Um dos filmes do ano. Ainda que não seja um filme perfeito: acompanho a crítica de falta de coragem de Michael Mann para levar mais longe o sentimento trágico da história que conta, salvando da morte a namorada de "Rico " e deixando ferir apenas um dos elementos do grupo de detectives no tiroteio final - como se as balas escolhessem somente os peitos e as cabeças dos "maus" para fazer estragos... Mas é um filme memorável: pela imagem granulada que reforça os grãos de solidão, dureza e desencanto das personagens; pelas noites quentes e húmidas, com as tempestades tropicais em suspenso; pelos relâmpagos ao fundo; pelas falas murmuradas das personagens; pela banda sonora poderosíssima, mas delicada, contida - aspectos que as críticas ao filme sublinharam, e que deixam entrever que o mais importante não é a história narrada (mais uma, afinal, sobre agentes policiais infiltrados nos mundos sujos e milionários do capitalismo global e do tráfico de drogas), mas o trabalho extraordinário de sons e imagens em movimento, que são a carne viva do filme. Não é fita para se ver em casa no DVD, portanto, mas na sala grande, no escuro, num écran maior do que a vida. Tudo começa, ao som de "Numb" dos Linkin Park, com Colin Farrel em diálogo com uma barwoman líndissima ("Rita, from Lisbon, Portugal") no espaço claustrofóbico de uma discoteca e termina numa madrugada cinzenta com os cabelos compridos de Farrel batidos pelo vento forte de Miami Beach a fazerem rima com as folhas longas das palmeiras empurradas por esse mesmo vento, sob um céu triste e nublado. Inesquecível! Se não viram ainda, vão ver! Rápido! "Go! Go! Go!"
2.9.06
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1 comentário:
Já vi, depois de mo recomendares. À partida, não seria o meu género mas mostra que devemos combater (com determinação) os preconceitos, no cinema e na vida. Um grande filme - não tanto pela acção mas, como notas bem, pela intensidade, pela electricidade. E por esse "pecado ambulante" que dá pelo nome de Gong Li.
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