Às vezes, penso que estou a enlouquecer – loucura mansa mas, ainda assim, loucura. É quando vou na rua, mergulhado nos meus pensamentos (mais ou menos sombrios, mais ou menos extravagantes) e dou por mim à beira de verbalizar as minhas reflexões e os meus diálogos interiores. Isso! Quase, quase, quase a falar sozinho, em voz alta. Normalmente, disfarço. Observo um cão a cagar no passeio ou uma pessoa a tentar enfiar um carrinho de bebé entre dois automóveis, na passadeira – e passa. Hoje aconteceu. Disse, a pensar numa mulher que eu cá sei: “apetecia-me rebolar na relva contigo, escutar o teu riso fresco e esquecer isto tudo!”. Até fiquei zonzo e podia jurar que a velhinha, que se cruzava comigo naquele instante, apressou o passo. O meu olho direito ainda a apanhou a espreitar-me, de esguelha, já o esquerdo controlava o trânsito, no cruzamento seguinte. Não me parece que seja caso de polícia.
29.3.07
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2 comentários:
Muito bonito este texto. Em princípio não é caso de prisão, mas agora que os aracnídeos colocaram lá o cartaz, creio que estará em maior perigo. Em todo o caso, um cartaz é coisa que se estraga e descola e desaparece, já quanto aos "mandantes", não tenho tanta certeza.
~CC~
Apetecia rasgá-los, claro, mas não é fácil. Adiante. Obrigado pela visita.
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