CANTO VIGÉSIMO TERCEIRO
Esta manhã meu irmão procurava
qualquer coisa nas gavetas: remexeu
no armário, nos bolsos dos casacos,
dos capotes e de cabeça e mãos
na cómoda tirou tudo para fora.
Virou do avesso até a cozinha.
Passava de um quarto para outro
sem me ligar.
Quando começou a revistar a minha cama
perguntei-lhe: que procuras?
Não sei. Primeiro procurava um prego,
a seguir um botão, depois queria fazer café
e agora preciso que me digas alguma coisa,
nem que seja uma tolice.
Esta manhã meu irmão procurava
qualquer coisa nas gavetas: remexeu
no armário, nos bolsos dos casacos,
dos capotes e de cabeça e mãos
na cómoda tirou tudo para fora.
Virou do avesso até a cozinha.
Passava de um quarto para outro
sem me ligar.
Quando começou a revistar a minha cama
perguntei-lhe: que procuras?
Não sei. Primeiro procurava um prego,
a seguir um botão, depois queria fazer café
e agora preciso que me digas alguma coisa,
nem que seja uma tolice.
Tonino Guerra, in O Mel, tradução de Mário Rui de Oliveira,
Assírio e Alvim, 2003
Assírio e Alvim, 2003
3 comentários:
E tu que fizeste? Deixaste que a sua busca fosse bem sucedida? ;)
E nos outros cantos todos, ele também anda à procura de alguma coisa?
~CC~
A ver se vos arranjo o contacto do poeta... ;-)
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