6.8.06
Névoa
Há, nos Diários da Bósnia, de Joaquim Sapinho, um pudor que penso entender, no retrato de um corpo ferido. Os Diários resultam de duas viagens a Sarajevo e outras localidades, a primeira em 96, pouco depois do fim do cerco, e a segunda em 98. Há um ritmo na contemplação, na procura dos sentidos de cada imagem, paisagem, rosto, que nos deixa a pensar sobre os efeitos de uma guerra como aquela que implodiu os balcãs. É um documentário muito pessoal mas também muito oportuno (demorou 10 anos a concluir), no momento em que somos bombardeados de manhã à noite com uma outra guerra, quase em directo, traduzida de forma fria em nomes de mapas, estatísticas de vítimas, esquissos de diplomacia. Há um silêncio feito de caliça, fumo e cinzas, depois do choro e dos gritos dos telejornais, que dificilmente cabe nos telejornais, nos radiojornais e nos jornais de papel.
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