10.7.06

O "Desporto-Príncipe"

Virada a página do Mundial, é tempo de voltar a olhar cá para dentro. E devo começar por dizer que, ao contrário do Figo e do Pauleta, ainda não chegou a minha hora de ceder o lugar aos mais novos cá de casa. Mas quero deixar claro que é por eles, não por mim. No meu entendimento, ainda têm muito que aprender e, sozinhos, talvez não consigam os resultados que estão ao seu alcance e que todos esperamos deles. Por isso, seja qual for o seleccionador, eu continuarei disponível para dar o meu melhor à equipa. Para ajudar na transição. Desde logo porque, embora jogadores seleccionáveis, não se entendem quanto às regras básicas do jogo. Por exemplo, a noção de golo é algo abstracta, subjectiva, pois não existem materialmente balizas. Isto é, existem umas linhas imaginárias, mais ou menos indefiníveis, que podem andar para a frente ou para trás, em conformidade com a posição de atacante ou de guarda-redes que cada um vai ocupando à vez. Portanto, como calculam, os jogos não primam pela serenidade, apesar do meu pulso forte enquanto árbitro. Empurram-se, gritam, caem, uma cegarrega! De resto, para haver jogo, ele ganha, não poucas vezes, contornos algo absurdos. É o caso dos momentos em que, ao contrário do futebol dito normal, o desafio só avança se houver duas bolas em campo, uma para cada um. Pelo que o mais velho corre para um lado, e o mais novo para o outro, marcando sucessivos golos simultâneos! Chego a perder-lhes a conta! Mas não é o golo o gozo do jogo? Que marquem, portanto, muitos! O que tem uma vantagem evidente, em comparação com o jogo oficial: jogando um contra o outro, ganham sempre os dois. E com grandes goleadas! Qual futebol defensivo e táctico! Qual "catenaccio"! O futuro está no ataque: imaginar a baliza em cada remate... Gritar golo a cada pontapé na bola... Como no princípio.

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