De que foges? – pergunta a rapariga ao homem, a partir do banco de trás do descapotável branco, americano, com matrícula de Madrid. Ele responde-lhe – Vira-te de costas para os bancos da frente. Ela vê a estrada a sumir-se, comprimida pelas margens com árvores cintadas de branco.
De que fugimos, quando damos por nós a seguir viagem sem destino, ainda que com uma agenda que não preenchemos, cheia de compromissos (nunca tão perigosos como os de um traficante de armas)?
Michelangelo Antonioni disse que Professione: reporter foi o filme estilisticamente mais maduro que realizou (em 1975). Foi um prazer descobri-lo, esta noite, no Nimas em Lisboa. A gramática do filme é magnética e o longo plano-sequência final é, de facto, de antologia. Não interessa muito para o caso, mas prefiro o título inglês: The Passenger.
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