30.10.06
As pequenas luzes
Pequenos Prazeres
Outono. O belo chuvisco das folhas lembra-nos que a seiva há-de trazer rebentos e outros deslumbramentos. Sento-me aqui, por instantes, na companhia das árvores e da flauta do vento, decifrando ensinamentos antigos.
29.10.06
O "Blogue"
Há um certo "desentusiasmo" ...
Eu pelo menos não ando nada entusiasmado com isto ...
24.10.06
Do You Remember?
22.10.06
Antes a Morte
21.10.06
14.10.06
13.10.06
11.10.06
Monóculo / Monólogo
10.10.06
Lentes, Modos de Usar
O Mundo Em Expansão
As Pessoas Conhecidas Que Encontramos Num Hospital
8.10.06
Comunidade de Leitores 3
"Da rua, Senhora."
"Às onze da noite, na rua?"
"A calçada não se derrete com o escuro."
"Ordinária. Cabra filha de cabra."
"E de cabrão, senhora."
Nuno Bragança, A noite e o riso (1969).
XIII: Teses Para Uma Teoria da Conspiração
Tears Transforming
As Mãos do Pai (uma imagem e mil palavras)
“ – Você está a ver, meu filho, tanta beleza! Quero nascer mais vezes.” Gostava de escrever assim. Uma fotografia, por exemplo. Uma crónica num jornal. José Eduardo Agualusa sabe que é no detalhe que está a grande expressão da humanidade. Hoje escreve na Pública novas Fronteiras Perdidas, no olhar de uma fotografia intensa de Yannis Kontos, que podemos ver no CCB, até ao próximo dia 22.
Escrita a Dias
C. diz que tem uma colega (uma amiga?) que gosta de ler alguns textos deste blogue. A informação surge (e perde-se?) entre o cação, a carne com brócolos e dois tragos de Duas Quintas – que magnífico repasto! – , misturada com notas cinéfilas e o aperitivo de uma polémica sobre os atentados que não nos largam a retina (olha, mais um golo!). Porque gostamos do que lemos? Porque escrevemos, em letra miúda – corpo 12, no dealbar da puberdade –, o que escrevemos?... notas pessoais, impressões de viagens, estados de alma e letras de canções... Acaso notará a leitora algumas vírgulas fora do lugar e uma certa pose no centro desta e daquela frase? Conspiramos um novo lugar secreto, ao abrigo de olhares indiscretos mas, na verdade, sabemos que gostamos de ser lidos e observados no desenho que esboçamos dos dias andados. Porque queremos partilhar algo, talvez nem sempre muito nítido. Uma mnemónica acrobática, talvez.
Almoço Volante
Na mesa do lado está um homem, quarentas e muitos, a almoçar com os pais. Discutem a ementa, a mãe escolhe espada grelhado, pai e filho optam por dividir um cozido. No meio da sala, uma família paga a conta e encaminha-se para um automóvel estacionado em segunda fila, mesmo frente à porta do restaurante. O homem da mesa do lado levanta-se e sai. Um minuto depois, um novo automóvel estaciona em frente da porta, em segunda fila. O condutor entra no restaurante e senta-se na mesa do lado, servindo-se de mais enchidos e batata.
7.10.06
Sónia
O que é o transe? Uma angústia, uma intermitência, uma suspensão, um pesadelo com as pálpebras puxadas para cima por dedos rapaces. O gelo.
Que língua é esta? Como te chamas? O Mal não tem tradução? Diz. Água? Dinheiro. Escapa, corre!
Vários homens e um cão a arfar. Um castigo. Para aprenderes a não fugir porque não és dona do teu corpo nem do teu destino. Um contentor. Ainda te lembras do teu nome? Sim. Talvez consigas escapar mas se calhar vais ter, para sempre, uma bola de espelhos a rodopiar dentro da tua cabeça.
“Tanto eu como a Ana Moreira sabiámos que estávamos a falar de uma coisa maior do que nós próprias”
Teresa Villaverde, realizadora de “Transe”, Expresso, 30 de Setembro 2006
6.10.06
Os gatos estão tristes ... e não só ... *
Hoje morreu o Gris.
O gato mais velho da R. e do P.
Era um gatão.
Foi de certeza para o Céu dos gatos.
Fiquei triste com a notícia ... recebia-a há poucos minutos ...
Morreu de manhã de paragem cardíaca ...
Tinha 13 anos ... nasceu a 25 de Abril de 1993 ...
* Este post foi actualizado hoje, dia 14 de Outubro de 2006 a pedido de R.R. que me pediu que colocasse antes uma foto do Gris.
5.10.06
3.10.06
Nova Terminologia Amorosa
- Tenho tido bué de problemas com ele... bué de chatices...
- Quanto melhor tratamos um damo, mais ele nos despreza!
(Novas palavras, leis ancestrais.)
2.10.06
Metamorfose (versão com penas)
1.10.06
Nova Terminologia Linguística
A Barriga de um Arquitecto
Os Manequins
Digestivo
Gosto deste restaurante do bairro, muito familiar. Ontem almoçei dourada com legumes. Hoje fui no cozido, apostando tudo nas couves, evitando repetir enchidos, resistindo à tentação de esvaziar o meio jarro do bom tinto da casa. É um daqueles sítios onde me sinto bem, quase em casa. Quando chego, os empregados saúdam-me, estendem a mão. “Como vai? Está sózinho?”. Que sim, pode ser na mesa junto à janela, inexplicavelmente tapada por um reposteiro. Espaço reservado, acolhedor. Telemóvel em silêncio, as gordas do jornal e logo a seguir a travessa, bem aviada. Olho em volta e descubro rostos conhecidos: famílias e amigos no ritual de almoçar fora, ao domingo. Saboreio. Quarenta minutos depois, paga a conta, recolho os pertences e dirigo-me para a porta. Um dos empregados despede-se e pergunta, com ar preocupado: “A esposa, está bem?”. Ainda com a boca-café respondo, surpreendendo-me, quase sem hesitar: “Está bem, tem andado por fora”. Familiar não quer dizer íntimo, não é?