Agarrou a palavra madeira e esculpiu-lhe o rosto de outra palavra. Lentamente, surgiram os contornos, as curvas, as rugas, as imprecisões de sentido. De seguida, escolheu uma pedra e continuou o labor. Com o ferro quente, moldou mais um verbo, para temperar a acção. As mãos, molhadas, mergulharam depois na palavra barro, inventando homens, mulheres, bichos extraordinários e outros nomes. Sobre a banca, foram-se acumulando farpas, lascas, estilhaços, alguma lama e uma indecifrável poeira, a que se juntariam mais tarde algumas gotas de sangue. Já de madrugada, com os dedos entrapados, imobilizou o pé na roda, pousou o cinzel, o escopro e o martelo, dando por terminada mais uma história.
20.12.06
O serão do escritor
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2 comentários:
É o que dá ter amigos inspiradores! ;-)
a História do Oeste é riquíssima e inspiradoura... a nossa história é tb riquíssima ... é pena não se fazerem séries a sério sobre o João Brandão, Zé do Telhado, D. Afonso Henriques e por aí fora ... é pena ...
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