6.3.07

Chapéus há muitos?

Alguém tinha avisado: é preciso passar palavra, o auditório está quase às moscas! Nas vésperas do concerto, tinham-se vendido menos de cem bilhetes. A mesma voz do alerta insistia: eh pá, os gajos que esgotaram a sala para o Keith Jarrett (eu ajudei…), que arrumem os discos do homem na prateleira e venham ouver o que se está a fazer hoje, de mais original, na área do jazz. Bem, o Jarrett será sempre um excelente companheiro, digo eu, mas o mundo não pára, já se sabe.
O Washington Post escreveu que The Bandwagon é um grupo composto pelos “três melhores músicos de jazz da geração sub-35” e este é apenas um dos muitos elogios que lhes têm sido feitos. Pelos vistos, acabaram por vender-se mais alguns bilhetes mas a sala estava apenas composta. No palco foi assim: energia, ritmo (swing, funk, essas coisas, you know!), sensibilidade, criatividade, técnica impecável, experimentação, surpresa. Um destaque, por exemplo: o piano de Jason Moran a traduzir, com notas, as palavras gravadas de uma mulher (uma amiga artista que vive em Berlim, explicou a dado compasso…) revelando a música de uma conversa telefónica e de outros blá-blás, com a cumplicidade de Tarus Mateen (baixo flamejante, na cor e não só) e Nasheet Waits (bateria bem carregada). Yeah! E mais! Depois do bis, os músicos aplaudiram o público, desceram do palco, atravessaram a plateia e misturaram-se com os espectadores, distribuindo conversa, autógrafos e sorrisos para as máquinas fotográficas dos mais entusiastas. Até pode ser estilo, como os chapéus, mas também lhes fica muito bem.

(Jason Moran and the Bandwagon, CCB, Lisboa, 6 de Março de 2007)

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