31.8.06
As Luzes & as Trevas
102 minutos
29.8.06
Voo 93 (de Paul Greengrass)
Não é um grande filme. Talvez seja preciso mais tempo para se fazer um grande filme sobre o tema. Ou um grande cineasta (como Oliver Stone? Aguardemos por World Trade Center...). Mas consegue ser suficientemente interessante por uma razoável quantidade de razões. Desde logo, por optar, na primeira parte, por um olhar realista, quase documental, sobre os acontecimentos do 11/09 a partir do ponto de vista das autoridades aeronáuticas, militares e políticas americanas, mostrando a sua incapacidade para responder, de forma estruturada e coordenada, às acções terroristas daquele dia. O império com pés de barro em toda a linha! (aguardemos também os próximos desenvolvimentos sobre os acontecimentos posteriores em Nova Orleães; há notícias, por exemplo, de trabalho de Spike Lee nesse campo...). Depois, há o momento em que revemos as imagens televisivas reais da CNN, tantas vezes vistas mas sempre tremendas, arrepiantes, assustadoras: o fumo na Torre Norte; a aproximação e embate do segundo avião na Torre Sul... Os momentos mais fortes e intensos do filme são esses (com Greengrass a sublinhar o impacto das imagens nas pessoas - controladores aéreos, militares, etc - com momentos de silêncio ensurdecedor), o que sugere que a "ficção", neste caso, dificilmente terá a mesma força que os acontecimentos reais. Finalmente, na segunda parte do filme, o realizador propõe uma versão sobre o modo como se terão passado as coisas naquele dia com o voo 93 da United Airlines, o único dos aviões sequestrados que não atingiu o alvo. É uma versão baseada nos registos das chamadas telefónicas feitas pelos passageiros a bordo, necessariamente breves, emocionadas a um ponto difícil de calcular, lacunares. Talvez esteja aqui uma das razões para um certo aspecto de projecto falhado que o filme tem, já apontado por João Lopes na sua crítica no último "6ª" do Diário de Notícias: "personagens bidimensionais, ilustração "literal" dos factos conhecidos"(p. 26), opção que impede uma aproximação efectiva, profunda, do espectador às personagens (que, de facto, quase não chegam a existir). Teria sido necessário assumir o filme como filme, isto é, como ficção, para que os resultados nesta segunda parte fossem outros, cinematograficamente relevantes. De qualquer modo, ficamos com uma imagem final dos passageiros que faz justiça à sua coragem e capacidade de sacrifício, enfrentando, de corpo aberto, os terroristas. E essas virtudes não deixam de nos colocar questões: seriamos capazes de fazer o mesmo? Como reagiríamos numa situação de crise desta dimensão? Questões que sublinham o heroísmo das pessoas que preferiram agir em vez de ficar, passivamente, à espera que as coisas acontecessem. Só se lamenta que o filme não nos permita conhecê-las verdadeiramente...
28.8.06
Mestres
de Fra Angelico a Bonnard. Colecção Rau
18 de Maio a 17 de Setembro
Fui ver a exposição no domingo à tarde (mau dia para visitar museus ...) mas apesar de tudo vale a pena. Vale pelos trabalhos presentes das escola flamenga, holandesa e alemã. Tem alguns trabalhos espectaculares ... Lamento é que tenha apenas um único trabalho do El Greco ...
Não consigo colocar imagem alguma pq esta treta do blog está marado ... ou é da minha ligação ou isto está completamente atrofiado!!
26.8.06
O Pós-Modernismo Ensinado às Crianças (cá de casa)
Contas à Vida 2
25.8.06
23.8.06
Peixe & Uvas por Armas
A Perca do Nilo é um predador que, introduzido no âmbito de uma "experiência científica" no Lago Victória, na Tanzânia, em meados do século passado, tem destruído todo o equilíbrio ambiental dessa área no coração de África. É o ponto de partida para um documentário que é, como o titulo diz, um verdadeiro pesadelo: fome, pobreza, doença, miséria extrema, morte, tráfico de armas, produção industrial, lucro medido em toneladas, guerras. E pessoas, crianças, mulheres, homens no meio de tudo isto. Como diz um piloto russo: "Não tenho mais palavras." E di-lo depois de contar, a medo, numa atitude de auto-purificação para a câmara, uma história sua: "Uma vez, para Angola, levei uma espécie de máquinas pesadas... Tanques! E depois voei para Joanesburgo, onde carreguei o avião com uvas. Um amigo meu disse-me: as crianças de Angola recebem, no Natal, armas! As crianças da Europa uvas..." Depois, com lágrimas a assomar aos olhos, concluiu a sua história: "Gostava tanto de ajudar todas as crianças do mundo. Mas não sei como... Há tantas mães... Não tenho mais palavras". Eu também não. Passou hoje no Gallery, às 23 h.
(O Pesadelo de Darwin, de Hubert Sauper, 2004)
22.8.06
As Muitas Cores do Mar
A Casa
21.8.06
Pormenor
in As Velas Ardem Até Ao Fim, Sándor Márai, Dom Quixote, 2001
O que faz de uma imagem um ícone? Um momento único, irrepetível, que marca o curso da história, certamente. Uma revelação, um choque, uma prova do real. Também. Um dedo apontado à consciência de quem espreita. Uma brisa especial, capaz de soltar sorrisos em diferentes latitudes.
"Escolhe uma fotografia, uma só, do teu álbum pessoal. És capaz?"
Morreu o fotógrafo Joe Rosenthal
21-08-2006 - 16:59
Morreu o fotógrafo Joe Rosenthal
A imagem de um grupo de soldados americanos a içar a bandeira do seu país no final da batalha pelo controlo da ilha japonesa de Iwo Jima transformou-se num ícone. O seu autor, Joe Rosenthal, morreu ontem, aos 94 anos de idade. Foto: Joe Rosenthal/AP
in Público 21-08-2006
Maigret
As investigações do comissário Maigret
Vocês são mais novos do que eu, não sei se se lembram de ver esta série nos idos anos 70 ... não sei se voltou a dar ou não ... com este actor francês falecido em 2001, Jean Ricahrd, ele fez perto de 90 episódios de "As investigações do comissário Maigret". Comprei tb uns DVDs com os 1ºs seis episódios (1967/1968) ... tudo muito realista, preto e branco, sem músicas ou efeitos ... só a investigação policial ... eu lembro-me de ver esta série às quintas ou sextas à noite com o meu pai por volta de 1976/78 ... lembro-me q começava por volta das 23H ... era um serão bestial a dois a ver esta série ... nem toda a gente gostava pq era um pouco parada ... Sempre Paris em fundo ... rio, enquadramentos "à BD" ... era fan na altura ... e ainda o sou ... Com pena minha nunca li nenhum livro do autor: Georges Simenon. Fiquei sempre com a música na cabeça ... nunca me esqueci ... as tais memórias de "ainda" criança ... nostalgia a preto e branco ...
Smoking / No smoking
Smoking / No smoking/Alain Resnais/1999
Com: Sabine Azéma e Pierre Arditi
Este fim de semana comprei na fnac dois dvds de um filme/dois filmes que eu acho terem sido dos projectos mais originais do cinema europeu nos últimos anos ... Não sei se viram ... se quiserem empresto ... OU :-) não se pode dizer ...
20.8.06
Blog ...
Já tentei colocar aqui uns posts mas todos os dias tenho de pedir nova password ...
Acho q isto mudou para o Google e piorou ...
Enfim ...
Figuras de Retórica
Ordem de Trabalho(s)
Trabalho doméstico ordinário: limpeza e aspiração da casa, lavagem de roupa, reposição de lençóis limpos nas camas, preparação de refeições, mediação de conflitos entre os dois rapazes, saída para compras, etc. Trabalho doméstico extraordinário: colocação de quadros, reproduções & outros objectos nas paredes dos quartos, da sala e do corredor. Patchwork? Work in process.
19.8.06
A Dor
Fugimos dela como o diabo da cruz mas ela faz-nos falta. Que o digam os pais do João Maria, 3 anos, o único caso português conhecido de insensibilidade à dor com anidrose, cuja história nos conta hoje, no DN (*), com sensibilidade, a jornalista Sónia Morais Santos (a versão em papel tem mais informação). Com a dor de uma queimadura, aprendemos a respeitar o fogo; com a dor de uma pancada, descobrimos a fragilidade do corpo; com o rabo dorido de uma palmada, interiorizamos uma regra do mundo dos crescidos.
18.8.06
Livros 1
Arrumações de Verão durante dois dias, que só deram para a garagem, lá em baixo, e para a Sala dos Livros, cá em cima. Noventa por cento do tempo e da energia foram dispendidos a limpar e a dar uma ordem, sempre precária e provisória, à Sala das Palavras. Centenas (milhares?) de capas & lombadas, de páginas & poeiras, bichinhos rastejantes e visíveis & milhares (milhões?) de ácaros invisíveis deixam-me de rastos, vergado sob o peso de tanta Inteligência, Sabedoria, Sensibilidade, Bom Senso e Pó. Não sei se os Livros ajudarão a trazer luz ao mundo, mas verifico que me deixam as mãos completamente negras de sujidade. Terá sido esta a razão para a Marguerite Yourcenar ter escrito A (sua) Obra ao Negro?
Mudanças Bloguianas ...
Eu tb perdi as passwords e outros dados ...
tive de pedir nova password ...
17.8.06
Já faltou mais...
16.8.06
Farpela
Hoje comprei um fato para ir a um casamento. É um facto que não me fica mal mas sinto-me sempre um pouco actor. É uma questão de pele. Não do fato, de facto. É o factor do acto, de fato.
Câmara Escura 3
Um Post de Hoje Hoje
Um Post de Ontem Hoje 4
Um Post de Ontem Hoje 3
Um Post de Ontem Hoje 2
Um Post de Ontem Hoje 1
15.8.06
14.8.06
Representação (2)
A este propósito, é interessante lembrar uma passagem da recente entrevista de Ahmadinejad ao programa 60 Minutes da televisão norte-americana CBS. Questionado pelo jornalista Mike Wallace sobre a questão das armas nucleares e o facto de Bush dizer que vai impedir que Teerão tenha a bomba, o presidente do Irão disse: "O problema é que o presidente Bush pensa que pode resolver tudo com bombas (*). O tempo das bombas já passou. Ficou para trás. Hoje vivemos uma era de pensamentos, diálogo e trocas culturais."
(*) Uma afirmação muito lúcida, by the way.
Representação (1)
Apertam as mãos, sorriem, exibem presentes, comem uma pequena merenda (iogurte?). O jornal Granma, principal periódico cubano, mostra hoje a visita que o venezuelano Hugo Chávez fez ao seu amigo/aliado Fidel Castro, por ocasião dos 80 anos do comandante. O presidente cubano mandara dizer, na véspera, que os cubanos se preparassem para “qualquer notícia adversa”. Estará de regresso ao poder em breve? Ou está mesmo a representar a saúde que já não tem?
13.8.06
12.8.06
O Sax e a Cidade
O homem pegou na ampulheta e virou-a, pousando-a sobre uma cadeira almofadada, ao lado do suporte da pauta. A areia branca começou a escorrer lentamente, durante uma hora. Quando caiu o último grão, o homem disse os nomes dos músicos, agradeceu e sairam todos. Voltaram duas vezes só para mais umas vénias. A música é uma das grandes magias humanas. Esta noite, levou-me por complexas metrópoles, selvas densas repletas de bichos, mecanismos, organismos, até um ou outro planeta, ao fundo do mar, à garganta de um pássaro.
Banda sonora: Anthony Braxton 6Tet, anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, encerramento do Jazz em Agosto
Felizidade
11.8.06
Calendário
02. Perante as notícias de um massacre abortado pelas autoridades britânicas, há quem se atire ao bloco de esboços das teorias da conspiração: "É uma crise que dá muito jeito: volta as assustar as pessoas com o perigo [real, certamente] do extremismo árabe, dando mais uma folga a Israel (no Líbano e Palestina) e aos EUA e GB (no Iraque)." Custa-me a acreditar mas não digo que seja impossivel. O mundo não é a preto e branco. E os mortos em Nova Iorque, Madrid e Londres não foram uma teoria da conspiração.
9.8.06
Camara Escura II
A diferença que faz um bombardeamento
Estas duas imagens de satélite captadas pelo GeoEye mostram a mesma área de Beirute, no Líbano, antes e depois de um bombardeamento israelita. A imagem da esquerda foi tirada a 12 de Julho; a da direita, a 31de Julho. Foto: GeoEye/AP
in Público
Câmara Escura
Direitos de Autor
Copy Shop, Real. Virgil Wildrich, Áustria, 2001 (12')
7.8.06
Conduta
Abro a torneira e nem uma pinga. Praguejo, com a t-shirt ainda suada da caminhada matinal. Telefono para o piquete e uma gravação informa-me que há uma ruptura inesperada, numa conduta, a duas ruas de distância. “Calculamos que o problema esteja resolvido por volta do meio dia e meio”. Damos sempre por adquirido que as torneiras deitam água e outras pequenas coisas no nosso quotidiano. Nem sempre há um piquete para nos dizer o que se passa e quando estará o problema ultrapassado.
6.8.06
Névoa
5.8.06
Despertador
4.8.06
200 metros, nem tanto
Big Cheese
Album: Bleach
Big cheese Make me
Mine says, "Go to the office"
Big cheese Make me
Mine says, what the hell?
Black is black, no trading back
We were enemies
Show you all what a man is [Sure you are, but what am I?]
Big lies make mine
Mine says "Go to office"
Big cheese Make me
Message? What is it?
Black is black, no trading back
We were enemies
She eats glue, how bout you?
3.8.06
Os livros como tijolos
Pintar (com) caretas
A Folga
Estou de folga, hoje e amanhã, antecipando o descanso da sobrecarga de turnos, no fim de semana. Manhã cedo fui à garagem buscar o automóvel, que acaba de ser submetido à obrigatória revisão dos 30 mil quilómetros - mudança de óleo (Energy Premium 10W40, esclarece-me a factura) e outras minudências, incluindo, espero, a verificação de algumas folgas nas correias e noutros tendões e músculos dos cavalos de origem francesa. Depois de regressar a casa, com pão fresco, bebo um imenso copo de sumo de laranja, espreito a Visão, escrevo um post no blogue e olho para “o que sobra de pano”, neste primeiro dia de “desafogo” oficial. A páginas 3919, o dicionário Houaiss lembra que folgado é “livre de tarefas, de deveres; descansado” mas também “bambo, desapertado, frouxo, lasseado, lasso, laxo(...)”. Livre de tarefas, ponho o meu melhor ar bambo e desapertado e ala!
Linguagem Gestual
Também na Visão desta semana, uma entrevista a Eduardo Prado Coelho, 62 anos, intelectual coscuvilheiro, como ele próprio admite. A propósito da doença com que convive nos últimos tempos, uma colangite, EPC diz que “o corpo só se sente verdadeiramente na doença” e lembra uma expressão utilizada por Hervé Guibert, um companheiro do filósofo Foucault: “todos os dias, perco um gesto”. EPC concorda: “Todos nós, a partir de certa altura, perdemos gestos. Perdemos a capacidade de fazer não-sei-quantas-piscinas.”
Outra Visão (ainda Antonioni)
Raízes e Poeira
1.8.06
A gosto
Eis o sexto mês do blogue, meio deserto. Em NYC todos se ensopam e ventoinham para combater a caloraça. Aqui, viramos mais uma página. Líbano, Fidel (ainda estará vivo, no momento em que "emite" um novo comunicado a dizer que não pode inventar boas notícias e que as más só servem o inimigo?), sentimentos mistos perante o castigo para os putos rufias que espancaram um transexual no Porto. Chamam-lhe silly season - estação tonta. Convém não facilitar.