25.3.07

quod facis fac sitius

Ele, que não pescava uma de latim, insistiu na mesma tecla, socorrendo-se das páginas azuis do dicionário mas esperando, secretamente, que o amigo não alargasse mais a prosa por esses lados, para não fazer triste figura. Sentia que o latim podia dar uma ajuda, pela sólida base que representava, embora não fosse, de todo, o mais natural nele. Sentia ainda que a amiga estava bem intencionada mas, de facto, toda aquela história começava a incomodá-lo. Não é que não fosse uma possibilidade (a vida está cheia delas, claro) mas começava a transformar-se numa ansiedade. Como passar agora à acção, sem ser de uma forma, digamos, caricata? (A pergunta é, ela própria, também um pouco caricata, naturalmente). Pareciam-lhe sábias, as palavras do amigo: “carpe diem!”. Foi fazer chá. Tinha arrefecido, apesar do mais tardio pôr-do-sol. Enquanto enchia a chaleira, pensava: "nunca nos devemos levar demasiado a sério, nem mesmo em latim!". Especialmente em latim.

2 comentários:

Lp disse...

"Pareciam-lhe sábias, as palavras do amigo".

Anónimo disse...

Também eu própria começo a ficar um pouco ansiosa, mas cheia de esperança!...
Temos que marcar qualquer coisita, e depressa para não darmos conta dos nervos todos!