8.10.06

As Mãos do Pai (uma imagem e mil palavras)

para LP

“ – Você está a ver, meu filho, tanta beleza! Quero nascer mais vezes.” Gostava de escrever assim. Uma fotografia, por exemplo. Uma crónica num jornal. José Eduardo Agualusa sabe que é no detalhe que está a grande expressão da humanidade. Hoje escreve na Pública novas Fronteiras Perdidas, no olhar de uma fotografia intensa de Yannis Kontos, que podemos ver no CCB, até ao próximo dia 22.


“Ao meu pai roubaram-lhe as mãos. Nunca me disse como. Disse-me: um dia fui dormir, filho, havia a guerra. Quando acordei alguém me tinha levado as mãos”. O cronista-escritor junta palavras na palma do texto e leva-nos em viagem pelo imaginário de uma imagem, pela mão de um filho. “Ando pelas ruas e toda a gente tem as mãos do meu pai. Um dia, não duvido, vou encontrar alguém com umas belas mãos, de dedos longos, a palma honesta, meio amarelada, muito cheia de futuro, mas sem a linha da vida.”

1 comentário:

Unknown disse...

Podem me dizer afinal qual e o sentido dessa cronica ? O porque ? A perspectiva ?