4.5.07

O Nome Certo

Será uma questão de probabilidades: nunca imaginei que o raio do restaurante – comida boa, preço justo – ia ter assunto com poucos dias de intervalo. Numa mesa, o responsável por uma conhecida empresa de sondagens. Na mesa do lado, um secretário de Estado, acompanhado por três jovens – dois homens e uma mulher, fardados com competência. Depois de saldar a conta, o homem das sondagens, com a gravata enfiada no bolso do lenço do casaco, abeira-se do governante. Primeiro, surgem algumas informações sobre a oscilação das intenções de voto, de uma forma geral. Depois, a conversa desliza para o buraco de Lisboa. Este e aquele e aqueloutro. “Neste momento, o apelido só o puxa para baixo” afiança o homem dos inquéritos, acrescentando que “o João sabe disso!”. Despede-se mas volta para picar o membro do governo: “Faça lá um exercício intelectual para descobrir o terceiro nome!” atira, da porta, fazendo o interlocutor saltar da cadeira e segui-lo para a rua. Faites vos jeux!

Sinto-me muito tentado a concordar com José Miguel Júdice, que hoje escreve, no jornal Público, um artigo intitulado “Um António para salvar Lisboa”. Talvez António Mega Ferreira (actualmente no CCB) ou António Gomes de Pinho (Fundação Serralves) fossem boas soluções. Desde que, como defende o articulista, “tivessem total liberdade para formar a sua equipa.” Hoje não pedi água com gás. As utopias ajudam a fazer a digestão.

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