Cara M.
Imagina a última estrofe da Ode Marítima, do Álvaro de Campos, em crioulo. A noite passada, José Luís Tavares brindou-nos com essa outra música das palavras. Foi um belo momento. A casa estava cheia, não sobrou uma cadeira livre e havia gente pelas escadas, de ouvido nas paredes, como os índios e os cobóis do velho oeste (mas aí era no chão, não era LP?), em busca de um sinal do desfiladeiro.
O anfitrião já havia explicado as regras do jogo das palavras. Cada convidado iria ler quatro ou cinco poemas próprios e mais alguns “impróprios” – sorriso largo na sala. Foram sete vozes, libertando os aromas das palavras, como quem roda o vinho no copo, para melhor lhe descobrir o corpo todo (uma ou outra voz turvando os versos porque há vozes que estrangulam as palavras).
Gostei dos inéditos que Fernando Pinto do Amaral e Pedro Mexia fizeram voar dos papéis. Gostei dos poemas de Maria do Rosário Pedreira e de Pedro Sena-Lino e das vozes deles. Tocaram poucos telemóveis durante o serão, o vinho aqueceu a conversa na noite fria (não cheguei a provar o caldo verde) e foi bom reencontrar um amigo.
Toma lá um abraço Intercidades do
J
1 comentário:
pela primeira vez tenho direito a quase estar nessa casa tão longe da minha: mil obrigadas J, o abraço chegou intacto no meio das mercadorias (eu é que estive fora e só hoje o recebi)
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