
O "Desporto-Príncipe"
9.7.06
A "Guerra Gelada"
Ganhar, Perder & Empatar
Enquanto eu acompanho, na SIC, a musculada final desta noite, os rapazes cá de casa preferem, no Panda, os jogos das estrelas Oliver & Benji, uma animação japonesa em que, por norma, vencem os bons e perdem os que se portam mal. No episódio de hoje, as equipas (que podem ter nomes como Toho, Namkatsu, Clifford Yuma ou Furano) acabaram empatadas no fim dos 90 minutos, porque nenhuma mereceu perder. As noções de justiça e de camaradagem sobrepuseram-se, claramente, à de ganhar a qualquer custo, provocando e humilhando o adversário. Também o Itália X França acabou empatado, ao fim de 90 e de 120 minutos. Com uma diferença em relação aos desenhos animados japoneses: nenhuma das equipas mereceu ganhar. E uma diferença ainda maior: uma agressão incrível de Zidane a Materazzi. Foi aí que se decidiu o jogo. A França não poderia ser campeã do mundo depois de uma cabeçada daquelas por parte do seu melhor jogador de sempre. Não é só na animação que os bons vencem e os maus são vencidos. No lugar do Zidane expulso, Trezeguet fez o que tinha a fazer. E a bola bateu do lado de fora da linha de baliza, precisamente ao contrário do que aconteceu aos 7 minutos da primeira parte...
8.7.06
Cinematoca
- Se apetecer, há gelo? – Diz: de pé! (com os braços esticados sobre a cabeça, apoiados no armário).
- Assim ?
Lampejos na barriga contra o mármore.
A palavra exacta para tescrever, em branco, uma cicatriz.
- Tenho o guia pronto. Falta decidir que praças e avenidas levo de mim.
- Sai a correr ou fica para sempre!
- Assim ?
Uma voz na nuca. Sem legendas.
7.7.06
Vidro & Metal
XIII
L. quando puderes tens de ler estes albuns.
Tenho os 10 primeiros de 17. Vale a pena.
Podes comprar ou se quiseres empresto.
Aliás tens de ler:
Comanche, Bernard Prince, Bruno Brazil, Luc Orient, Largo Winch (a Gradiva recomeçou a publicar) ... ETC!!!
Neste momento tenho quase tudo o que se publicou destas personagens e do Hermann e do William Vance ...
Néon
Abandonou o blogue no passeio, junto aos contentores da reciclagem. Pouco depois, um vulto aproximou-se e remexeu-o com o pé, distraidamente. Olhou em volta, coçou a nuca, levantando ligeiramente o boné. Depois, num gesto rápido, agarrou no blogue e virou a esquina, em passo largo.
Quiz Portugal
Gosto.
Das azeitonas (e da comida quase toda). Do Alentejo. Do mar, apesar de tudo, sempre por perto. Do modo como algumas palavras se juntam para desencadearem poemas. Do vinho. Da segurança nas ruas da cidade.
Não gosto.
Dos taxistas. Da sujidade. Dos atrasos. Da inveja, pequenina. Do improviso chico-esperto. Do queixume. Da subsídio-dependência. Do modo como se conduz.
(continua / continuem)
Nó
Sento-me na cama e dobro-me para descalçar os sapatos. Puxo o atacador, de forma ligeira. Ele parece desfazer o laço mas afinal aperta um nó. Só, isto.
Hey, you! ( a vida também é como nos filmes)
Corria o ano de 86, (onde é que nós andávamos? seguramente que não era em) Brooklyn, NYC, USA. O casal Berkman vive num ambiente tenso, esboçado em metáfora de jogo de ténis, aos pares, com os filhos, logo a abrir. Um dia, depois de uma discussão com a mãe Joan (Laura Linney), o pai, Bernard (Jeff Daniels), pede a Walt, 16 (Jesse Eisenberg) e Frank, 12 (Owen Kline) para virem para casa logo a seguir à escola, porque vão ter uma reunião de família. O filme vai contar-nos a história da separação do casal (ele professor/escritor a viver à sombra de louros antigos, ela a despertar da sombra dele para o sucesso próprio), com uma complexa custódia partilhada dos dois rapazes. Num filme que faz lembrar algum Woody Allen, boas interpretações, numa história de desejos, frustrações, descobertas. A vida, um pouco como ela é. Antes do filme, nas apresentações, um trailer a lembrar que este também já estreou.