Como reduzir a dois ou três parágrafos uma overdose de estímulos e propostas e sons e cores e formas? Nota que tirei poucas fotografias, expressão curiosa esta, como se roubássemos pedaços da realidade, tornando-a um pouco mais misteriosa para quem nos segue na interminável fila mas, afinal, fazendo apenas um copy-paste da frenética metralha destes tórridos dias noutra cidade.
Como este homem que foca um detalhe na magnífica Tate Modern, onde se multiplicam referências, telas, objectos, filmes, sons. O que é a arte? O que é a arte moderna? Para que serve? Perguntas mil vezes respondidas sem nunca satisfazer a curiosidade, a inquietação. Serve para interpretar o mundo, seguramente. Para denunciar, às vezes. Para interrogar, interrogar, sem nunca ficar completamente satisfeito com a resposta?
Less is More. Com um dos lemas (alegadamente cunhado por Mies van der Rhoe) dos modernistas ao peito, procuramos filtrar a avalancha, perguntando "do que gostaste mais?", "qual é o teu favorito?", no final de cada sala, de cada piso. Na Tate mas também no V&A onde descobrimos como são tremendamente actuais algumas das referências desbravadas há perto de um século!
A temperatura nas ruas (e sobretudo no infernal metropolitano sem ar condicionado apresentável, numa cidade onde quase tudo o resto é bastante apresentável, incluindo, não há como evitar o t[r]ópico, as esguias pernas de loiras e morenas e asiáticas, que se escapam de mínimas saias e calções) parece acompanhar a escalada do delírio bélico no Médio Oriente. Cada dia mais quente que o anterior, com as fotografias de chinelos arrancando fiapos de alcatrão numa cidade inglesa rivalizando com as imagens dos destroços de pessoas e edifícios no Líbano, nas primeiras páginas dos jornais. Que interessa a onda de calor, perante o tsunami de fogo, apetece perguntar, enquanto uma voz nos subterrâneos volta a lembrar, pela segunda vez em poucos minutos, que é bom ter sempre à mão uma garrafa de água e que, se alguém se sentir mal, deve procurar ajuda, evitando seguir viagem.
Pode ser aqui, enquanto pulamos da District Line para a Piccadilly, que mergulhamos no diário de Zena el-Khalid, 30 anos, artista libanesa. Nas páginas do Guardian, ela lamenta: "Everything we've worked towards for the last 10 years - it's gone". E, ao espreitarmos a intimidade desta pessoa de carne e osso, no olho do furacão das notícias, ficamos a saber que ela não deixa Beirute por causa de uma amiga doente a quem, no entanto, tinham anunciado, no primeiro dia de bombardeamentos, que os tumores pareciam estar a regredir. "I can't leave Maya" explica Zena, que tem dado guarida a alguns estrangeiros de passagem, entre o medo e a fronteira. E ela própria, interrogando-se se também tentaria partir, não fosse a amiga doente: "I would have to leave behind all my artwork in my studio. What about all my brushes and paints and glitter and books? (All my books!) What about our photo albums? Our family pictures?".
De que é feita a vida da gente? Less is more?
Less is More. Com um dos lemas (alegadamente cunhado por Mies van der Rhoe) dos modernistas ao peito, procuramos filtrar a avalancha, perguntando "do que gostaste mais?", "qual é o teu favorito?", no final de cada sala, de cada piso. Na Tate mas também no V&A onde descobrimos como são tremendamente actuais algumas das referências desbravadas há perto de um século!
A temperatura nas ruas (e sobretudo no infernal metropolitano sem ar condicionado apresentável, numa cidade onde quase tudo o resto é bastante apresentável, incluindo, não há como evitar o t[r]ópico, as esguias pernas de loiras e morenas e asiáticas, que se escapam de mínimas saias e calções) parece acompanhar a escalada do delírio bélico no Médio Oriente. Cada dia mais quente que o anterior, com as fotografias de chinelos arrancando fiapos de alcatrão numa cidade inglesa rivalizando com as imagens dos destroços de pessoas e edifícios no Líbano, nas primeiras páginas dos jornais. Que interessa a onda de calor, perante o tsunami de fogo, apetece perguntar, enquanto uma voz nos subterrâneos volta a lembrar, pela segunda vez em poucos minutos, que é bom ter sempre à mão uma garrafa de água e que, se alguém se sentir mal, deve procurar ajuda, evitando seguir viagem.
Pode ser aqui, enquanto pulamos da District Line para a Piccadilly, que mergulhamos no diário de Zena el-Khalid, 30 anos, artista libanesa. Nas páginas do Guardian, ela lamenta: "Everything we've worked towards for the last 10 years - it's gone". E, ao espreitarmos a intimidade desta pessoa de carne e osso, no olho do furacão das notícias, ficamos a saber que ela não deixa Beirute por causa de uma amiga doente a quem, no entanto, tinham anunciado, no primeiro dia de bombardeamentos, que os tumores pareciam estar a regredir. "I can't leave Maya" explica Zena, que tem dado guarida a alguns estrangeiros de passagem, entre o medo e a fronteira. E ela própria, interrogando-se se também tentaria partir, não fosse a amiga doente: "I would have to leave behind all my artwork in my studio. What about all my brushes and paints and glitter and books? (All my books!) What about our photo albums? Our family pictures?".
De que é feita a vida da gente? Less is more?
2 comentários:
O Underground tem vários níveis, uns teem AC mas há outras zonas em q é um nojo ...
O nojo é uma coisa relativa. London calling, definitivamente. E o mundo todo!
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