6.5.07

Os Combates

A minha irmã passou por cá, deixando aquele rasto de optimismo que a caracteriza, quando não está pessimista. Pegou num livro que estava em cima da mesa, enquanto bebericávamos chá, em família. Marcou uma página e disse: depois lê, é um dos meus favoritos. Quando ela saiu, voltei a ler. Também gosto muito. Não sei, caro amigo, se terão algum exemplar na biblioteca de Deadwood.

“(…) Dirijo-me apenas às coisas que me excitam
Positivamente e me levam a fazer outras coisas, dirijo-me
Às pessoas de que gosto, nunca às de que não gosto;
Sempre me pareceu insensato que se pare,
Nem que por um momento, de admirar, há
Sempre actos e coisas que nos ajudam
neste cálculo infernal da distância entre o dia de hoje
e a nossa morte. E qualquer pessoa dar um passo que seja
em direcção ao que não aprecia, para insultar, ou derrubar,
parece-me brutal perda de tempo, uma falha grave
no órgão de admirar o mundo
(deves combater uma ou duas vezes na vida,
se combateres duzentas vezes
é porque os combates são fracos). (…)”

Gonçalo M. Tavares, in “energia e ética”, 1, Relógio D’Água, 2004

3 comentários:

CCF disse...

Os pequenos combates também me parecem importantes, muitos deles travados connosco ou no nosso quotidiano, acho que são "sem conta"...E as irmãs optimistas, essas então, sem dúvida, muito importantes. Também tenho dessas...
~CC~

Anónimo disse...

Gosto desta energia dirigida para aquilo de que gostamos.

Mónica (em Campanhã) disse...

é tão transformador viver assim... não conhecia o texto, (obrigada)