Pormenor irrelevante, próprio de assuntos com o valor de "amendoíns": à recensão de João Miguel Tavares, hoje, no suplemento "à 6ª" do Diário de Notícias, falta(m) a(s) ùltima(s) palavra(s). Trata-se de uma crítica à meritória edição, pela Afrontamento, dos dois primeiros volumes, em Portugal, da integral de Peanuts, a criação inconfundível de Schulz, texto que termina assim: "A vida de Peanuts estava tão misturada com a sua (do seu autor) que morreu na noite anterior à publicação da sua última". Última quê? Tira? Prancha? História? É óbvio que houve aqui uma "falha técnica" - alguma coisa falhou na composição/impressão do texto do crítico...
Mas, por outro lado, agrada-me pensar que isto foi uma partida (involuntária?) do Snoopy. Ou imaginar que o texto, num efeito irónico, teve um colapso cardíaco e não chegou ao fim, tendo mesmo assim acabado. Ou, ainda, que o texto ficou em aberto para que o leitor se sinta implicado nele e o continue e conclua à sua maneira, reforçando o desejo de ver e de ler os desenhos e as palavras de Charlie Brown, Patty e companhia...
"Apenas amendoíns", dizem vocês? Pormenor irrelevante? Também a vida o é, em certo sentido. Como afirma Charlie Brown, citado por João Miguel Tavares logo na abertura do seu texto: "A vida é como um grande chupa-chupa. Hoje existe, mas amanhã já não." O sabor do chupa-chupa é, pois, o pormenor irrelevante que faz toda a diferença.
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