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Anita Ekberg
Date of birth: 29 September 1931
Malmö, Skåne län, Sweden ... a senhora faz hoje 75 anos ... saudades do sr. Marcello Mastroianni
três velhos amigos e uma mesa de café junto à janela
Um vazio caótico. Como um jogo de damas depois de um murro na mesa. Como um dominó sem pintas, um xadrez sem rei nem roque. Uma voz: sem batota, puxa o tabuleiro e arrisca um jogo.
Rir. É o melhor remédio? Nem sempre mas, certamente, muitas vezes. Trata-se de uma comédia clássica de portas e enganos, com algumas piadas manhosas e outras com alguma graça. Não é bem o meu género mas os desempenhos de José Pedro Gomes e António Feio, que também encena, valem uma passagem pelo Villaret. Ontem foi o último ensaio geral com público. Estreia hoje.
Os primeiros raios de Sol não me aqueceram. Ao primeiro olhar, o jornal mais novo parece o mais antigo. Escolheram letras de tamanho grande para os textos – bom para olhos cansados, mau para aprofundar os assuntos. A manchete é uma história sem grande fôlego, ainda assim uma notícia, com o bónus de, visivelmente, ter irritado Isaltino Morais.
Na página 8, junto ao Estatuto Editorial, algumas promessas para os próximos números. Por exemplo, uma grande entrevista com o procurador Souto Moura, que talvez seja interessante. Por exemplo, As Confissões, de José António Saraiva, sobre as circunstâncias da saída do Expresso e episódios da vida daquele jornal. Falta de assunto? Mega-umbigo?
Nas penúltimas páginas, um Blogue de papel, assinado por Marcelo Rebelo de Sousa, um dos contributos com chamada de primeira página. O autor explica: “este Blogue corresponde às notas pessoais de um diário. Inesperado? Talvez. Mas será assim neste regresso aos jornais.” Cansaço.
Expresso 1 – Sol 0
Tanta gente a falar sózinha. Esta mulher jovem, com ar cansado, que puxa de um cigarro. Esta, mais velha, com passo rápido e um saco de jornal. Este homem, parado diante de uma montra com quadros de naturezas mortas. Será que falar sózinho é ainda falar?, pergunto eu ao outro que me completa e divide.
Tanta gente com sacos das compras, cheios de palavras. Pergunto-me, enquanto escolho o peixe: qual é, afinal, o papel dos semanários? Acabo por trazer o salmão e a pescada, que a peixeira arruma numa caixa transparente de plástico, um confortável (e pouco ecológico) desenvolvimento em relação ao tradicional embrulho de jornal.